A Faculdade escrita por Juliana Belmonte
Notas iniciais do capítulo
Atendendo a pedidos aí está o 3° capítulo! Apreciem!
— Meu Deus, como isso foi acontecer? Como eu pude beijar um cara que eu mal conhecia? Essa... essa não sou eu... – disse Julienne, com as lágrimas queimando o seu rosto Sentada em sua cama, no dormitório em que dividia com a irmã do homem que acabara de beijar, Julienne chorava rios de lágrimas. Não sabia o que a fazia ficar assim, afinal, o que tinha de tão errado em um beijo? Passou os dedos pelos lábios levemente entreabertos, e constatou que o gosto de James teimava em permanecer ali. Um gosto que mesclava chocolate belga com canela, ou mel... e um terceiro sabor que ela não conseguiu identificar... Mas ela não ia se apaixonar de novo, não iria cometer o mesmo erro que cometera no Brasil... Naquele momento, Annelise entrou no dormitório como um furacão. — Enne! Ah, minha brasileira doida, você já arranjou confusão! – disse Annelise, sentando-se na cama e abraçando a amiga, que ainda se desfazia em lágrimas — Lise, eu não consigo acreditar que eu b-beijei o James... Como eu pude ser tão idiota? – disse Julienne, soluçando — Sinceramente, Enne, o que tem demais em beijar o James? Tá certo que ele é um tanto arrogante e às vezes pisa nos garotos impopulares mas ele não... – disse Annelise, mas foi interrompida pela amiga — O problema é que eu não tinha... ! – gritou exasperada, mas impediu-se de terminar, cobrindo a boca com as duas mãos — Hey, que história é essa? Pode parar, me conta tudinho! – disse Annelise, cruelmente animada — Tá bom... – disse Julienne, amarrando a cara como uma criança – É que eu nunca... Eu tenho mesmo que falar? Annelise arqueou uma sobrancelha em resposta — Tá bom, aqui vai! – disse a outra, fechando os olhos com força – Eu nunca tinha beijado de língua! — Espera aí – disse Annelise, com uma falsa calma – Você tem dezoito anos e nunca beijou de língua??? — Não é engraçado! Eu sabia que não deveria ter te contado... – disse a menina, ficando mais magoada, já que estava mais fragilizada do que o normal — Calma, eu não vou rir... – disse Annelise, retomando a seriedade – Você quer falar sobre isso? Meu curso é psicologia, então eu não vou contar nada! — Bom... é que eu desisti dos garotos, quando eu era pequena... Eu resolvi que eu não iria mais me apaixonar, e eu acabei conseguindo, apesar de ser libriana e romântica. Você deve saber uma parte da história, porque você já leu meu diário, né...? Mas a história é a seguinte: Quando eu era pequena, eu sabia que minha vida se resumia a algumas coisas: casar, ser mãe apenas de meninas, morar na Inglaterra e ser escritora. Mas desde que eu aprendi que os homens só me fariam sofrer, minha vida só se resume a ser escritora. — Enne, que isso... Você não pode viver assim. Quer um conselho? O James pode ser um ótimo amigo, mas ele não se encaixa no papel de namorado... — Quem disse que eu o quero como namorado? – disse Julienne, indignada — Eu já te falei, meu curso é psicologia, você está começando a se apaixonar por ele mesmo que não saiba... Seu inconsciente, Enne. – disse Annelise, feliz por poder aplicar seus conhecimentos psicológicos – Mas voltando ao assunto: O James é, com o perdão da má palavra, um “galinha”. Ele pode ser muitas coisas para uma garota, um melhor amigo, um destruidor de corações, apesar de esse não ser bom para a sua sanidade mental, o irmão da Jay... Mas ele nunca vai ser um bom namorado, Enne... — Mas sabe... Parecia mesmo que ele, sabe, gostava de mim... — Enne, marque “x” sobre a opção correta: Ele exigiu sua atenção e fez confusão com os outros meninos que também a quiseram? Ele agiu como um perfeito cavalheiro com você? Ele te fez elogios? E eu não vou nem te perguntar se ele tentou te beijar, porque eu acho que essa resposta é obvia... — Nossa, ele fez tudo isso... Você está certa. – disse a outra, com um sorriso pesaroso. Será que ela havia mesmo considerado a possibilidade de estar apaixonada? E mais, será que ela havia mesmo considerado a possibilidade de ele estar apaixonado por ela? Agora parecia tão ridículo! — Deixe-me te contar uma pequena história que aconteceu quando você fazia faculdade no Brasil... “Jane, Marie e eu nos conhecemos no ano passado. Também dividíamos o quarto, faltava uma garota, como você certamente percebeu. Jay nos escondeu o James, sabe, ela não queria que acabássemos caindo em seus... encantos, pode-se dizer. Achávamos que ela era filha única, mas então aconteceu...” O semblante de Annelise de repente estava transtornado, como se fosse muito doloroso para ela lembrar-se... — Mas então meninas, o que vocês acham de irmos para o rancho dos pais da Jay nessas férias? – diz Marie, animada — Eu não sei não, May... Não acho boa ideia... – diz Jane, como se temesse alguma coisa — Ah, vamos Jay! Eu adoraria conhecer os seus pais, eles parecem tão legais! Vamos, por favor, Jay! Por que não? – diz Annelise, fazendo cara de criancinha abandonada — Olha, meninas... Eu preciso contar uma coisa – começa Jane, mas não pode continuar. Um rapaz de cabelos muito negros e olhos muito azuis, exatamente como os de Jane, acaba de entrar na sala — Oi, Jane! Meninas... – diz o recém-chegado, dando um sorriso sedutor — Jane, quem vem a ser esse cidadão? – diz Annelise, ignorando o rapaz — Era isso que eu estava tentando dizer... Eu menti; Não sou filha única, esse é meu irmão gêmeo James... – diz Jane, tirando um peso das costas — Espera aí, Jay, você não contou para elas do seu próprio irmão? – diz James atônito, abandonando a pose sedutora — Não, James, eu não contei. E você sabe exatamente porque, não sabe? – diz ela com pesar — Jane, que história é essa? Afinal, porque você não apresentou seu irmão para nós? – diz Marie, dando um sorriso de canto de lábio para James — Exatamente porque eu sabia que aconteceria o que está acontecendo com você, Marie! – diz Jane, exaltada – O James não presta... E ele sabe disso, não sabe James?! — Jane... Como você fala assim do seu próprio irmão? E ainda mais com ele olhando para você? – diz Marie, encantada com James — Obrigada, Marie, eu estou acostumado com esse comportamento da Jane – diz James, retomando o sorriso que usara quando entrara no aposento — Tudo bem, Marie... Faça o que bem entender, porque eu sei que você vai fazer o que eu acho que vai fazer, a julgar pelo brilho nos seus olhos. Mas por favor,e eu lhe peço isso desesperadamente, não chore quando o pior acontecer. – diz Jane, pesarosa — Depois desse acontecido – disse Annelise, como que se saísse de um transe -, Marie e James sumiram por todo o fim de semana. Quando a segunda feira chegou, Marie não foi às aulas. Chorou a semana toda, e se recusou a nos contar o motivo. Como eu já te disse, James é um “galinha”, mas ele já foi pior. Ele era terrível antes do que aconteceu com a May, mas depois ele ficou um pouco mais recatado. “ Aparentemente ela o perdoou, pois hoje ela é a mesma de antes e agem como dois perfeitos amigos. É pouco tempo, um ano, eu sei... Mas eu acho que a Marie não se... lembra, sabe? No curso de psicologia, nós aprendemos que a memória humana é seletiva. O inconsciente dela pode ter a feito esquecer o que aconteceu, porque ela bateu a cabeça dois meses depois, e ficou com “amnésia”; Se foi esse o caso, não foi uma amnésia comum, mas nós não precisamos nos aprofundar mais no assunto. É apenas uma teoria, mas eu acho que, se estiver correta, algum dia ela vai se lembrar, e as coisas podem esquentar, se é que você me entende. “Em todo o caso, o James ainda se lembra, isso é certo; Mas finge que não sabe. Não sei ao certo o motivo, mas tenho minhas teorias. Ainda prefiro mantê-las em segredo, mas... Não é nada, deixe pra lá. — Só não entendo uma coisa, Lise... Que efeito é esse que o James tem? Eu entendi o que ele faz, só não entendi... — Eu sei, eu sei o que quer dizer... Eu não sei o que ele tem de especial, e também não sei o que é que as meninas vêem nele, mas eu sei é que metade das lágrimas inglesas foram derramadas por ele. – disse Annelise, dando um sorriso de canto de lábio — Então o que você sugere, Lise? Que eu finja que ele não exista? – disse Julienne, um pouco alarmada com a ideia — Não, sugiro é que você tente se aproximar dele. Não, não desse jeito! – apressou-se Annelise em corrigir, ao ver a cara de confusão de Julienne – Estou dizendo que você deveria tentar ser amiga dele, porque afinal você não pode ignorar ele depois do que aconteceu, sabe... E ele é ótimo como amigo, sabe, parece até que também é nosso irmão. — É, eu vou pensar nisso... – disse Julienne, dando um daqueles sorrisos que só ela sabia dar *** Ele não gosta de mim. Eu deveria saber disso desde o início, ele só me beijou porque garotos como ele não dizem “não” a uma aventurinha com uma garota nova... E afinal, por que eu estou tão abismada com isso? Uma garota romântica e libriana como eu, acho que acabei pensando que as pessoas só se beijam quando se apaixonam... O que eu estava pensando??? É a vida, pessoas não se apaixonam mais como antigamente, mesmo eu estando na Inglaterra, que eu achava que era a minha utopia perfeita! Não é assim... Eu não estou apaixonada, James Anderson não me ama e eu simplesmente não vou deixar que o estado das coisas piore! Eu não sou mais a garotinha apaixonada e impopular do Ginásio, eu sou Julienne Jhonson, uma garota que estuda no país que ela ama e não vai deixar um garoto bobo e galinha atrapalhar o sonho dela de ser uma escritora tão boa quanto J. K. Rowling! Nossa... Será que a vida é tão fácil assim? *** — James, eu preciso falar com você. Sim, é sobre esse assunto que você está pensando – disse Julienne, se aproximando de James, com uma aparência cansada Ela havia se torturado com esse assunto durante todo o fim de semana, precisava falar com James, não importava o que fosse ouvir. Na realidade, ela não se sentia mais apaixonada por ele. Após um estudo mais cuidadoso do que acontecera, ela percebeu o que era na realidade: Atração, uma coisa que estava totalmente distante de amor. Mas ela estava decidida a não deixar esse sentimento evoluir. — Ah... Sobre isso... – disse James, colocando a mão na nuca, em sinal de nervosismo — Eu sei James, foi um acidente. Não se preocupe, não estou brava com você – disse ela, sorrindo gentilmente — Olha, não é que eu não tenha gostado de te beijar... – disse James, tomado de coragem – Não, não é bem isso! Não estou dizendo que você beija mal, é só que... Ele não pode continuar, ela calou-o com um dedo. — Eu sei! Calma... É só que eu acho que nós não vamos dar certo como... você sabe. Então, que tal esquecer esse episódio um tanto desagradável e... ficarmos só na amizade? – disse ela, estendendo a mão — Certo,... só amigos. – disse, respirando fundo e aceitando a mão que ela oferecia Ela deu um sorriso de canto de lábio, enquanto ele a puxava para um abraço avassalador. Sim, esse seria o início de uma grande amizade...
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