Os Outros escrita por Sochim


Capítulo 23
Dissimulados (editar)




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— Podem começar. - Kurenai falou, deixando que as duplas espalhadas pelo laboratório começassem com o trabalho. Os garotos olharam desconfiados para os líquidos que a professora deixara em suas mesas. Em cada uma, duas duplas trocavam olhares inseguros. Foi o primeiro aluno tomar a iniciativa de fazer o que era pedido, que todos se "animaram" a copiá-lo.
A sala ficou subitamente silenciosa, enquanto esperavam para ver o que aconteceria. Um cheiro não muito agradável foi o primeiro sinal de que algo estava surtindo efeito. Em seguida, a cor da mistura começou a mudar de azul claro, para roxo.
— Por que vocês acham que isso aconteceu?
Kiba olhou para Naruto na outra mesa, que como ele, não fazia idéia de qual seria a resposta certa para aquela pergunta. Além da mais óbvia.
"Porque você pediu para misturar, oras", Kiba falou, mexendo apenas os lábios, sem deixar o som sair.
— Alguma idéia, Kiba? - Kurenai fitou-o, desafiadora.
— Muitas, professora. - O garoto respondeu.
Hinata, ao seu lado, quis esconder o rosto. Shikamaru e Chouji, sentados na mesma mesa que eles, tentavam conter o riso, de costas para a professora. Naruto só conseguiu conter uma risadinha. Shino, Lee e Tenten ficaram quietos, esperando.
— Alguma que ajude a explicar isso?
— Ah... - Kiba olhou para a mistura. - Na verdade, não.
— Então não desperdice meu tempo.
A sala riu, mas o garoto não se importou. Olhou de lado para Hinata que só conseguiu sorrir e cochichar.
— Você é louco.
— Você gosta?
A menina não soube o que responder. Sem graça, desviou o olhar para as anotações que teria que fazer. Kiba cutucou seu braço de leve.
— Eu posso me controlar, para você... Ou não.
Na outra mesa, Tenten observava a cena. Entregou para Lee a responsabilidade de tentar responder à pergunta da professora.
— Esse Kiba não se emenda. - Comentou, sem conseguir se conter.
— O quê? - Lee olhou distraído para ela.
— Ele não percebe que a Hinata não está afim dele! - Tenten respondeu, inconformada.
Mas os meninos pareciam insensíveis às razões dela.
— Se ela não está afim, porque dá mole para ele? - Naruto perguntou, talvez até mais distraído que Lee.
— Ela não faz isso! - A menina defendeu. - Ela só não sabe como dizer "não" para ele.
— Tenten, uma coisa é não saber dizer "não", outra é não sair de perto dele. - Shino comentou e recebeu um olhar irritado de volta. - O que foi?
— Shino, pelo menos você, não fala besteira. - Tenten encarou o garoto à sua frente.
Shino levantou uma sobrancelha. Provavelmente não estava acostumado a ouvir que falava besteiras.
— É o que eu acabei de dizer. O Kiba está toda hora em cima dela. A Hinata não gosta disso, mas não sabe fazer ele se afastar.
— Talvez ela pudesse dar uma chance a ele. - Naruto opinou. - Ele é um cara legal.
— É mesmo? - Tenten dessa vez encarou Naruto. - E quantos namoros sérios ele teve?
Naruto levantou os olhos para ela.
— Quem se importa? O número de namoradas não diz se a pessoa é boa ou não para outra.
— Não estou falando propriamente de quantidade, mas de qualidade. Desde que eu entrei nessa escola, bem antes de você, já vi o Kiba com várias meninas! Mas, quantas delas ele levou a sério?
— Ainda que não tenha levado nenhuma a sério... - Naruto argumentou, enquanto Shino perdia o interesse pela discussão e voltava à química. Lee abandonou o trabalho e se concentrou mais na conversa. - Isso não significa que ele não levaria a Hinata a sério.
— Pois eu duvido! - Tenten falou um pouco mais alto do que estavam falando até então. - Além disso, ela não gosta dele.
— Isso já é outra história. - Naruto falou, mas foi impedido de continuar, pela voz doce de Kurenai.
— Mesa três... O que tanto vocês conversam?
Tenten engoliu em seco, antes de se virar para a professora. Shino levantou os olhos para os dois. Lee arregalou os olhos para Naruto, que apenas sorriu.
— Desculpe, professora.
— Primeiro me diga o que discutiam. - Ela falou, em tom de negociação.
— Sobre o Kiba e a Hinata. - Naruto respondeu, displicente, e os dois citados olharam para ele, espantados. O resto da sala dividiu a atenção entre eles e Naruto.
— O que tem eles? - Kurenai perguntou, visivelmente surpresa.
— Eu acho que eles ficam bem juntos. A Tenten discorda. - Naruto falou, apontando para Tenten, como se fosse uma coisa qualquer ou fizesse parte da matéria.
Alguns alunos riram (inclusive Kiba) e os demais acharam aquilo uma grande besteira. Tenten queria bater no garoto.
— Ah... - Kurenai conteve um riso nervoso. - Eles são mesmo um casal bonito, mas agora não é hora para falar disso. Prestem atenção pessoal!
— Viu? - Naruto voltou-se para Tenten, ignorando a professora. - Ela concorda comigo.
— Naruto! - Kurenai chamou sua atenção e o garoto calou-se, rindo.
Shino olhou-o e, em troca, recebeu um olhar e um sorriso maroto.- Pelo menos eu sou honesto! - Deu de ombros.Duas mesas distantes deles, Neji voltou a olhar para o próprio trabalho. Gaara o fitou.
— Tudo bem? - Perguntou, ignorando as besteiras que Tayuya dizia para Sai colocar no relatório.
— Tudo. - Neji falou com mau humor.
— Sério? Não parece.
Neji voltou-se para ele. A cada dia que passava, sentia como se estivesse perdendo uma grande oportunidade de fazer todas as coisas que queria. E era incrível que Gaara fosse umas das pessoas que mais o impediam de chegar aonde queria. De qualquer forma, não queria correr o risco de pular etapas cedo demais. Fez que desistia de esconder algo de Gaara e confessou:
— Esse Kiba me tira do sério. Ele e o novo amigo dele.- Pensei que já tivesse resolvido seu problema com o Kiba no ano passado. - Gaara deu de ombros, mas se mostrou interessado nos dramas do companheiro de Impopulares. - Qual o problema dessa vez?
— Essa intimidade toda com a minha prima. - Neji respondeu.
— Pelo fato dela ser sua prima ou por ser a Hinata?Neji encarou o líder.
— Por ser minha prima, ele quer me provocar. Por ser a Hinata, ele quer mais do que pode ter. Mais do que eu deixaria ele ter...
— Então, porque deixou ela entrar para Os Outros? - Gaara perguntou, tomando cuidado para não chamar a atenção da professora.
— Eu não me importo com quem ela anda. Eu me importo com quem anda com ela.
— Acha que o Kiba está com ela, só para te irritar?
— Você conhece ele. - Neji voltou a olhar para o caderno. - Quantas vezes ele fez isso?
Gaara não respondeu. Olhou para Kiba, que agora espiava Hinata discretamente. Não. Neji estava errado. E Naruto certo. Mas não disse nada. Estava apenas esperando para ver os próximos passos de Neji. Queria ver até onde ele iria, até onde poderia confiar no que Sasuke disse e até onde ele próprio seria prejudicado ou, quem sabe, beneficiado.
Olhou mais uma vez para Neji.
Gaara sempre soube que ele era uma pessoa que não gostava de receber ordens. Mas, traição? E, se fosse verdade, o que Gaara faria? Tentaria evitar ou...
Uma possibilidade, que até então o Sabaku não sabia que lhe agradava, surgiu de repente na sua mente. Não gostava de perder, mas... Não. Ele não perderia. Não para Neji.
*
— O Que foi, Kankuro? - Itachi perguntou, espiando por cima dos ombros, para ver se o chefe não chegava.
— Eu que pergunto. Seu pai ainda não chegou para trabalhar?
— Como não? Ele passou a noite no escritório. Disse que tinha algumas coisas para resolver.
— Quando eu e o Chiho chegamos, tudo estava trancado, mas no escritório tinha um monte de papel no chão. Inclusive uma foto do meu pai com o Minato...
— Uma foto? Eu pensei que todas as fotos deles estavam naquela caixa que meu pai queria jogar fora.
— Pois é. - kankuro fez uma pausa. - Alguma idéia de aonde ele possa ter ido?
— Pior que tenho... - Itachi falou, tentando não pensar naquela possibilidade. Seu rosto gelava só de imaginar aquela cena novamente. Mas uma esperança surgiu e ele se agarrou nela. - Hoje é dia de visita na prisão do seu pai? - Rezou para que o amigo dissesse que sim.
— Na verdade... - Kankuro suspirou, imaginando o tamanho da decepção do outro. - Na verdade não. As visitas são somente nos fins de semana.
Itachi não falou depois disso. Sua mente percorria todos os possíveis caminhos de Fugaku. Aquilo não poderia estar acontecendo.
— Valeu por me avisar. Agora pode deixar que eu cuido disso...
— Qualquer coisa me avisa.
— Certo. Se ele aparecer, me liga, também.
*
Assim que deu o sinal, anunciando o fim do primeiro período de aulas, Hinata foi a primeira a sair da sala. O coração estava aos pulos, protestando vivamente, para que corresse o mais rápido possível para longe de Kiba e Naruto. Estava com uma confusão imensa para resolver em si mesma. Era uma mistura de mágoa e raiva, que ninguém seria capaz de entender. O que para eles era só uma brincadeira, para ela era uma coisa séria. Como Naruto pode... Como logo ele pode usar o nome dela?
Tudo bem, talvez pudesse ser exagero dela, mas... Mas... Ah! Os sentimentos com que tentava lidar já há algum tempo, estavam agora gritando para que ela lhes desse um pouco de atenção. E ela não queria mais ver Kiba e Naruto na sua frente naquele dia.Daria ouvidos às suas frescuras e respeitaria o próprio espaço. E eles teriam que fazer o mesmo.
Andava com passos apressados para o refeitório, apesar de não sentir fome alguma. Continuou, até sentir uma mão puxá-la para o lado e deparou-se com o rosto bonito e esplendidamente sério do primo.
— Aonde vai com tanta pressa?
— Não começa, Neji. Não quero discutir com você agora.
— Não vim discutir. - Neji soltou o braço dela e olhou para o uniforme que ela usava, sem demonstrar interesse. - Só quero que me diga uma coisa...
— Ah, você quer? - Ela interrompeu, sem conter o tom audacioso.
— Eu preciso que me diga qual é a sua com o Kiba Inuzuka.
Hinata sentiu o rosto empalidecer, e em seguida, ficar vermelho. Dessa vez, a raiva se misturava com o despeito.
— Você quer, você precisa, você pergunta, você consegue o que quer. É assim?
— Nossa... - Neji riu. - O que aqueles nerds do clubinho da fofoca ensinam para você? Só quero que me responda.
— E desde quando eu tenho que responder?
— Desde que eu tenho cuidado de você! - Neji falou, de maneira um pouco mais agressiva, perdendo a paciência.
A cena acontecia num canto do corredor principal que levava para o refeitório. Nem todos reparavam no clima tenso que começava a se formar entre eles. Mas os amigos de Hinata, que estavam tentando encontrá-la desde que o sinal batera, agora estavam se aproximando dos dois.
Naruto e Kiba tomaram a frente, quando perceberam o olhar raivoso de Neji para cima da frágil garota.
— Pelo visto não sou mais o único idiota que tenta te proteger, né, Hinata?
— Me proteger...? - Hinata perguntou num sussurro. - Não, não quero que faça isso. - Encarou o primo. - Eu não preciso disso.
— Ah não? - Neji a encarou de volta, ignorando Os Outros, que chegaram naquele momento. - Se você soubesse se virar sozinha, não andaria com essa gente!
— Então eu andaria com quem? Com você e os Impopulares?
— Com quem quisesse, menos com eles. - Neji respondeu. - Mas você não respondeu. O que está rolando entre você e o Kiba?
— A gente está junto.
Kiba respondeu sem pensar e o coração da menina foi parar bem longe daquele corredor. Olhou para ele. Estava tão certo do que acabara de dizer, que até parecia real. Olhou para Naruto, que sequer parecia ter ouvido aquelas palavras estranhas e sem sentido. Ou será que elas apenas não faziam sentido para ela?Olhou para Shino, Lee, Chouji e Shikamaru e nem eles pareciam surpresos.
Então, encontrou outros olhos. Olhos que lhe diziam que sabiam perfeitamente o que estava errado naquela cena. Olhos que lhe pareciam querer acalmá-la mais do que tudo e que não sairiam de lá, sem que os pedaços de seu orgulho fossem recolhidos.Eram os olhos de Tenten, tão compreensivos, que Hinata confiou neles.
Neji encarava Kiba. Um oponente que sabia como ser determinado, tanto quanto ele. Um oponente que sabia seus truques e que não hesitaria em resolver o assunto naquele momento e naquele lugar... Um oponente que não tinha com a justiça o compromisso de fazer trabalhos comunitários, nem o risco de responder a um processo se esse "compromisso" fosse descumprido.
Mas Neji não conseguia se lembrar disso. Alguém precisou chegar e lembrá-lo. E foi o que aconteceu.
— Neji! - Gaara chamou, quebrando o magnetismo que impulsionava Neji e Kiba a continuarem se encarando. - Vamos.
O Hyuuga suspirou pesadamente. Todos os prós e contras de uma briga acontecendo ali e naquele momento passando por sua mente. Mas precisava se acalmar. Precisava se livrar do mês "voluntário", imposto pelo delegado e, então... Então poderia fazer tudo. Só precisava esperar mais uns dias.
Deu as costas para os colegas e a prima e se juntou a Gaara. Os Impopulares seguiram para a mesa que sempre ocupavam no refeitório. Os Outros permaneceram mais alguns minutos no corredor.
— Você está bem? - Naruto perguntou, vendo que Hinata permanecia um pouco nervosa.
A garota encarou a ele e Kiba com a mesma intensidade.
— Da próxima vez que quiserem me proteger, não façam piadas comigo, com meu nome, ou com meus sentimentos.
Ao dizer isso, deixando no ar uma atmosfera de contrariedade que os dois garotos estavam longe de entender, Hinata afastou-se, voltando para onde viera no corredor. Tenten lançou um olhar furioso para os dois e a seguiu.


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Notas finais do capítulo

***** Para quem não sabe, eu estou no terceiro ano da faculdade de jornalismo e, como tal, furiosa com a lei da não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão. Mais furiosa ainda por ter sido, como futura jornalista, comparada a cozinheiros, por não oferecer riscos à população, "privilégio" dos médicos. Oras! Esses caras estudados do congresso já assistiram A Montanha dos Sete Abutres? O Quarto Poder? Já ouviram falar do Caso Escola Base? Do Caso Elloá? Bom.. Experimentem ir a um médico sem diploma e terão uma noção do que estou dizendo... Ou melhor, experimentem a comida de um cozinheiro ruim...'Porém, como estudante, tenho obrigações de estudante. O que inclui quatro trabalhos: reportagem para rádio; matéria para telejornal; fotojornalismo; projeto gráfico; E uma prova de jornalismo impresso-revista, com 160 folhas para ler (Tirei 9 nessa prova! E o professor foi demitido!) Imagem da Mizuki-sama!!!



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