Charlie Team 2 - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 3
Capítulo 2




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Capítulo 2

Um pedido de socorro.

Setor residencial oeste de Metro City, quatro da manhã.

Aiken Frost, integrante da equipe Charlie, dormia tranqüilamente em sua casa após exaustivo dia de trabalho, mesmo sem nenhuma ocorrência. Suas fiéis pistolas Twin Bears se encontravam embaixo do travesseiro para uma eventual emergência, como ocorrera alguns meses antes, quando a residência do ex-agente da KGB fora invadida por criminosos.

De repente, o russo, que sonhava com sua falecida esposa, foi despertado por um incômodo barulho. Resmungando na língua eslava, Aiken percebeu que o som era emitido pelo telefone situado sobre o pequeno móvel ao lado da cama. Intrigado em relação à pessoa que lhe telefonava em plena madrugada, o infiltrador atendeu à ligação, certo de que seria engano, senão um trote.

         Alô? – exclamou ele, sonolento.

         Andrei, é você? – perguntou uma voz familiar do outro lado da linha, aparentemente tensa.

         Espere aí... Igor, é você?

         Sim, sou eu!

         Camarada, há quanto tempo!

O pai de Vitória falava com Igor Viennikov, ex-general do Exército Vermelho e um dos grandes amigos de Aiken durante o período em que trabalhara para a KGB. Após o fim da Guerra Fria, o militar russo optou por morar nos EUA, onde se tornou um importante consultor militar do Pentágono. A Casa Branca não tomava qualquer tipo de decisão estratégica em relação à Federação Russa sem antes consultá-lo. Quando Frost teve sua família assassinada por seus próprios colegas de trabalho, fora Igor quem o aconselhara a buscar refúgio na América.

Porém, naquele momento Viennikov não parecia disposto a botar a conversa em dia:

         Andrei, estou precisando de ajuda! Querem me matar!

         Como assim? – espantou-se Aiken.

         Começou há algumas semanas. Homens suspeitos começaram a rondar minha casa em Washington, e resolvi passar um tempo aqui em Metro City. Mas eles conseguiram me encontrar, e chegaram a invadir o quarto de hotel em que eu estava hospedado à minha procura! Por sorte não me acharam lá, entretanto, há pouco vi alguns deles me seguindo! Preciso que me auxilie, Andrei!

         Você acha que são eles? Os mesmos que mataram minha família?

         Antes fossem! É muito mais complicado que isso! Venha rápido! Estou no Metrostate Park, perto da estátua do fundador da cidade!

         Não se preocupe, Igor! Estou a caminho!

O membro do Charlie desligou o telefone com o coração aos pulos. Foi quando se lembrou dos assassinatos de oficiais do Pentágono que vinham ocorrendo há aproximadamente uma semana. Tudo indicava que Viennikov seria a próxima vítima...

Aturdido, Frost trocou de roupa rapidamente e apanhou suas Twin Bears. Armou-se também com uma granada, caso a situação ficasse ainda mais crítica. Vitória, ouvindo o barulho provocado pelo pai, levantou-se e seguiu de camisola até o quarto deste, perguntando, assustada:

         O que está acontecendo? Os S.T.A.R.S. foram chamados?

         Depois eu explico, filha! – respondeu o russo beijando a testa da jovem. – Prometo que volto logo!

E, deixando para trás uma atônita Vitória, Aiken saiu sem demora da casa guiando sua moto Harley, seguindo em alta velocidade pelas ruas desertas dos subúrbios até o centro da cidade.

Salão Oval, Casa Branca, Washington, D.C., EUA.

Em sua mesa, o presidente Roger Jackson lia alguns papéis, exausto. Precisava muito descansar, mas ainda havia assuntos de extrema importância a serem resolvidos. Bocejando, o homem no comando do país viu a porta do recinto se abrir. Um homem loiro de terno e fone no ouvido ganhou o local, caminhando até seu superior. Notando o esgotamento deste, o recém-chegado disse:

         Vá descansar, senhor! Ninguém é de ferro!

         Você tem razão, Max... – respondeu Jackson se levantando. – Eu resolverei esse problema pela manhã. Tenho que dormir um pouco, ou acabarei desmaiando diante da imprensa!

         Sábia decisão, senhor!

         E, Craig, pare de me chamar assim! Servimos juntos na Bósnia, lembra? Não existem formalidades no campo de batalha!

         Mas não estamos mais numa guerra, Roger...

         A presidência em si é uma guerra! – afirmou o governante saindo do salão. – Boa noite, Max!

         Boa noite, senhor presidente!

Vendo-se sozinho no local, Max Craig, chefe do Serviço Secreto dos Estados Unidos, abriu um amplo sorriso. Apanhou sem demora seu telefone celular, digitando um número velozmente. Após duas chamadas, alguém atendeu do outro lado da linha:

         Alô?

         Aqui é Craig. Vocês encontraram o maldito Viennikov?

         Ele está no Metrostate Park. Nossos homens o eliminarão em questão de minutos.

         Eu não tolerarei mais nenhum erro, entendeu bem? Se alguma conexão entre nós e esses assassinatos vier a público, tudo estará acabado! Fui claro?

         Sim, Max!

         OK, ligue para mim assim que esse russo dos infernos estiver no outro mundo! Precisamos nos reunir com urgência aqui na capital!

         Algum imprevisto, senhor?

         Um dos nossos sócios está agindo impulsivamente, colocando tudo a perder... Você sabe muito bem o que houve no Hotel Metrostate antes de ontem...

         Aquele italiano desgraçado...

         Não se preocupe! Esse problema será solucionado! Agora se concentre na morte de Viennikov, entendido?

         Certo, desligo!

A ligação foi encerrada. Craig guardou o telefone, olhando de forma apreensiva ao redor. Continuava sozinho. Fitou em seguida a mesa do presidente Jackson, de onde todo o país era comandado. Mesmo não aparentando, Max estava tão cansado, senão mais, que seu amigo Roger. Arquitetara um plano perfeito, o qual com certeza seria considerado um dos mais ardilosos da História se algum dia viesse à tona, e muitas pessoas tinham interesse nele. Atender às exigências de todas estava sendo difícil, mas Craig precisaria da ajuda fornecida por seus aliados quando a revolução tivesse início...

Atraído pelo charme do poder, o chefe do Serviço Secreto caminhou até a cadeira de Jackson. Após breve hesitação, Max sentou-se nela, rindo enquanto cruzava os braços atrás da cabeça. Muito em breve se acomodaria ali definitivamente, e ninguém poderia fazer nada para impedi-lo. Na verdade, ele até já havia nomeado a série de acontecimentos que desencadearia junto com seus sócios assim que o momento certo chegasse... “Armagedom”.

O som emitido pelo motor da Harley rompia o silêncio das vias próximas ao Metrostate Park. Aiken mal conseguia se concentrar em pilotá-la devido à enorme preocupação com o velho amigo. Logo à frente, as árvores de folhas caídas refletindo o outono anunciavam que o objetivo do infiltrador estava próximo. Em questão de instantes a moto parou diante do grande portão aberto do parque. Frost precisava se apressar.

O pai de Vitória estacionou o veículo na calçada e caminhou rapidamente para dentro do local, mãos enfiadas dentro dos bolsos da jaqueta. Uma brisa gélida atingiu o rosto do russo, fazendo-o se lembrar da aterrorizante missão nos arredores da cidade meses antes. Procurando aliviar um pouco a tensão, Aiken passou a observar o lugar conforme andava.

Olhou primeiramente para as árvores já mencionadas, as quais haviam perdido sua folhagem assim como um réptil troca de pele, para que depois do inverno voltassem a ficar verdes, gerando flores e frutos. Fitou em seguida os bancos de madeira presentes em todo o parque. Num deles o membro do Charlie viu um mendigo dormindo sob um cobertor sujo e rasgado. Compadeceu-se, mas não podia perder tempo. Igor corria sério perigo e Aiken tinha de lhe prestar auxílio.

Percorrendo mais alguns metros, Frost logo avistou a estátua de John Metrostate, fundador da cidade, ficando ainda mais apreensivo ao não ver Viennikov no ponto de encontro. Temendo pela vida do ex-general soviético, o infiltrador contornou o monumento, pronto para sacar suas fiéis e mortais Twin Bears a qualquer momento, até finalmente encontrar o consultor do Pentágono sentado num banco próximo.

         Graças a Deus, pensei que não viesse mais! – disse Igor, levantando-se rapidamente.

         Eles te seguiram até aqui? – perguntou o recém-chegado em voz baixa.

         Sim, estão à espreita, não me resta muito tempo... – afirmou o militar, trêmulo.

O integrante do S.T.A.R.S. estava assustado. Conhecia Viennikov há anos, e nunca o vira daquele jeito. O bravo e irredutível general do Exército Vermelho fora dominado pelo medo. Confuso, Aiken indagou:

         Mas por que estão te perseguindo? O que você fez?

         É um plano! Algo diabólico! Eles estão tramando algo grande, Andrei!

         Eles quem?

         Eu elaborei uma lista de nomes, baseado nas informações que obtive a partir de alguns informantes... – explicou o consultor entregando uma folha amassada de papel ao amigo. – Infelizmente, todos que me auxiliaram estão mortos neste momento!

         Mas...

Ouviu-se um estampido. Igor gemeu, caindo sobre o concreto. Sangue jorrava de seu pescoço. Um disparo fatal. Lamentavelmente, Frost não fora capaz de salvá-lo...

Assim que percebeu o ocorrido, o membro do time Charlie rolou agilmente para a esquerda, escapando da bala que o tinha como alvo. O policial sentiu seu coração disparar, ao mesmo tempo em que via um vulto atrás de um arbusto. Xingando em russo, Aiken sacou suas Twin Bears e abriu fogo sem piedade contra o provável assassino de Viennikov. Após cinco disparos, o pai de Vitória ouviu um grito agonizante, buscando abrigo atrás de um banco. Com certeza viriam mais.

O soldado estava certo. Novas sombras surgiram pelo parque, rápidas e ameaçadoras. Em poucos segundos, o ex-agente da KGB elaborou um plano de ação. Deixando seu refúgio, correu até a estátua do fundador de Metro City, atirando sem parar. Os assassinos reagiram à altura, mas Aiken conseguiu derrubar um deles sem ser atingido por nenhum disparo.

Escondido agora atrás do memorial, Frost colocou mais balas em suas armas, voltando à guerra logo depois. Usando o monumento como cobertura, o russo aniquilou mais um inimigo com dois tiros certeiros. Aparentemente, restava apenas um, armado com uma submetralhadora.

         Seus desgraçados! – bradou o infiltrador, fitando brevemente o corpo inerte de Igor.

O criminoso restante tentou contornar a estátua para pegar o combatente do S.T.A.R.S. de surpresa, mas este último frustrou seus planos com três disparos bem mirados. Ofegante, Aiken sentou-se no chão, olhando para o cadáver do meliante. Curiosamente, ele usava roupa tática bastante parecida com aquela trajada pelos homens que haviam invadido a casa do ex-espião há alguns meses. Tentando organizar suas idéias, o russo estabeleceu a próxima meta a ser cumprida: voltar até a moto parada na entrada do parque, na qual guardara um rádio através do qual poderia contatar os outros membros da equipe Charlie.

Erguendo-se sem demora, Frost começou a correr para fora dali. Realmente estava em maus lençóis. Pensou que talvez tudo aquilo tivesse algo a ver com a misteriosa invasão do Hotel Metrostate realizada por Antony Werb. Buscando respostas, resolveu ler a lista de nomes fornecida pelo falecido amigo:

Dr. Kian Lee

Dr. Mário Petroni

Alexander Colt

Bartolomeu Dracul

John Brentwood

Max Craig

Que plano malévolo unia aquelas pessoas? O que realmente pretendiam? Naquele instante Aiken não tinha tempo para elaborar qualquer tipo de teoria. Seu único objetivo era comunicar o ocorrido a seus companheiros antes que fosse tarde demais...

A passos rápidos, o ex-agente da KGB logo chegou ao portão do parque. Aliviou-se ao ver que sua moto ainda se encontrava na calçada, mas ao se aproximar da Harley para apanhar o rádio, ouviu algo caindo no chão atrás de si.

         O que é isso? – indagou o russo, virando-se.

Frost viu que um artefato metálico parecido com uma granada havia caído perto de seus pés. Em seguida um som acusou o pior: um gás desconhecido estava sendo liberado pelo objeto, formando rapidamente uma nuvem esverdeada no ar. O infiltrador tampou o nariz e a boca com uma das mãos tentando se proteger da ameaça, porém tal esforço se mostrou inútil. Em poucos segundos Aiken perdeu as forças e caiu sobre a calçada, tossindo sem parar. Seus olhos ardiam, e a última coisa que viram antes de se fecharem foram dois misteriosos vultos se aproximando entre risadas...

Continua...


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