Charlie Team 2 - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 16
Capítulo 15




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Capítulo 15

A ponta do iceberg.

O céu estava escuro e nublado quando o helicóptero Black Hawk aproximou-se do heliporto no terraço da clínica do doutor Kian Lee, um moderno prédio de doze andares situado na região das docas de Hong Kong. Algumas nuvens ainda eram iluminadas dentro de certos espaços de tempo devido a relâmpagos distantes. A aeronave pousou, suas hélices sendo desligadas. E de dentro dela saiu primeiramente o agente Sniper Nemesis, munido de sua Desert Eagle. Logo depois veio Slaughter, sua Magnum em mãos, e então os demais soldados a serviço da Interpol, portando rifles e metralhadoras. Todos eles, no total, somavam oito combatentes.

         Você disse que o edifício está interditado, portanto vazio, correto? – perguntou o brasileiro ao italiano.

         Sim, isso mesmo! – confirmou o ex-mafioso.

         Acho bom... Eu odiaria estourar os miolos de algum médico ou enfermeiro desavisado por engano!

Sniper deu uma breve risada e, num gesto com o braço, indicou o caminho que deveriam tomar: havia uma pequena estrutura de concreto ao lado do local de pouso com a entrada do que parecia ser um elevador. O grupo rumou até ela, examinando um painel que havia logo ao lado. Nemesis pressionou um botão para chamar o transporte, porém nada aconteceu, e o mecanismo tampouco aparentou funcionamento. Slaughter já foi abrindo sua mochila, dizendo irritado:

         Sou a favor de abrirmos essa coisa com uma boa carga de C-4...

         Acho que não será preciso! – respondeu o líder da equipe, dotado de uma estupenda audição desenvolvida no decorrer dos anos, ouvindo o que parecia ser o som do elevador subindo.

Dito e feito: as portas metálicas deslizaram, revelando o interior do compartimento, no teto do qual piscava uma lâmpada branca com defeito. Parecia ser um prenúncio do eventual ambiente sórdido daquela clínica... E Sniper e Slaughter dificilmente conseguiam ser otimistas. Entraram no elevador, cujo espaço interior, razoavelmente grande, conseguiu comportar todo o time. Um dos mercenários contratados pressionou o interruptor para que o transporte se fechasse e em seguida descesse.

         Eu tenho um mau pressentimento quanto a isso... – afirmou o brasileiro, verificando as balas no tambor de sua Magnum.

Em meio à quase completa escuridão, ela segurava a lanterna com os dentes, o facho de luz apontado para a gaveta de arquivo aberta, enquanto manuseava as pastas e documentos nela contidos com as duas mãos livres. Sua experiência na área de investigação vinha-lhe sendo bem útil, ainda mais estando perto de desvendar uma conspiração tão intrincada quanto aquela...

Ergueu os dedos rapidamente para remover alguns fios de seu cabelo ruivo que lhe haviam caído sobre os olhos verdes, e então tornou a remexer os papéis, boa parte deles esquecidos ali já fazia grande tempo. Um fatal erro de seus inimigos. Através do que descobrisse ali, ela poderia derrubá-los a partir de seus próprios alicerces...

Estava muito perto de descobrir toda a verdade, perto de comprovar ou não todos os rumores, todos os boatos, todas as teorias... Ela estava chegando ao fundo de tudo aquilo...

Apanhou uma pasta mais grossa que as demais, retirando-a de dentro do armário, apoiando-a sobre uma das gavetas fechadas, e começou a folhear seu conteúdo. Ela procurava nomes, dados precisos... Todavia, assim que leu uma denominação em particular que se repetia com freqüência por todo o texto, ela teve certeza de que encontrara o que tanto procurava...

“Royal-5”.

Utilizando a lanterna, preparava-se para um exame mais minucioso do documento, quando ouviu um barulho. Era o elevador no corredor do lado de fora do escritório, e ele acabava de chegar justamente àquele andar. Quem poderia estar utilizando-o? Surpresa, ela concluiu que alguém poderia saber que estava ali, talvez a houvesse seguido, e provavelmente não deixaria que saísse viva daquele prédio com as informações recém-obtidas.

         Droga! – praguejou baixinho, desligando a lanterna e indo se esconder na penumbra da sala, junto a uma mesa.

Ela temeu que houvesse complicações. Mas ora, sua vida já não era feita de complicações?

A descida terminou e o elevador se abriu, os oito soldados caminhando alertas para fora. O lugar estava completamente escuro. Sniper Nemesis acoplou rapidamente um par de lentes de visão noturna aos olhos e, depois de vistoriar o ambiente, encontrou uma caixa de força junto a uma das paredes. Virou-se e fez um gesto para um dos combatentes de aluguel, perito em dispositivos eletrônicos, que compreendeu imediatamente a mensagem: dirigiu-se até ela e, abrindo-a, fez com que as luzes de todo o andar se acendessem depois de manusear alguns fios. Agora seria mais fácil vasculhar a área.

O time se dividiu em quatro grupos menores de dois integrantes cada um, que seguiram para diferentes salas, tornando a busca mais rápida. Sniper e Slaughter, juntos, adentraram um escritório próximo, repleto de papéis e objetos jogados pelo chão e pelos móveis. Parecia que mais alguém estivera procurando algo ali recentemente. O italiano seguiu até uma gaveta de arquivo aberta e perguntou:

         Será que temos companhia?

         Bem, sendo companhia humana... – sorriu o brasileiro.

Iam começar a averiguar os documentos, poderia existir algo bastante esclarecedor ali, quando um outro integrante da equipe entrou no lugar, informando ao líder:

         Encontramos algo, senhor! Acho que deveria dar uma olhada!

Os dois acompanharam o mercenário até o que aparentava ser uma sala de reuniões, pois havia uma mesa de mármore no centro rodeada de cadeiras estofadas. Ao fundo, os soldados haviam empurrado uma estante um tanto suspeita e encontraram, atrás dela, uma porta de metal fortemente lacrada. Viram um painel de acesso ao lado dela, contendo um aparelho de leitura de retina e um teclado numérico para a inserção de algum tipo de código.

         Será que explosivos dão conta? – inquiriu Slaughter.

         Creio que não, a blindagem é reforçada! – constatou Nemesis, dando um leve soco na superfície do obstáculo. – Sem a senha de acesso e o olho de alguém autorizado, não poderemos cruzá-la!

         Talvez eu possa ajudar!

A voz era de uma mulher. Todos se voltaram para a entrada da sala e viram uma linda jovem ruiva de olhos cor de esmeralda e estatura média, braços cruzados e uma expressão facial astuta. Trajava uma veste tática apenas um pouco diferente da usada pelos membros do time invasor e, levando em conta seu sotaque, era provavelmente natural da Grã-Bretanha.

         Quem é você? – desejou saber Sniper, arma apontada para a moça.

         Podem me chamar de “Agente Maya” – respondeu a inglesa num sorriso. – Esse é meu codinome. Bastará por enquanto.

         Também está investigando as atividades desta clínica? – indagou Slaughter.

         Sim, há mais tempo que vocês...

Ela então levou uma das mãos até um dos bolsos, enquanto comentava:

         Isto vai parecer um pouco mórbido, rapazes, mas...

E de dentro dele retirou um pequeno saco plástico transparente... Contendo um olho humano conservado! Apesar de atônitos, todos os homens presentes abaixaram as armas, observando Maya caminhar até o leitor óptico ao lado da porta lacrada. Ela posicionou com uma das mãos o globo ocular ensacado na frente do mecanismo, ao mesmo tempo explicando:

         Há alguns dias eu descobri o corpo de um dos assistentes pessoais do doutor Kian Lee. Ele foi assassinado em alguma espécie de operação de queima de arquivo. Por sorte, encontrei todos os códigos deste prédio no computador que ele usava e, sabendo que também teria de passar por verificadores de retina...

         Arrancou cirurgicamente o olho do cadáver! – concluiu Nemesis.

         Exatamente. Não costuma ser muito meu estilo, mas...

O procedimento foi concluído e em seguida o sistema de segurança pediu o código de acesso. Maya inseriu-o num piscar de olhos, e a pesada porta blindada começou a mover-se devagar para dentro da parede. O caminho estava livre, e todos perceberam se tratar de mais um elevador.

         Há algo mais que você saiba que deva contar para nós? – perguntou Sniper.

         Na verdade sim, porém vamos chegar ao fundo disto antes que eu conte a vocês! – respondeu a jovem, já entrando no novo transporte.

         Está bem. É justo.

Eles adentraram o elevador e pressionaram um dos botões, começando a descer. O trajeto levou um tempo considerável, indicando que provavelmente estavam se dirigindo para o subsolo da clínica. Realizar certas atividades embaixo da terra era uma estratégia comum para mantê-las secretas, pensou Slaughter. Só começavam a temer o que iam encontrar lá embaixo...

A caixa metálica chegou ao seu destino, fazendo tudo tremer. As portas se abriram, revelando um corredor do lado de fora. Além das paredes de concreto, havia apenas uma porta eletrônica no final, seu painel defeituoso soltando faíscas. Ela se abriu automaticamente assim que chegaram perto o bastante.

O setor que ganharam a seguir se assemelhava a uma ala hospitalar. Tratava-se de um corredor em forma de “X”, ao longo do qual havia vários vidros que deixavam à vista, do outro lado, leitos vazios. Tudo, porém, possuía um aspecto terrivelmente abjeto: as paredes de azulejos brancos estavam todas manchadas de sangue, assim como as camas onde outrora deviam ter sofrido inúmeras pobres cobaias de algum tipo de experimento insano. Tudo indicava que aquele local fora a base de testes de um médico inescrupuloso. Um verdadeiro monstro.

Perturbados, eles avançaram para a porta numa das extremidades do corredor, Maya inserindo um outro código para abri-la. Atravessaram-na, vendo-se então numa grande sala de paredes beges enegrecidas, piso também descuidado... E, no centro, em quatro câmaras de criogenagem dispostas em forma de quadrado, encontravam-se, em estado de hibernação, seres humanos de aparência horrorosamente distorcida... Pele pastosa, dedos das mãos e pés transformados em membranas, ausência de nariz, olhos transformados em globos totalmente negros e opacos... Dignas criaturas do inferno.

         E não é que o doutor Lee também tem seus esqueletos escondidos no armário? – Slaughter era pura ironia.

         Que tipo de experiências eram realizadas neste lugar? – questionou o ex-mafioso, aproximando-se de uma atordoada Maya.

         Eu, eu... Não sei ao certo. Eu descobri apenas que o doutor Lee estava utilizando terapia celular para outros fins além de combater o câncer...

         Pelo que eu posso observar, esse doutor na verdade é um câncer!

         Na verdade... O doutor Lee é apenas a ponta do iceberg!

Só então Maya revelou-lhes a pasta que carregava consigo, obtida no escritório. Com um olhar firme e sério, entregou-a para os combatentes, dizendo em tom grave:

         Aqui vocês podem encontrar algumas respostas...

Sniper Nemesis tomou o documento em mãos, mas quando começava a lê-lo, um ruído estranho foi ouvido no local. O esquadrão olhou apreensivo ao redor, procurando sua origem, até que se seguiram mais sons, que identificaram como sendo de algum tipo de maquinário ou dispositivo... E quando deram por si, o líquido no qual repousavam as bizarras criaturas nos tubos começou a ser esvaziado... Todos se agruparam, inclusive Maya, já aguardando o pior.

De qualquer forma, realmente houvera complicações. E eles teriam de reagir.

Continua...


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