Charlie Team 2 - By Goldfield escrita por Goldfield
Capítulo 5
John Brentwood.
Manhã seguinte.
Vestido formalmente com terno e gravata, sem seu fiel uniforme do S.T.A.R.S., o major Redferme dirigia seu carro, um discreto Corvette recém-restaurado, pelas ruas centrais da capital norte-americana. O líder da equipe Charlie nunca gostara de Washington. Ele chegara a trabalhar ali alguns anos antes num escritório do FBI, e durante esse período convivera com toda a burocracia da cidade. Mas por mais que não quisesse voltar ao centro do poder, a situação exigia tal sacrifício. A vida de Aiken Frost estava em perigo e era necessário agir rápido.
Após percorrer mais alguns quarteirões, Redferme chegou ao seu destino. Estacionou o carro junto a uma das calçadas, deixou o veículo num suspiro e ligou o alarme. Olhou então para o prédio de sete andares diante de si. De acordo com o chefe Farfield, a única pessoa que poderia ajudá-los estava ali. Sentindo-se desconfortável devido aos sapatos que calçava, o major caminhou até a porta de vidro que levava ao saguão do edifício, passando por uma bela mulher que deixava o local carregando uma pasta de documentos embaixo do braço.
Ao adentrar o recinto, Redferme percebeu repentina alteração do clima ambiente devido aos inúmeros aparelhos de ar-condicionado que refrigeravam o prédio. A sensação era agradável, mas aumentava o risco das pessoas recém-chegadas acabarem pegando um resfriado. Um tanto desajeitado, o major seguiu na direção do balcão de mármore atrás do qual se encontrava uma sorridente recepcionista, dizendo:
– Com licença!
– Sim? – perguntou ela em tom prestativo.
– Eu gostaria de falar com o senhor John Brentwood! Tenho hora marcada!
A mulher verificou brevemente a agenda de seu chefe, respondendo em seguida:
– Pode subir pelo elevador, o senhor Brentwood o está esperando! O escritório dele fica no quarto andar!
– Obrigado!
Inseguro, Redferme prosseguiu até o transporte que o levaria para cima. Entrou nele depois de pressionar um botão no painel, junto com dois homens de terno conversando nervosamente. O comandante do time Charlie ignorou-os, refletindo sobre tudo que estava acontecendo. Ainda haveria muita dor e sofrimento pela frente...
Assim que as portas do elevador voltaram a se abrir, o major ganhou um extenso corredor em forma de “U”, o qual terminava numa outra porta de vidro que dava acesso à ante-sala do escritório de Brentwood. Ao entrar, Redferme percebeu que a secretária lia alguns papéis possuindo o carimbo da Casa Branca, e a jovem guardou-os rapidamente numa gaveta ao notar a aproximação do policial, exclamando num sorriso:
– Pode entrar, senhor!
O líder do Charlie agradeceu, cruzando a porta que o separava de Brentwood. Este se encontrava sentado atrás de sua mesa, sobre a qual era possível ver inúmeras pastas e papéis. Às suas costas havia uma janela que permitia visualizar o prédio do Congresso, com sua imponente cúpula branca. Fumando um charuto, John disse:
– Queira sentar-se, major!
– Obrigado!
Redferme acomodou-se numa cadeira de frente para o homem do governo, fitando brevemente os quadros pendurados numa parede, que o retratavam junto com seus antigos colegas das Forças Armadas durante a Guerra do Golfo em 1991. Movendo as mãos nervosamente sobre a mesa, John indagou:
– No que posso ser útil? Está aqui para me dar mais um soco, como da outra vez em Metro City?
– Não... – respondeu Redferme um pouco encabulado, apesar de não lhe faltar vontade. – Na verdade estou aqui porque um amigo o indicou. Creio que seja a única pessoa que possa auxiliar minha equipe neste momento!
– Auxiliar? – perguntou Brentwood com ironia na voz. – Saiba que me aposentei recentemente, major. Não sou mais diretor da NSA.
– Mas ainda possui contatos, poder e influência aqui em Washington e no resto do país! Pode ter perdido o cargo, porém seu prestígio no governo permanece!
– Falando assim parece até que eu tenho mais poder que o próprio presidente dos Estados Unidos! Onde quer chegar, major?
– Meu time está com um problema. Um dos integrantes foi raptado em ação, e tudo leva a crer que ele foi levado para a China. O chefe de polícia de Metro City me disse que precisamos da autorização do governo para iniciarmos uma investigação fora do país, por isso vim até aqui!
– Ah, então foi o Farfield que me indicou? – sorriu John. – Ele é um bom homem, estudamos juntos no colegial... Bons tempos!
– Pode nos ajudar com a papelada ou não? – insistiu Redferme começando a se irritar.
– Ouça bem, major. Essas coisas levam algum tempo. Não posso resolver tudo num passe de mágica. Como deve saber, esta cidade é dominada pela burocracia. Se o presidente quiser jogar uma bomba em determinada nação do Oriente Médio ou simplesmente adiar seus compromissos para passar o dia jogando golfe, precisa antes assinar uma enorme pilha de papéis. Documentos, embromação. E depois falam que só existe corrupção no Terceiro Mundo... Por aqui também há sempre alguém querendo ganhar algo por baixo do pano!
– Não temos tempo a perder! Neste exato momento um dos meus comandados pode estar sendo torturado sadicamente em algum lugar da China! Eu e minha equipe precisamos agir rápido se quisermos salvá-lo!
– Então lamento, pois não posso lhes garantir algo sem que tenham paciência de esperar...
– Paciência? Escute aqui, seu “engravatadinho”! Se não quiser nos ajudar, agiremos por conta própria! Não é um sujeito hipócrita como você que nos impedirá de resgatar um amigo com vida!
– Vocês não podem agir fora do país sem autorização! – argumentou Brentwood, exaltado. – Estarão violando inúmeras leis! A China não é jurisdição de um grupo de policiais que se acham justiceiros!
– Um integrante da equipe foi seqüestrado e estou dizendo que nós chegaremos ao fundo disso, com o consentimento do governo ou não! – bradou Redferme dando um forte soco na mesa.
Nesse instante o interfone sobre o móvel emitiu um “bip”. John recebeu a chamada pressionando um botão no aparelho, e a voz da secretária ganhou a sala:
– Senhor Brentwood, o senhor Craig aguarda na linha dois!
– Já irei atendê-lo! – respondeu o ex-diretor da NSA, voltando-se em seguida para o líder do Charlie. – Como pode ver, tenho que cuidar de assuntos mais importantes! Até logo, major!
Tomado por incomparável ódio, Redferme levantou-se da cadeira, caminhando até a porta, punhos fechados e pensamentos negros. Voltando à ante-sala do escritório, viu que havia agora uma bela jovem de cabelos loiros diante da secretária de Brentwood, sendo que esta última falava ao telefone. Antes que o comandante do time Charlie pudesse sair para o corredor, a recém-chegada chamou-o:
– Major Redferme!
O policial virou-se na direção da mulher, que disse num sorriso:
– Perdoe-me, mas não pude deixar de ouvir a discussão. Sou promotora pública, e creio que possa ajudar você e sua equipe!
Esperançoso, o major leu em voz alta o nome presente no crachá usado pela jovem:
– Sherry Birkin!
Tentou abrir os olhos, porém não obteve sucesso. Estava fraco demais. Com certa dificuldade conseguiu tatear o rosto, e percebeu que haviam lhe arrancado o tapa-olho. Malditos desgraçados! Se ao menos pudesse saber quem eram!
Em seguida tocou o chão frio sobre o qual se encontrava sentado. Em sua mente, apenas a preocupação com a filha e os colegas de equipe. Ele fora apenas o primeiro. Como gostaria de poder alertá-los sobre o risco que corriam! Mas não podia. Andrei Drakov fora domado e, por mais que negasse, morreria se ninguém viesse tirá-lo daquele inferno.
Súbito, a porta da cela se abriu. O prisioneiro sabia muito bem que era ele. Viera examinar sua futura cobaia. Teve ainda mais certeza quando ouviu a ofegante respiração do indivíduo. Precisava sair dali de alguma maneira... A esperança, entretanto, diminuía a cada segundo...
Redferme mal conseguia crer que estava de frente para Sherry Birkin, a mulher responsável pela condenação de inúmeros ex-cientistas da Umbrella. Uma pessoa realmente disposta a lhes prestar auxílio.
– Posso arranjar os passaportes, isso não será problema! – disse ela num tom calmo que ajudava a diminuir a tensão do major. – Quanto ao avião, conversarei com um amigo meu. Ele se chama Ernest Adams, agente do FBI.
– Minha equipe já o conhece... – murmurou o líder do Charlie. – Por enquanto, gostaria apenas de agradecer pelo que está fazendo, senhorita Birkin...
– Por favor, chame-me de Sherry!
O policial sorriu. Os S.T.A.R.S. de Metro City haviam acabado de ganhar uma imprescindível aliada.
Continua...
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