Sexo, Escola e Rock And Roll escrita por Fernanda Lima


Capítulo 27
Em seu Paraíso


Notas iniciais do capítulo

* Versão de Sabrina van Gerard *



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Perfeição.

Como alguém designaria essa palavra, que não pode jamais se remeter à qualquer coisa que exista?

Se não se pode definir a Perfeição, tampouco se pode fazê-lo com a Imperfeição.

Se a Imperfeição, principalmente da alma humana, é a raiz de todos os problemas que nos envolvem, não poderemos nunca saber a causa de nossos defeitos, e muito menos resolvê-los.

Portanto, era perfeitamente aceitável que todos tivessem falhas.

– Sabrina. - Falhas... - Você está chorando?

"Sempre", quis responder. Logo me arrependi desse pensamento, pois deveria muito mais agradecer por tudo o que estava recebendo, mais do que tivera em toda a minha vida.

– Não. Você está?

– Não. - Ela soluçou. Mas eu já sabia que era mentira.

Seus passos se aproximavam. Eu não olhava para a porta, apenas observando o mar agitado e a forte chuva que batia na janela de vidro.

– Está brava comigo?

– Você está?

– Não estou brava com você.

– E consigo mesma?

Ela se calou por um momento. Sentia que estava em pé atrás de mim.

– Eu... - Ela tocou em meu braço. Não quis olhar para ela. Não queria ver sua expressão tristonha, não queria ver sequer um pingo de sofrimento em seus olhos.

Vendo minha resistência, ela tentava se aproximar ainda mais. Acariciou meus cabelos, encostou seu corpo no meu. Meus braços se arrepiavam com seu toque.

– Eu não quero ficar longe de você. Melhor, não quero que você fique longe de mim... mesmo próximas desse jeito, você está sempre tão distante...

Por fim, me virei. Meu coração batia rápido demais.

Ela sorria. Ainda restavam lágrimas em seus olhos, mas seu sorriso era sincero, honesto, e mesmo inocente.

Por segundos que não contei, mergulhávamos nos olhos uma da outra, buscando com esse pequeno gesto anular qualquer barreira que se erguesse entre nós.

Eu não conseguia ver tristeza naquele olhar. Qualquer mágoa. Eu sabia que ela as possuía, mas é como se esquecesse tudo. Ou melhor, como se perdoasse tudo. Tal qual uma criança, para quem ofensas não duravam mais do que até a próxima pequena fonte de alegria, por mais simples que fosse.

Eu sabia que ela podia me ver tão bem quanto eu a via. Sabia que ela enxergava em mim tudo aquilo que não tinha: rancor, melancolia, reflexão. E tudo o que eu não tinha estava naquele olhar, de cor naturalmente avermelhada e acentuada pelos reflexos, parecendo estar em brasa.

– Seus olhos... às vezes parecem que são de gelo. - Ela disse, baixo e espontaneamente.

Minha pequena chama, ela era...

Encerrei aquele momento de profundidade inexplicável com o beijo mais apaixonado que jamais havia dado. Ela retribuía, delicada, mas firme.

Ela andava para trás, e eu a seguia. Esbarrei na cama. Me empurrou sobre ela, deitando-se sobre mim. Eu sabia que ela não ia tentar nada. Era muito inocente. Às vezes, tinha uma aura até infantil.

Após algum tempo, se deitou ao meu lado. Olhávamos uma para a outra. Ela, com seu sorriso doce e brincalhão, praticamente inabalável. Nossas mãos estavam fortemente entrelaçadas, eu podia sentir suas unhas compridas arranhando levemente os nós dos meus dedos.

Uma brisa bateu, e uma mecha de seu cabelo voou em meu pescoço, fazendo cócegas.

– Sabrina... - Com os olhos arregalados, ela se mostrava supresa.

– O que foi?

– Você sorriu... - Ela encostou sua testa na minha. - Eu te amo, muito... - Sussurrou.

– Eu te amo mais... - E nos beijamos.







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