-Thalia o que diabos você pensa que está fazendo aqui?

-Nós vamos deixar vocês um pouco sozinhas. Venham meninos- os três começaram a andar antes que Annabeth pudesse fazer alguma coisa

-Então, tudo bem? –disse Thalia com um sorriso amigável

-Como se você se importasse! Dá para falar logo o porquê de ter vindo aqui?Deixa-me adivinhar... Mais algum processo para se alistar com os populares. Aposto que sim? Por que outro? Eles não estão satisfeitos com o que você fez da ultima vez e...

 -Cala a boca - berrou Thalia, cortando a fala de Annabeth – Você não sabe de nada. Eu me sentir muito mal depois de tudo aquilo, pode perguntar para qualquer pessoa, eu senti sua falta

-Não me importa o que você passou. Eu disse da ultima vez que não queria mais te ver, não sei por que ainda insiste – Annabeth se virou e começou a andar na direção de sua madrasta e seus irmãos tinham ido.  Mas Thalia agarrou o pulso da menina fazendo-a parar

-Eu vim aqui porque não importa o que aconteceu eu ainda te amo muito. Você continua sendo a minha melhor amiga, embora eu sei que você não acredita. Eu sinto muito pelo que eu fiz, mas eu não posso mudar aquilo. Aconteceu, eu sei que fui errada e também não devia ter falado nada daquilo para você. Eu me arrependo profundamente.  Eu imploro que você me perdoe. Por favor, por tudo que nós já passamos, me perdoa?

-Ah, então você acha que pode vim aqui, me pedir desculpas e eu vou te abraçar como se tudo fosse como antes? Olha Thalia, eu não fiquei semanas chorando, meses dentro de casa, anos tentando esquece tudo para você vim aqui e fazer isso. Eu nunca vou conseguir te perdoar, você era a única pessoa em quem eu confiava. Para mim já deu

E antes que a morena pudesse falar alguma coisa, Annabeth saiu correndo. Lagrimas escorriam dos seus olhos cinza. No fundo ela queria perdoar, mas ela sabia que isso não seria nem um pouco sensato e no final das contas ela podia só se machucar mais. 

A viagem até sua casa, ou melhor, a casa do seu pai foi silenciosa. Ninguém falou com Annabeth pensando que ela estava cansada demais e ela não falou com ninguém porque velhas lembranças passavam pela sua mente.  Coisas que ela lutou tanto para esquecer e agora a passa de novo, como se fosse um disco de uma só musica e que fica repetindo e repetindo, e por mais que você enjoe não consegue para de ouvir. Quando chegou simplesmente subiu até o seu quarto, desejou boa noite a sua madrasta e aos seus irmãos, e fingiu-se de cansada para deitar logo. Logo após fechar os olhos às imagens lhe atingiram, eram fortes, ela sentiu medo.   Os olhos se encheram de lagrimas, lembrando-se do que fez naquela noite. O que mudou naquele dia... Tão confuso, talvez se aquilo não tivesse acontecido, ela ainda seria feliz. Feliz! Uma palavra que Annabeth nunca mais soube o significado

Enquanto isso, em São Francisco

Um, dois, três, quatro, cinco, seis... Quase perto do dez e ele parou a contagem, no mesmo instante em que o barulho parou. Percy estava andando por uma rua qualquer, nem se importava em saber qual. O barulho vinha de alguma boate, o menino não gostava nem de pensar. O som lhe trazia péssimas lembranças que deviam estar enterradas. Mas mesmo assim, ele nunca havia falado disso com ninguém.  O motivo pelo qual sua mãe o odiava, sua tia chorava e seu padrasto criticava

Mas o que ele descobriu de Annabeth mudou tudo. Ele não era o mesmo, agora ele sabia dos problemas dela. Não seria justo dizer a verdade para ela também?  Mas ela ainda o aceitaria depois de tudo que ele fez?

Percy andou pela cidade por varias horas sem ter a mínima idéia do que fazer. A coisa que mais queria era ligar para ela, mas já era tarde. Sem contar que o que diria? Tanta confusão. Foi quando ele viu uma pessoa que não via há muito tempo. Quase teve um infarto quando o viu.  O que ele está fazendo em São Francisco?

Numa fazendo vários quilômetros longe dali

Rachel não sabia o que fazer. Não sabia se chorava ou talvez risse das memórias.  Seus pais não demonstravam nada, pareciam como se estivesse em qualquer outro lugar.  A menina andou cuidadosamente até onde ficava o quarto do avô. O cheiro dele ainda estava lá. A ruiva deitou-se na cama em busca de proteção, de afeto.  Começou a chorar ali. O que para muitas pessoas parecia bobagem, para ela era a única lembrança de sua família.  Por que ele revê  que morrer?  Perguntou-se enquanto chorava. Deixando o cansaço a dominar, a menina adormeceu

De volta à Nova York, mas precisamente no quarto de Thalia

-Droga, droga, droga- gritou a menina enquanto atirava dardos em um pôster. – Por que ela não me ouviu? – jogou outro com mais força – apenas um minuto, será que era tão difícil

Thalia se sentia a pior pessoa do mundo, mas ao mesmo tempo estava morrendo de raiva de Annabeth.  Ela sabia que o que fez a loira foi cruel, contudo Annabeth tinha que ouvi-la.  Thalia nunca mais tinha dormido tranquilamente desde daquele dia e mesmo que ela quisesse não podia mudar o passado. Ele era o que era. A questão é como fazer Annabeth escutá-la?

Na noite seguinte, na residência Chase

Quase um dia havia se passado e Annabeth ainda não se conformava em estar ali. Em todo esse tempo ainda não tinha visto seu pai. Onde ele estava? O jantar já isso ser servido e sua madrasta lhe garantiu que ele estaria lá.

-Anne venha jantar, papai acabou de chegar- a menina sorriu ao ouvir isso. Ao descer reparou que ele ainda estava do lado de fora, se atrapalhando com alguns livros.

Resolveu esperar com os outros na mesa. Sentou-se e por um instante cogitou correr até ele e abraçá-lo, ma conteve-se. Depois de alguns minutos ele entrou, arrumou todos os livros em uma prateleira e subiu. Desceu depois de um tempo com outra roupa. Annabeth reparou que tanto Alicia, sua madrasta, quanto seus irmãos não estavam nem ai para a demora de seu pai.  Quando Frederick chegou à mesa estava sorrindo, mas ao ver Annabeth seu sorriso desapareceu instantaneamente. E sua felicidade foi substituída por surpresa

-Annabeth, o que você está fazendo aqui? – nesse momento todos na mesa ficaram em silêncio

-Ela veio passar a semana aqui, eu lhe falei. Lembra? – disse Alicia tentando fazer com que Annabeth se sentisse melhor.

-Claro, mas esperava que fosse na próxima semana – Annabeth sabia o que aquilo queria dizer. Na outra semana ele não estaria lá. Estaria viajando para analisar alguns documentos.  Os olhos de Annabeth incharam.

-Eu acho que vou para o meu quarto – disse devagar e baixo – eu nem estou com tanta fome assim. Boa noite

Ela subiu antes que qualquer um pudesse falar alguma coisa

Ele não se importa. Ninguém se importa

-Não. De novo, não- sussurrou a garota que já estava no seu quarto, deitada

Por que se importaria?

A expressão dele na saia de sua mente. As palavras doíam mais do que qualquer lâmina.

Com você? Uma garota gorda que se corta?

Annabeth abriu sua mala e saiu a jogando tudo que estava na frente no chão ate achar o que queria

Ele não te ama. Sua mãe não liga para você se amasse você não estaria ai. E o Percy? Você acha mesmo que ele não vai fazer o mesmo que Thalia?

Ela levantou a tesoura e estava perto de se corta quanto se lembrou da promessa para Percy. Ele não podia decepcionar ele também. Não agora. Então desistiu de se cortar, mas guardou a tesoura no bolso caso precisasse depois

A loira não sabia o que fazer, mas não podia mais ficar ali.  Ela pegou uma bolsa pequena e colocou seu celular, a tesoura e dinheiro. Abriu a janela, deu uma olhada para o quarto pela ultima vez e se segurou numa arvore que tinha perto e escorregou até chegar ao solo. Começou a andar rapidamente, embora estivesse cansada sabia exatamente para onde ir. E foi sem olhar para trás.