Os Outros escrita por Sochim


Capítulo 28
Irmã mais velha (editar)


Notas iniciais do capítulo

Por favor! Façam uma autora em crise feliz e comentem o capítulo! Se não tiver comentário.. Hum... Nem quero ver o que vai acontecer à história...
 
E, por favor, evitem o "continuaaa...", meu humor não tá pra isso... ¬¬



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Temari acordou com um movimento brusco, arfando e suando. Seu olhar percorreu o quarto escuro, enquanto seu coração tentava se recuperar. Na medida em que seu coração tentava se acalmar, sua mente repassava o sonho que se repetia nas últimas três semanas.

 

Sentia-se atormentada. Estava cansada daqueles sonhos, daquelas sensações. Cansada de acordar no meio da noite, com o peito doendo e o coração acelerado. Era um tormento para o qual ela não se sentia com forças para suportar.

 

Levantou-se da cama e calçou os chinelos. Precisava sair daquele quarto. Precisava fazer alguma coisa para se livrar daquele sentimento de perda. Aquele sentimento de saudade, daquilo que ela ainda tinha.

 

Desceu as escadas da casa, sem se preocupar se acordaria alguém. O suor nas mãos e no pescoço eram o que menos a incomodava, quando era acordada por aqueles sonhos… Aqueles pesadelos.

 

Ouviu um barulho na cozinha. Tinha alguém lá. Pensou um voltar, pois não queria conversas, nem ter que explicar porque estava de pé. Mas não fez isso. Ao invés, foi até a cozinha e seu coração pareceu parar em seu peito.

Era Gaara quem estava lá. Entrando pela porta dos fundos, como um ladrão em plena madrugada. O garoto xingava baixinho e apertava os olhos, em sinal de dor. Temari parou, com a mão sobre uma das cadeiras em torno da mesa e esperou que ele a percebesse ali.

 

O garoto recuperou-se da dor e, no instante em que levantou a cabeça, viu a irmã o observando em silêncio, com uma expressão pouco receptiva. Murmurou alguma coisa e se ajeitou.

 

— O que foi? – Perguntou, como se não estivesse fazendo nada.

 

— Eu que pergunto. De onde está vindo?

 

— Estava lá fora, tomando um ar.

 

— Ah, é? – Temari levantou uma sobrancelha, sem acreditar. Mesmo no escuro, Gaara podia ver sua expressão ameaçadora. Mas não disse nada, o que fez o sangue de Temari agitar-se. – Gaara, o que foi fazer lá fora?

 

— Eu só estava tomando ar, já disse! – Gaara a encarou. Temari sabia que, se ele fosse capaz de sustentar seu olhar, ele provavelmente estaria dizendo a verdade. Mas o caráter do garoto era diferente dentro de casa. Simplesmente não conseguia mentir para a família. Até Kankuro conseguiria arrancar dele a pior verdade que Gaara tentasse guardar para si. – Qual é o problema? – Ele perguntou, desviando os olhos para o chão, para um ponto no chão, próximo à porta, parecendo procurar por algo.

 

— Não podia tomar um ar no seu quarto? Era só abrir a janela.

 

— Não, não podia! – Gaara levantou um pouco a voz, cansado demais para argumentar, mas aparentemente disposto a brigar.

 

— Gaara… - Temari chamou, em um tom que misturava súplica e cansaço.

 

O garoto ruivo suspirou. Estava com o pé latejando por causa do tropeço que acabara de levar na entrada da cozinha e seu humor naquela noite não estava dos melhores. Ele tinha certeza que não conseguiria manter a irmã longe da verdade, mas de fato não estava com saco para explicar o que estava fazendo na praça da cidade, àquela hora.

 

Mas sabia que não tinha opção.

 

— Eu não estava lá fora, ok? – Encarou a irmã, do outro lado da cozinha. – Eu estava com os caras dos Impopulares, lá na praça.

 

— Fazendo o quê?

 

Gaara soltou um som parecido com uma risada contida e balançou a cabeça. Ao invés de responder, foi até a geladeira e pegou uma garrafa de água. Somente depois de beber o primeiro gole, voltou a falar.

 

— Nada ilegal.

 

— Ah, é? E nada que não pudesse fazer de tarde?

 

Temari não se mexeu quando o irmão se virou para ela, num movimento rápido e um tanto agressivo. Ele não gostava de questionários.

 

— Não, eu não posso fazer de tarde, porque eu estou preso àquele trabalho social. Quando eu terminar, talvez eu possa voltar à minha vida e não precise mais sair de madrugada, escondido, só para passar um tempo com os meus amigos!

 

— Não acha que é um pouco tarde para pensar nisso? – A voz de Temari começou a acompanhar o tom dele. O sonho voltando à sua mente com a rapidez de uma bala.

 

Podia ver a imagem de Gaara perdendo o sorriso e o brilho dos olhos. Podia vê-lo fechando os pulsos pela última vez, mas sem forças. Podia vê-lo caindo sobre seus pés, lentamente, mas sem que ela conseguisse alcançá-lo a tempo de ampará-lo, para que não caísse no chão daquele jeito… Daquele jeito que fazia seu coração doer e sua garganta fechar.

 

Por isso ela não podia parar de cobrá-lo uma explicação. Não podia deixar que aquele sonho se tornasse real. Ela não suportaria ver seu irmão abandonado. Não suportaria vê-lo em problemas, colocando-se em situações sem escapatória.

 

Ele, no entanto, não respondeu. Sempre que pensava na sua situação, achava-se um idiota. Se pudesse fazer algo a respeito disso, havia tanta coisa que modificaria. Tanta coisa que deixaria de fazer e outras que faria diferente. Mas não era assim. Não estava em suas mãos fazer as coisas mudarem. Não estava em suas mãos fazer com que o passado parecesse menos pesado.

 

Temari não conseguiria entendê-lo. Ela não estava na mesma situação que ele. Não estava passando por aquele tormento. Não tinha um cara como Sasuke no seu pé. Não tinha que olhar para Naruto todos os dias e fingir não aceitar os socos que eles queria lhe dar. Gaara sentia-se derrotado, dentro de um mundo que ele criara para si.

 

A presença de Kankuro, de volta àquela casa, era a que mais o incomodava. O que o irmão queria afinal? Não bastavam os anos em que esteve longe? Agora, tinha que voltar para fazê-los acreditar que alguma coisa podia voltar a ser como antes?

 

Não. Kankuro não tinha esse poder. Nem Temari. Nem Gaara. Eles não poderiam recuperar o tempo perdido. Não tinham mais nada que os unissem, nada que pudessem usar como uma corda de salvação, para aquele penhasco em que a família Sabaku estava sendo jogada. E Karura… Ela era a mais fraca deles. Subitamente frágil, repentinamente arisca e escorregadia. Seus filhos não conseguiam alcançá-la. E Gaara estava desistindo de tentar.

 

Exausto.

 

Exausta.

 

Era assim que Temari se sentia. O irmão parado na sua frente, com o rosto coberto pelas sombras da noite, o pensamento longe, em algum lugar ao qual ela não tinha acesso. Ele fazia de propósito. Ele sempre soube se esconder de todos e nunca aprendeu a avaliar o momento certo de agir. Gaara era um garoto que precisava tanto de atenção, que a rejeitava. Um garoto que, com a dava com delicadeza e tirava sem pena. Era impossível invadi-lo, violar seu código de conduta.

 

Os únicos que chegavam perto de desvendá-lo, ou tinham perdido o interesse, como Naruto, ou tinham pedido o direito, como Kankuro. Temari sabia que nunca teria a mesma chance que eles. Sabia que jamais conseguiria chegar tão perto dele, quando aqueles dois conseguiram um dia. Talvez até Sasuke fosse mais próximo de Gaara, do que ela. Sasuke ao menos sabia como alcançá-lo. Como fazê-lo reagir ao mundo de alguma forma.

 

Temari sentia-se inútil diante daquele novo Gaara, que fracassava e não conseguia voltar para a casa, por orgulho ou por incapacidade. Quem era, então, aquele que acabara de entrar pela porta?

 

— Eu vou dormir. – Ela disse por fim, dando as costas para ele, antes de vê-lo levantar os olhos em sua direção.

 

Se tivesse esperado alguns segundos, mínimas frações de segundo, talvez tivesse visto, no fundo daqueles olhos verdes, a força inconstante de um pedido de ajuda. Mas Temari subiu para o quarto. Carregando dúvidas para as quais acabara de ignorar a resposta.

 

 

 

Na manhã seguinte, Temari teve dificuldade para levantar. Isso porque seus olhos estavam pesados e seu corpo reagia à noite mal dormida. Quando conseguiu curvar-se para se sentar, olhou mais uma vez para o quarto. Na parede, atrás da porta, ainda estavam as fotos de família. Nelas, três garotos ainda sorriam na presença um do outro. Dois adultos ainda se olhavam com trejeitos apaixonados. Cinco pessoas ainda conseguiam se chamar de família.

 

A garota permaneceu fitando-as. Ignorou as três leves batidas na porta, que sua mãe sempre dava nas primeiras horas da manhã, e que eram suficientes para acordar os filhos para a escola. Daquela vez, Temari preferia ficar em casa, trancada no quarto como uma menina assustada, esperando que alguma coisa boa a libertasse de um pesadelo.

 

Mas não era possível ficar para sempre ali. Não era possível ignorar mais. Logo, Kankuro assumiria seu novo papel de irmão mais velho e responsável e viria até seu quarto, chamá-la. E, então, como explicar as lágrimas que começavam a cair por seu rosto? Como explicar a angústia que a perseguia sempre que pensava em Gaara, sempre que sonhava com ele?

 

Como explicar a raiva que crescia dentro dela, que era direcionada a Kankuro, a Sasuke, a Naruto? Como fazê-lo entender que, antes dele voltar, Gaara ainda parecia ser apenas um garoto confuso, enquanto agora… Agora ele parecia um garoto perdido?

 

Kankuro não era o irmão mais velho que era teria escolhido. Gaara não era o irmão mais novo que ela teria escolhido. Eles não eram nada do que ela gostaria que fossem. Não eram simplesmente maus irmãos. Nem bons irmãos complicados. Eram as únicas coisas que ela tinha. As pessoas que ela reconhecia nas fotos, mas não sabia mais quem eram. Estavam mudados. Estavam destroçados. E ela não estava diferente.

 

Invadindo seus pensamentos, Kankuro apareceu na porta do quarto, com seu sorriso calmo e sua expressão atenciosa. Temari não soube como reagir à presença dele. Os pensamentos revoltosos dentro dela. Mas não conseguia mantê-los, diante do olhar carinhoso do irmão mais velho.

 

— Tudo bem? – Ele perguntou, abrindo um pouco mais a porta, ao ver o rosto da irmã. Seu sorriso morreu no mesmo instante em que Temari levantou a mão para secar a lágrima que lhe escapava.

 

— Tudo.

 

— Mesmo? Não parece!

 

— Eu disse… - Temari fez uma pausa para encará-lo. Não importava que seu rosto lhe traísse. Seu olhar ainda tinha aquela força, que afastava qualquer um. Kankuro não poderia ser imune a ele. - Eu disse que está tudo bem.

 

— Certo. – Kankuro recuou, fitando-a, mas de fato não acreditava naquilo. O que poderia fazer? O olhar dela era mais representativo que qualquer coisa. Não era uma questão de acreditar na resposta dela, mas aceitar a palavra dela.

 

Temari sempre foi assim e, pelo visto, se especializou naquele olhar cada vez mais, enquanto os anos passavam.

 

— Você vem? – Ele perguntou, já indo para o corredor.

 

— Vou. – Temari respondeu, levantando, para mostrar que ele não precisava mais ficar ali.

 

Não foi preciso muito tempo para ele sair. Temari respirou fundo. Tinha que se recuperar. Das outras vezes, o sonho não a atingira tão fundo. Mal se lembrava da última vez que chorara. Por que agora era diferente? Por que agora tinha que ser mais intenso?

Temari não entendia. Nem sabia se podia se aprofundar naquela questão. Não sabia se havia algo dentro de si, que a ajudasse a entender os irmãos. Nem se entendê-los bastaria para tê-los de volta.

 

Só sabia que precisava tentar. Qualquer coisa. Para acordá-los. Para chacoalhá-los. Alguma coisa tinha que acertá-los.

 

 

 

O colégio continuava no mesmo ritmo de todos os dias. Os Populares pareciam desanimados, esperando algo grande acontecer, ou qualquer movimento significante dos Impopulares.

 

Gaara passava a maior parte do tempo sozinho e, mesmo quando estava com os “amigos”, permanecia calado. Com o olhar severo e distante, parecia estudar os companheiros. De vez em quando, seu olhar caía sobre Neji e se demorava ali. Em seguida, Gaara voltava às suas coisas, com o rosto ainda mais tenso e sombrio.

 

Temari o observou de longe, durante todo o dia. Pouca atenção reservou para seus próprios assuntos. E quase não viu o resto da semana passar. A não ser pelos sonhos, que continuavam se repetindo e acordando-a no meio da noite. A cada dia, Temari sentia-se mais desesperada, com a certeza de que não poderia deixar Gaara sozinho, nem por um segundo. Mas como fazer isso se ele fugia dela com facilidade?

 

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Notas finais do capítulo

(Continua...)
 
[Oi gente!!!
Eu sei que demorei. Estava tentando dar o meu melhor por esse capítulo, mas acabou nem ficando aquelas coisas... De qualquer forma... Eu estava pensando em continuar ele daqui... Mas percebi que posso continuar no próximo capítulo. O que talvez, eu disse TALVEZ signifique que o próximo demore menos para sair.
De qualquer forma, espero que sirva para distraí-los nesses dias...
Esse capítulo foi um oferecimento de: P!nk e Paramore... *.* Amo demais!!!
 
P.S.: Agradecimentos especiais: Líminne Oliveira!
 
P. S. 2: Amo todos vocês! ]