A Far-off Memory escrita por LawlietShoujo


Capítulo 11
A memória adormecida


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo!
Obrigada por acompanharem!



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- Onde diabos você encontrou isso?!
- No Bosque, debaixo da terra. Acho que você precisa me dar explicações, Shinohara-kun. Vê? - O garoto puxava de dentro da caixa várias fotografias e as agitava, como um advogado apresentando evidências de um crime. - Essas fotos são datadas de meses antes do acidente, quando eu não o conhecia!
- Vamos pro meu quarto, meus pais saíram com meu irmão, então é melhor pra conversarmos, sim?
O moreno encaminha o menor até o cômodo, sentando-se ao chão com ele, numa expressão preocupada e nervosa. Ryutaro o olhava na expectativa de receber as respostas que queria e entender o que estava havendo.
- Quem é você? O que significa isso? Por que eu não me lembro?
- Ryutaro-kun, é um assunto um tanto delicado e eu não sei se sou eu quem tem que te contar isso... Não tenho essa autoridade.
O ruivo segura o outro pela blusa, com uma mistura de raiva e desespero, querendo saber o que ele escondia. "Eu tenho o direito de saber, Yosuke! Sou eu nessas fotos! Sou eu nessas cartas! São as coisas que aconteceram em meus sonhos! Eu preciso saber...", o menor deixa sua cabeça pender levemente, chorando baixinho.
- Ryucchan, eu... - O moreno suspira, com a típica expressão de quem não tem outra escolha senão contar. - Tudo começou no seu acidente.
- Meu acidente...?
- Sim. Bom, não necessariamente no mesmo dia. - O olhar de Yosuke se perde em suas lembranças e ele começa a contar. - Você não lembra, mas nós nos conhecemos há muito tempo. Pra ser exato, no último dia do ano passado. O que eu vou te contar pode soar meio estranho.
- Ande logo que isso está me torturando!
- Nos conhecemos em dezembro, nos tornamos melhores amigos em Janeiro e... Começamos a... Namorar em fevereiro.
Ryutaro se assusta, corando de forma notável. Aquilo realmente soava esquisito, mas explicava a conotação romântica dos sonhos que tinha com Yosuke e talvez desse uma justificativa para não se sentir acuado por tais sentimentos.
- Eu não lembro disso...
- É aí que chegamos ao seu acidente. Apesar de nenhum dano físico grave, você perdeu parte de sua memória recente e, como tudo começou em dezembro, você se esqueceu de quem eu sou.
O menor se encolhe, como se tivesse visto um fantasma ou recebido a notícia da morte de um parente. Se sentiu traído por sua família, que não contara a ele e prejudicara sua amizade - e seu relacionamento - com Yosuke, que esperava que aquele estímulo trouxesse algo de volta. Ou que pelo menos agora ele pudesse ser honesto com o menor.
- N-não pode ser! Minha mãe teria me contado!
- Eu sinto muito, Ryutaro, mas é verdade. Talvez seus pais quisessem protegê-lo dessa notícia.
- Mas é a MINHA vida! São as MINHAS memórias! Eles não tinham o direito de...! - O ruivo soca o chão, tentando organizar o pensamento. Estava atônito e não sabia como reagir. Yosuke dá o tempo necessário para que ele se acalmasse um pouco mais, e então o menor retoma. - Então... Por que você não me contou antes? Era por isso que você ficava tão fechado quando eu estava?
- Era, sim. E eu não contei antes porque sua mãe não me permitiu. Mais do que isso, ela me proibiu de vê-lo até que se recuperasse.
- Isso explica porque você falou aquilo... Certo?
- Claro. Acredite, doeu mais em mim do que em você. - O moreno passa o indicador sobre uma das lágrimas do outro, o abraçando firmemente, com o coração muito mais leve.
- ... E agora?
- Eu não sei, Ryucchan. Você não recuperou suas lembranças ainda e não há previsão de quando isso acontecerá.
- Espera um minuto. Então os sonhos... Eram flashes da minha memória? Eu vinha sonhando com você desde que o vi no hospital. Foi assim que eu soube do Bosque da Paz, da chocomenta, da caixa e de outras coisas!
- Acho que sim! Incrível! Sua memória está voltando aos poucos por meios de sonhos. - A esse ponto Yosuke já estava com os olhos cheios de lágrimas, mas não de tristeza. De modo algum. - Ainda temos esperanças.
- Então quer dizer que... - Ryutaro desvia o olhar, encarando os próprios pés, corando tanto que era possível compará-lo a um tomate. - Nós namoramos desde fevereiro?
- S-sim, mas agora que você não lembra... - Yosuke estava tão tímido quanto o outro, e gaguejava de forma engraçada. - Bom... Agora que você não lembra, eu não sei mais.
- É difícil pensar nisso agora, mas, eu não sei, talvez possamos continuar como estávamos. Quando minhas memórias voltarem, a situação se resolverá por si só, não acha?
Desde o primeiro encontro que tivera com Yosuke ele se sentira estranho, mas nunca compartilhou com ninguém. Ele gostava de estar perto daquele menino de olhos profundos, gostava de conversar com ele, pensava nele quase o tempo todo. Agora que ele sabia a verdade, imaginava se o que sente pelo moreno era amor - o mesmo que sentia antes, o mesmo que jazia em suas memórias. Talvez o sentimento não fora esquecido, só estava sem contexto. Só precisava disso para fazer sentido para o menor.
- Você tem certeza de que quer isso, Ryucchan? Q-Quero dizer, não se sinta pressionado a permanecer comigo se você não o quer.
- Eu tenho certeza. - De forma tímida e carinhosa, o menor põe sua mão sobre a do outro, que se sente completo de novo. - Ei. Você poderia ajudar, não é?
- Como assim?
- Eu tenho uma caixa repleta de objetos, você tem a memória que eles trazem. Que tal nos unirmos nessa? - Em meio ao choro, Ryutaro esboça um sorriso tímido e confuso, enquanto Yosuke o presentea com uma risada amável.
Se sentam ao redor da caixa, e a medida em que vão retirando as coisas dela, o moreno conta as histórias que passaram, rendendo sorrisos, lágrimas, risada, constrangimentos. Não viam a hora passar - estavam completamente envolvidos naquela tarefa de resgatar o passado adormecido no ruivinho. Yosuke pega uma colherzinha de plástico e explica que ela foi num dia em que Ryutaro passara sorvete na ponta de seu nariz.
- Eu me lembro disso. - O menor afirma, sorrindo. - Na verdade, sonhei com isso.
- Esse barbante vermelho foi você quem colocou na caixa, no dia em que aprendeu uma história sobre um fio vermelho que conecta o destino de duas pessoas que nasceram para ser almas gêmeas. Passamos aquela tarde inteira estudando no bosque, mas com os dedos mindinhos unidos por esse barbante.
- O-oh, isso é legal. - Ryutaro não podia mais disfarçar o rubor em seu rosto, o que o deixava ainda mais tímido. Na tentativa de descontrair um pouco, ele ri de leve. - Eu sou mesmo adorável, não?
- Hahaha, é sim, Ryucchan. Com certeza. - Yosuke põe-se a rir, como se sentisse que o seu pequeno estava voltando a sua normalidade. - Agora que as coisas estão sendo resolvidas, é até divertido reconstruir nossa história assim, não é?
- Definitivamente.
- Ah... Ryutaro... Esse anel que você usa, fui eu quem te deu. No dia da sua viagem.
- Sério? - Os olhos avermelhados do menor se voltam para o acessório no dedo e depois de volta para o outro. - Por que?
- B-bom, é um anel que eu herdei do meu avô e te presenteei para selar um compromisso sério...
- Ah, entendo. Obrigado, Yosuke.
- Eu quero que as coisas voltem a ser como antes.
- ... Eu prometo que vou me esforçar para lembrar tudo a seu respeito. Até lá, fique sempre ao meu lado, não importa o que aconteça!
- Bobo, quem disse que eu quero me afastar de você? Fico feliz que agora saiba de tudo. Vai ficar tudo bem.
- Ei, Yosuke, eu tive uma ideia!
- Qual?
- Vamos tirar mais uma foto para a nossa caixa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! *-*
Beijos!



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