Anjo Caído escrita por yumesangai


Capítulo 23
O último mensageiro


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que faz alguns anos desde a última atualização, mas hey... faltava tão pouco para concluir.



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“Armisael, logo nesse momento”. Kaworu aperta as mãos, olhando de dentro do EVA, para o arco flutuante. 

 

Dessa vez Shinji não estava com eles. Ao seu lado a unidade 00.

 

—O que estamos vendo não é a forma fixa. — A voz da Major podia ser ouvida pelo comunicador.

 

O Anjo que podia tomar forma humana, o Anjo que queria aprender com a humanidade. Como ele, mas diferente dele.

 

“Arma de fogo não vai funcionar”. Kaworu anuncia na conexão restrita com a primeira criança. A Major não precisa saber dessa informação, ela iria perceber rapidamente e ele não tinha tempo a perder.

 

Uma coisa não havia evoluído, a relação deles. A única conexão que eles possuíam era a felicidade de Shinji. E talvez isso fosse o bastante para alguém como eles.

 

Assim que o arco do anjo se parte e ele vira uma corda, Rei corre para pegar a serra. Kaworu teve que dar uma pirueta para evitar contato com o Anjo. Ele não consegue pensar numa forma de acabar com Armisael.

 

O destino de Rei seria sempre o mesmo?

 

“Nada funciona!” Kaworu grita com a conexão aberta.

 

A Major não tinha um plano, ninguém sabia o que fazer. Ele poderia ativar o próprio campo A.T., mas a situação já estava ruim o bastante, não era o momento.

 

“Ah!” Rei foi pega de surpresa quando o Anjo se ramificou e acertou a Unidade 00, de forma invasiva.

 

Kaworu fecha os olhos. Shinji não estava ali, não estava vendo, qual era o propósito então?

 

—A unidade 02 está sendo lançada.

 

“O que?” Kaworu ergue o rosto a ponto de ver Asuka sair da plataforma, e com o campo A.T ativo e faca em mãos, correr em direção da unidade 00.

 

“Shikinami!” Ele tenta alertá-la.

 

O Anjo acerta a perna da Unidade 02. E enquanto Kaworu se preocupava, acerta as costas da Unidade 04.

 

Kaworu leva as mãos ao rosto e grita. Não era Arael, mas a sensação era parecida. Sentimentos que não eram dele, Sentimentos por Shinji. Preocupação. Raiva. Indiferença. Medo. Amor.

 

Ele solta o ar pela boca.

 

Amor. Era o que os unia, em níveis diferentes, com camadas de profundidade diferente, mas todas eram formas de amar alguém. De se preocupar e proteger.

 

Ele vê Asuka beijando Shinji quando ele estava em uma crise, ele não sente raiva ou nenhum sentimento ruim, ele sente o que ela sentiu, preocupação, afeto.

 

Viu Shinji tirar Rei de dentro da cabine. E novamente era amor.

 

Seus olhos se encheram d’água.

 

Armisael não toma a forma de Rei, toma a forma de Shinji.

 

Rei arregala os olhos.

 

“Ikari-kun…?”

 

Ela viu quando Kaworu o beijou no dia dos namorados, a expressão assustada de Shinji. Os viu na enfermaria da NERV, e sentiu quando eles deram as mãos. 

 

E então cenas que não podiam ser daquele mundo. A unidade 01 aprisionando Kaworu nas mãos. Os dois tocando piano num salão destruído. Kaworu apoiado em ruínas. Dor. Ela sente uma pontada no peito.

 

As lágrimas caem.

 

“Você ama o Shinji-kun tanto assim?” 

 

“As asas de um anjo são muito pesadas, eu estou me livrando delas. Você pode me ajudar?” 

 

Ela podia ouvi-lo mesmo ele não estando lá, era como se houvesse uma interferência no universo, e eles estivessem naquele meio. Naquela linha, provavelmente a conexão do Anjo.

 

Rei assente. "Eu vou libertar o Ikari-kun, de uma vez por todas". Seus olhos brilham com determinação.

 

Kaworu sorri.

 

Asuka que também estava conectada por Armisael, observava os dois, agachada no chão, com os braços envolvendo o próprio corpo. Com sentimentos e memórias pesadas, dela mesma, dos dois, e de uma versão que não pertencia a eles.

 

“Vocês… Quem são vocês?”

 

Olhos vermelhos se voltam para ela.

 

“Eu sinto muito por não explicar claramente, mas nós não temos tempo”. Kaworu estende a mão.

 

Rei estende a outra.

 

Asuka aceita de bom grado.

 

A primeira e a quinta criança concordando em algo era definitivamente o fim do mundo. Mas os sentimentos deles eram uma ponte e Shinji estava do outro lado.

 

“Nada nesse mundo vai me impedir de protegê-lo”. Kaworu ativa o campo A.T do EVA. “Ayanami. Shikinami!”.

 

As duas unidades se aproximaram e dão as mãos, estendendo o campo A.T. comprimindo o do Anjo.

 

“Só existe um Baka Shinji”. Asuka usa o pé da unidade para pisar no Anjo e prendê-lo contra o chão.

 

“Ikari-kun é único”.

 

Os EVAs soltam as mãos e com as três facas progressivas eliminam o núcleo do Anjo.

 

—--

 

“Eles venceram….” Shinji respira aliviado, estava caído no chão, suas pernas tremiam, com as mãos afundadas na terra.

 

Kaji tinha um sorriso discreto.

 

“Mas… por que o Anjo tomou a minha forma? Você viu aquilo, não viu?”

 

Kaji assente.

 

“Você deve ser o fim e o começo de tudo. Lembre-se que o EVA foi criado a partir de Adão, feito por mãos humanas para ter o mesmo poder que um Anjo. A essência do EVA é a alma”.

 

Shinji encara o céu laranja. As três unidades estavam retornando, seus amigos estavam bem, Kaworu estava bem.

 

E ele ainda estava vivo.

 

“Mas eu não estava lá, o EVA 01 não estava lá”.

 

“A sua essência está na alma deles também, Shinji-kun”.

 

Shinji toca no metal em seu pescoço. Ele precisava voltar.

 

—--

 

“Nós tivemos o melhor resultado das últimas lutas”. Misato estava orgulhosa, apesar de todas as unidades terem tido contato direto como  Anjo, eles venceram. E os pilotos deveriam estar bem, mas os três estavam com uma expressão pesada. “O que houve?”

 

Ela os observava através de um vidro, os três pilotos estavam numa sala de descontaminação e observação. Eles não podiam ouvi-la ou vê-la.

 

“Vocês vão me explicar agora o que está acontecendo?” Asuka estava sentada no chão, a primeira  e a quinta criança estavam de pé, cada um encostado num canto da sala. “O que foram todas aquelas coisas?”

 

“A minha existência”. Kaworu soa cansado, ele parecia mais pálido do que o normal. “O fardo da vida”.

 

“... Você não é humano… Vocês não são humanos… certo?” Asuka olha de um para o outro.

 

Eles eram parecidos, desde o começo. Agindo como se não conhecessem o básico da interação humana, da descoberta dos próprios sentimentos. 

 

“Eu não sei”. Ayanami responde no seu tom complacente de sempre, mas seus olhos brilhavam com incerteza.

 

Asuka assente e se levanta.

 

“Não importa. Eu não me importo. Eu só quero ser mais forte”.

 

Rei concorda e Asuka retribui com um sorriso.

 

Kaworu olha para as duas e apoia a cabeça na parede.

 

“O que eu vou fazer… O resultado só vai depender do Shinji-kun”. Ele se vira para Ayanami. “Longinus e Cassius precisam de duas almas, eu conto com você”.

 

—--

 

Shinji tenta fechar os olhos, mas sempre acaba encarando o mesmo teto. Ele se remexe na cama. A luz do abajur estava acesa, mas não era o bastante. Não sem a presença dele.

 

“Droga…” 

 

Ele não queria chorar, ele queria uma solução. 

 

O barulho da porta do quarto se abrindo, e Shinji apenas permanece com o braço tampando os olhos, seus ombros se encolhem. Ele já havia sido algemado e interrogado antes. O que o pai poderia querer agora?

 

“Shinji-kun”.

 

A voz não é de nenhum segurança da NERV. Ele ergue o corpo da cama, a porta se fecha e Kaworu se senta na beirada da cama.

 

“Kaworu-kun!”. Shinji o abraça quase o derrubando, ele imediatamente sente os braços o envolvendo. “Ayanami e Asuka estão bem?”

 

“Sim, dessa vez tudo vai dar certo”.

 

“Quando você chegou?” Shinji se sentia ansioso, parecia que fazia dias que não o via ou talvez fosse a possibilidade de não vê-lo tão cedo, ou novamente.

 

“Agora”. Kaworu mantia o sorriso calmo.

 

“Espera, como você chegou aqui?”

 

O quarto era uma área restrita. Kaji era ardiloso nesses pontos, e com um cartão de acesso, mas Kaworu como piloto deveria ser mais vigiado, não?

 

“Não importa, eu só queria vê-lo”. A sinceridade da quinta criança sempre fazendo o coração de Shinji ecoar.

 

“Kaworu-kun, eu--”

 

Kaworu o beija antes que ele complete a frase. As mãos descem da nuca para o pescoço e param no metal em volta de seu pescoço.

 

Shinji coloca a mão sobre a de Kaworu.

 

Mas os olhos antes gentis agora são extremamente frios.

 

"Eu não vou deixar você usar essa coisa novamente. Eu que já vivi todos esses cenários. Eu que já fui o Primeiro Anjo, já caí e agora estou cortando essas asas. Eu sou o 13° Anjo, Tabris e não vou permitir que você brinque de Deus".

 

De alguma forma o discurso não parecia para Shinji, e Kaworu sempre fala de forma enigmática, mas ouvir sobre ser um Anjo, o fez arregalar os olhos, ele aperta a mão de Kaworu.

 

Ainda encarando o DSS. Ele gentilmente afasta a mão de Shinji. Ele aciona a trava e solta a gargantilha, pequenas luzes começam a rodear o painel metálico.

 

“Kaworu-kun!” Shinji tenta empurrá-lo para protegê-lo de uma explosão. Mas quem é repelido é ele. 

 

Repelido por um campo A.T.

 

O alarme indicando um Anjo dispara por todo o Q.G.

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

Utada Hikaru com 'one last kiss' trouxe toda a inspiração para escrever esse capítulo.



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