A Far-off Memory escrita por LawlietShoujo


Capítulo 12
A pior das melhores escolhes


Notas iniciais do capítulo

Bem, depois de ter ficado meses com meu computador numa caixa e quase enlouquecendo com medo de perder meus arquivos, eis que estou aqui novamente.Estou constrangida pela demora de postar os capítulos, mas eu realmente não pude fazer nada :( Meu pai trancou meu computador na caixa e enfim >—



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Ryutaro e Yosuke estavam tão concentrados em retomar velhas lembranças e criar novas que nem se abalaram com a chegada de um noite tão escura e fria que causava arrepios toda vez que contemplada da janela. "Meus pais vão chegar a qualquer momento", Yosuke anuncia, sem conseguir tirar os olhos de Ryutaro, com um sorriso tão feliz que parecia um Sol em meio àquela noite sombria, quase que iluminando o quarto inteiro.
- É mesmo! Meus pais não fazem ideia de onde eu estou! - Logo após dizer tal coisa, o coração de Ryutaro é tomado por uma raiva, uma mágoa terrível. Ele se sentia traído por seus pais. O privaram de saber algo tão importante sobre si mesmo e, por causa disso, o submeteram a um sofrimento intenso. E não só ele. - Como se eles se importassem.
- Não diga isso, Ryutaro. São seus pais, afinal. É melhor que você vá, tem muito para conversar com eles.
- Eu sei, mas... Eu não quero ir sozinho. Não quero enfrentá-los assim. O que quer que aconteça nesta conversa, eu não serei capaz de administrar sem apoio... Por favor, Yosuke, vá comigo!
- Não, eu sinto muito, mas é algo que deve se limitar a você e seus pais. Minha presença lá só pioraria as coisas. - O moreno percebe o olhar amedrontado e perdido do menor, então resolve lhe fazer uma proposta. - Façamos o seguinte: eu vou com você até sua casa, mas você entra sozinho. Eu então voltarei, mas assim que terminar, caso queira falar a respeito, ligue para meu número fixo, que está salvo em seu celular, certo?
- ... Obrigado.
Eles se erguem e seguem pelas ruas, deixando para trás a caixa e levando somente algumas fotos para confirmar a veracidade de tudo que aconteceu. Decidiram também por não contar que namoravam, porque isso poderia tornar as coisas ainda mais complicadas, então Ryutaro fora instruído a ocultar alguns detalhes da história. Marchavam num passo apreensivo, silencioso. Seus corações acelerados pareciam bater em ritmos iguais, como se fossem uma única pessoa. Aliás, unidos pela Linha Vermelha do Destino, pareciam mesmo uma só alma.
- Estarei torcendo por você.
- Eu sei que estará. - Ryutaro diz, sorrindo verdadeiramente. - Eu te ligo.
- A qualquer hora, por favor.
Yosuke toma a liberdade de beijar a testa do menor, desejando-lhe novamente boa sorte. O ruivo, querendo mostrar sua intenção de retomar as coisas com o outro, segura sua mão, sorrindo. Ele então abre a porta de sua casa e perde o contato físico com o outro, que seguia seu rumo para casa.
- Ryutaro! - Aiya aparece de repente, debruçando-se sobre o filho com o rosto inchado de tanto chorar. - Eu procurei por você em todo lugar! O que aconteceu? Por que está coberto de terra?!
- Eu sei de tudo. - O menino tinha o olhar furioso, impenetrável. - Sei do acidente, das minhas memórias. Eu sei de tudo.
A mulher recua, procurando com os olhos por seu marido, procurando com o corpo por um chão. Ela sempre soube que isso aconteceria, que ele descobriria, de uma forma ou de outra. Mas não imaginava que seria assim, tão abrupto. O pai do ruivo, como sempre, estava trabalhando, então Aiya se viu completamente desamparada.
- C-Como...?
Ryutaro puxa do bolso as fotos com Yosuke e as joga sobre a mulher, que tateava, analisando-as com pavor. De fato, as datas delatavam tudo. "Aquele menino idiota! Eu sabia que ele ia estragar tudo...!", ela reflete, mas deixa o pensamento escapar por sua boca, em alto e bom som.
- Você sabia o tempo todo! Sabia que ele era meu amigo! Sabia que eu não me lembrava! Então, POR QUE, mãe?! Por que...? - Agora até o menino chorava, mas não porque estava triste.
- M-Meu filho... Foi a melhor escolha! Você se recuperar a memória aos poucos, então seria natural...
- E se eu não recuperasse, mãe? E se eu esquecesse para sempre? Você ia deixar que uma parte da minha vida se apagasse...
A mulher tenta abraçar o filho, mas ele estava irredutível, parando-a com as palmas abertas sobre seu ventre. A pequena Megumi aparece, com uma caneca de leite e trazendo um semblante assustado.
- Meggie, saia. - Ryutaro sempre se virara sozinho, o que o fez amadurecer de uma forma que não era realmente demonstrada na superfície. A menina se recusa a deixar a sala, fazendo-o repetir, com muito mais vigor em sua voz púbere. - Megumi, saia!
- Filha, eu e seu irmão precisamos conversar, sim? Vá para seu quarto.
- Mãe... O onii-chan está sendo malvado?
- Não, ele não está. Ele está confuso, eu vou ajudá-lo. Agora vá, por favor.
A garota sobe as escadas preguiçosamente, na esperança de presenciar mais algum acontecimento. Filho e mãe voltam a ficar a sós, se entreolhando da forma mais dura possível. A mulher então percebe que aquele rancor que o menino demonstrava ter não envolvia somente aquele episódio, mas fazia parte do que ele já havia exposto mais cedo, quando tentara lhe dar uma lição por sair de casa sem avisar.
- Eu era muito jovem.
- Do que está falando agora, Aiya? - Chamar a própria mãe pelo nome era um sinal de que não estava menos raivoso.
- Quando engravidei de seu pai, eu mal havia chegado a meus vinte anos. - A respiração da mulher se torna mais intensa, como se estivesse se esforçando para expelir uma memória que se manteve lacrada por anos. - Eu era muito jovem, não pude continuar os estudos naquela época, casei às pressas e seu pai, o único com formação em faculdade, trabalhava o dobro para manter nossa família. Foi uma fase difícil, Ryutaro...
O menino assentiu, completamente desnorteado. A conversa havia tomado um outro curso, um muito mais pesado do que ele estava preparado para suportar.
- Não estava preparada para ser mãe. Não quero justificar minha falta de tato com você, mas espero que possa me perdoar, algum dia. Olhe pra você, cresceu com uma índole de anjos, com uma independência que Megumi nunca terá. Alguns anos depois, com a vinda de sua irmã, me prometi que faria certo, que compensaria nela os erros que cometi com você. Mas... Eu não percebi que isso não iria mudar em nada a sua vida.
Ryutaro finalmente cede, presenteando Aiya com um abraço piedoso, que, para ele, fora único gesto de carinho maternal que trouxera algum tipo de sentimento. A mãe, com as lágrimas quase secas em seu rosto magro, tornava a explicar que achava ter feito a melhor escolha, ao omitir as circunstâncias em que o filho estava. Achava que, pela primeira vez, o protegia de algum mal. Que, pela primeira vez, ele precisava dela.
E ela se permitiu um sorriso triste e aliviado.


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Notas finais do capítulo

Desculpem! O Nyah! comeu parte do capítulo e eu editei agora D:



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