Charlie Team 2 - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 11
Capítulo 10




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Capítulo 10

Os segredos de Fong.

Quando os caminhões chegaram ao hotel no centro da cidade, a chuva já cessava. Os integrantes da equipe Charlie adentraram o luxuoso saguão do estabelecimento, iluminado por vários lustres dourados no teto. Próximo ao balcão de mármore onde funcionava a recepção, havia um grande e bonito aquário repleto de peixes marinhos, que encantavam qualquer pessoa que ali chegasse.

Os policiais, molhados devido à tempestade, foram recebidos por um grupo de funcionários trajando uniformes vermelhos, que traziam, de forma solene, toalhas para que os recém-chegados se enxugassem.

         Já vi que o atendimento daqui é de primeira! – sorriu Leon, apanhando uma delas.

         Agradeça ao general! – disse MacQueen, olhando para Piang, que ainda era acompanhado por Fong Ling. – Eu me pergunto sobre que parentesco ele tem com ela... Será seu pai? Tio?

         Hei, vejam! – exclamou Adam, apontando para uma espécie de loja dentro do hotel. – Eles têm sua própria videolocadora! Vou ver se pego algo para assistirmos enquanto estivermos hospedados aqui!

Groove se afastou do grupo, ao mesmo tempo em que o major Redferme falava com o atendente da recepção:

         Creio que o general Piang já providenciou nossos quartos, certo? – perguntou o líder do Charlie.

         Sim – respondeu o chinês, semblante simpático. – Sua equipe ficará devidamente acomodada nos dois últimos andares do prédio! Já podem subir pelos elevadores se quiserem, nossos empregados levarão a bagagem!

         Obrigado.

Nisso, William Hayter percebeu que Vitória Drakov não estava mais junto deles. Olhou rapidamente ao redor, preocupado, até encontrá-la sentada num banco junto a uma parede, cabisbaixa e aparentemente chorando. O franco-atirador correu até a amada sem demora, abraçando-a.

         Não chore... – pediu ele, procurando consolá-la.

         Meu pai, William... – suspirou a jovem, limpando o rosto. – Eu estou com tanto medo de perdê-lo...

         Pense positivo! Nós o resgataremos são e salvo, tenha certeza disso! Agora, por favor, não chore...

A ruiva afundou sua face no peito do namorado, procurando ao máximo afastar os pensamentos ruins. Porém estava sendo desafiador. Não só para ela, mas para todos os integrantes da equipe. Aiken era parte da família, um irmão. Perdê-lo seria algo inaceitável.

         Vamos subir, William! – exclamou Raphael Redfield, chamando o colega de equipe com um gesto.

Hayter e Vitória, de mãos dadas, acompanharam o resto do grupo até os elevadores.

O silêncio era completo a bordo do helicóptero que transportava a família presidencial rumo a Metro City. Cabisbaixo e com as mãos unidas, Roger Jackson, sentado entra a mulher e a filha, pensava no que seria delas e da nação caso falecesse. Tudo por causa de um maldito câncer...

De repente, o governante dos EUA viu que o co-piloto da aeronave deixara a cabine e caminhava até eles. O rapaz possuía uma expressão simpática no rosto, e Roger, sempre amistoso, sorriu em resposta. Até que, discretamente, Kate cutucou-lhe o ombro, informando-o em voz baixa e amedrontada:

         Papai, ele está segurando algo...

Olhando com maior atenção, Jackson notou que o desconhecido mantinha a mão direita oculta atrás das costas, como se quisesse esconder alguma coisa. Estranhando tal comportamento, o presidente se levantou a tempo de observar o co-piloto revelar o que segurava: uma seringa contendo um líquido avermelhado.

         Afaste-se de mim e de minha família! – exclamou Roger, compreendendo tudo.

Ele e o sujeito se confrontaram numa breve luta corporal, que terminou quando o homem de más intenções fincou a agulha do frasco no pescoço do governante, fazendo-o desmaiar imediatamente. Kate gritou de horror, e a mãe abraçou-a, trêmula e chorosa.

         Qualquer gracinha e eu as jogarei do alto deste helicóptero, entenderam? – ameaçou o co-piloto.

As duas mulheres moveram a cabeça para mostrar que estavam cientes disso. O autor da agressão retornou à cabine, rindo maldosamente. A trajetória do helicóptero foi alterada no mesmo instante.

Hong Kong.

No hotel, os integrantes da equipe Charlie já se encontravam em suas confortáveis suítes. No quarto de uma delas, Fong Ling e o general Piang entraram silenciosamente, cabisbaixos e pensativos. O militar chinês fechou a porta, desejando que ninguém os incomodasse. Através de uma grande janela, o oficial, mãos cruzadas atrás da cintura, passou a observar o panorama da metrópole costeira, com a luminosa torre do Banco da China se destacando na floresta de arranha-céus.

         Hong Kong... – suspirou o ancião. – Ela é nossa já há alguns anos, mas ainda não me habituei a relacionar essa paisagem genuinamente capitalista com a China da Revolução... Os tempos realmente mudaram... Daqui a algum tempo hambúrgueres do McDonald’s serão servidos durante as reuniões do Partido Comunista...

         Creio que agora o senhor sabe como é minha vida na América... – afirmou Fong, sentando-se na cama macia coberta por um edredom possuindo belos desenhos de dragões. – A China, assim como os Estados Unidos, tornou-se uma potência...

         Não chame mais a “Terra do Tio Sam” de potência, minha cara! – corrigiu Piang num tom um pouco rude. – O tempo dos EUA como potência mundial já passou! Entramos numa nova era, na qual o Dragão Chinês polarizará todas as nações do planeta!

         A China muda, mas o senhor sempre continua o mesmo... – disse Ling numa risadinha.

Vencido pela verdade, o general patriota abriu um sorriso.

         É, você está mesmo certa...

Enquanto isso, na ampla sala de estar da suíte, Flag, andando em círculos impacientemente sobre o assoalho lustroso, olhava para a porta fechada do quarto a cada cinco segundos. Virando-se para Redferme, que digitava algo em seu laptop sobre uma mesinha, o capitão perguntou:

         O que será que eles tanto conversam lá dentro, hem?

         Os dois devem estar botando o assunto em dia, afinal não se vêem há muito tempo... – murmurou o major, sem tirar os olhos da tela de cristal líquido.

         Calma, cara! – exclamou Fred Ernest, esparramado num sofá. – Depois você fala com a Fong! Tenha um pouco de paciência!

Apesar do conselho, o capitão voltou a caminhar na mesma rota anterior, suas botas deslizando pela madeira. Simultaneamente, Adam Groove entrou na suíte, tendo em mãos três capas de DVD.

         Pessoal, aluguei alguns filmes para que possamos nos divertir hoje à noite!

         Legal! – sorriu Leon, aproximando-se. – Qual o gênero? Comédia? Ficção?

         Selecionei simplesmente a melhor trilogia já feita na história do cinema!

         Star Wars? – indagou Fred.

         Não! Tenho em minhas mãos a “Trilogia dos Mortos”, feita pelo mestre dos zumbis, George Romero!

         Ah, não! – reprovou Raphael Redfield. – Eu odeio “Madrugada dos Mortos”!

         É melhor do que ficar a noite toda nessa suíte sem fazer nada, e eu sempre custo a pegar no sono... – afirmou MacQueen. – Venham, o aparelho de DVD está ali naquela estante!

Os membros do time procuravam se descontrair e relaxar enquanto o perigo não chegava... Em breve viriam momentos tensos, portanto precisavam aproveitar intensamente aqueles instantes de sossego...

Casa Branca.

A porta do Salão Oval foi aberta. Um secretário de terno amarrotado e cabelos despenteados entrou rapidamente, segurando na mão direita uma série de folhas de papel encadernadas em espiral, que foram entregues a Max Craig, sentado na cadeira do presidente. O recém-chegado exclamou, enquanto o chefe do Serviço Secreto folheava os papéis:

         Finalmente terminei, senhor Craig, e ela está assim como o senhor queria!

         Excelente, Funner... – rosnou Max. – Agora dê já o fora daqui!

         Sim senhor!

O funcionário obedeceu, e o conspirador sorriu macabramente. Aquela era a nova Constituição que pretendia implementar no país. Qualquer pessoa diria ser um tanto precipitado já ter uma pronta antes mesmo de se tomar o poder efetivamente, porém o triunfo de Craig era quase certo. Só restava subjugar o Pentágono e a mídia... Mera questão de tempo.

Em Hong Kong, o general Piang saiu do quarto da suíte depois de mais alguns poucos minutos. Foi um alívio para o capitão, que precisava urgentemente conversar com Fong Ling. Ganhando o recinto após o militar se afastar da entrada, Flag viu a jovem de pé junto à janela, olhando para os prédios como o chinês fizera antes. O policial fechou a porta, aproximou-se da especialista em comunicações e perguntou:

         Tudo bem?

         Sim! – respondeu ela, sorrindo. – É bom estar de volta à minha terra natal... Minhas raízes se encontram aqui, agora estou novamente em contato com elas...

         E aquele senhor está incluído nelas? Quem é ele? Estou um pouco curioso...

A chinesa se sentou mais uma vez em cima da cama e começou a explicar:

         O general Piang, ele é... Meu pai...

         Seu pai? – exclamou o capitão, espantado. – Eu sempre pensei que fosse órfã, Fong! Essa informação consta na sua ficha da equipe e você também me disse isso uma vez em Metro City!

         Ele não é meu pai biológico... Eu apenas o considero um. Meus verdadeiros pais morreram quando eu ainda era bebê... Zan, na época tenente, era um grande amigo da família, e por isso me adotou... Fui criada dentro de um quartel no Tibet, sob a tutela do governo comunista. Recebi uma educação rigorosa e desde cedo fui treinada para ser uma combatente. Piang tinha muito orgulho de mim.

         Eu... Não sabia disso...

         Aos dezoito anos, entrei para o Serviço Secreto do país. Meu trabalho era evitar que segredos de Estado fossem descobertos por pessoas erradas, e também eliminar opositores do governo. Foi um período difícil, que culminou naquela missão...

Fong parecia abalada, e subitamente interrompeu seu relato. Flag, preocupado com a colega de equipe, indagou:

         O que há de errado?

         Eu não quero falar sobre isso... – replicou a jovem firmemente, levantando-se. – Pelo menos não agora... Não estou pronta.

         Entendo... Venha, vamos até a sala de estar! Precisamos descansar um pouco antes de irmos encontrar a delegada Zang!

         OK...

E deixaram o quarto, ouvindo um trovão. Recomeçara a chover.

Continua...


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