A Faculdade escrita por Juliana Belmonte


Capítulo 4
Mustangs Não São Domesticáveis


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que eu estou mimando vocês em postar tão rápido, ao invés de deixar vocês na curiosidade! Mas eu não consigo me controlar! Desculpem, eu sei que vocês provavelmente gostam, mas... Bom, chega de enrolação! Ta aí, espero que gostem!



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Nossa... Um mês depois de beijar James Anderson, quem diria que eu me tornaria a melhor amiga dele? Ontem ele me disse que eu era mais do que a própria Jane! Quem diria... E o melhor de tudo? Eu só o vejo como meu irmão mais velho e palhaço! Nada daquele frio na barriga ridículo e a estúpida incapacidade de parar de sorrir quando eu o vejo... As coisas estao começando a melhorar!

— Oi, irmãzinha! Está fazendo o que? – disse James, chegando e abraçando Julienne por trás

— Escrevendo o meu diário, e pára de ler! – disse Julienne, fechando o diário bruscamente, mas com um sorriso divertido

— Infelizmente não posso fazê-lo, irmã querida! Se estiveres interessada por algum colega mal-intencionado que deseje fazer-lhe mal? Preciso saber quem é este cavalheiro, e ter uma conversa franca com ele, para descobrir suas intenções com minha amada irmã! Afinal, o pai que deveria exercer essa função ficou no Brasil, não é mesmo? – disse James, imitando um lorde divertidamente

— James! – disse Julienne, explodindo em risadas. Você sabe que eu não gosto de ninguém! E além do mais, distinto irmão, serias o primeiro a saber; Afinal, como você mesmo disse, eu não teria ninguém para me defender, caro irmão. – disse ela, entrando na brincadeira

— Ok, chega de ficar se chamando de irmão... Isso tá meio artificial! – disse James, reassumindo seu jeito... “James” de ser

— Tá bom... James, você é uma figura – disse Julienne, parando de rir aos poucos

Julienne e James foram para suas respectivas aulas. Era chato não ter James e suas palhaçadas por perto durante as aulas, parecia que as pessoas se tornavam sérias e até carrancudas. Era mesmo uma pena que seus cursos fossem tão diferentes...

O Sr. Anderson, pai de James e Jane, queria que ele fizesse direito, como as duas gerações anteriores. Porém, assim como Julienne, James sempre fora apaixonado por cavalos; Então ele decidiu fazer um curso de Veterinária, e depois trabalhar no Haras da família.

Julienne já havia lhe dito que queria conhecer sua família e o Haras. James, é claro, já sabia que ela também amava cavalos; No mês que havia se passado, eles já sabiam tudo um sobre o outro.

— Oi, Marie! O que você está fazendo aqui? Achei que seu curso era de Administração – disse Julienne, chegando na porta da sala e se deparando com Marie, sentada onde ela costumava sentar

— É, eu sei! Mas nossos professores decidiram juntar as turmas em um projeto onde nós teríamos que organizar um desfile, então a sua parte é a de desenhar a parte artística toda e eu organizo o orçamento, e aquelas coisas todas que você já sabe! – disse Marie animada – Ah, falando nisso! Quer ser minha parceira? As pessoas ainda não sabem, minha informação é privilegiada, já que eu sou a queridinha do professor! Mas enfim, antes de algum Oliver da vida vir te chamar pra ser parceira dele, eu estou me adiantando! Então, que me diz?

— Acho ótimo, Marie. – disse Julienne, sorrindo – Só acho que esse seu entusiasmo te faz falar de mais!

— É o sangue francês!

— Sangue francês uma ova! Eu já fui na França e, pelo que me consta, os franceses não são assim, May.

Realmente, era muito divertido provocar Marie. Ela era entusiasmada, mas em compensação era muito “esquentada”, como dizia Annelise.

— May? Você sabe que eu odeio que me chamem de May! É tão... tão... Inglês! – disse Marie irritada – Meu nome é francês, portanto o apelido não pode ser inglês!

— Ai, ai... Vocês franceses e suas implicâncias com os ingleses... Eu só não pergunto o que eles te fizeram porque até no Brasil as suas histórias são famosas... – disse Julienne, entre divertida e cansada. Marie e as outras eram muito amigas, mas de vez em quando o passado histórico dos ingleses e franceses estourava entre elas

Marie mostrou a língua em resposta à provocação da amiga. As provocações teriam continuado, mas nesse momento os professores de Administração e Design de Moda entraram em sala. O professor de Administração começou:

— Alunos, vocês certamente devem estar se perguntando por que estão na sala dos alunos de Moda. Bem, vocês irão fazer um trabalho em grupo – nesse momento Marie deu um sorriso discreto de vitória -, onde os alunos de Moda irão desenhar as roupas de um desfile, e os de Administração irão administrar o orçamento e afins do desfile. É bem simples, não? Certo, vocês têm quinze minutos para escolher as duplas e escrever o nome da dupla nesse papel. O resto do tempo da aula será usada para começar a decidir o desfile. Na próxima aula, decidiremos o máximo de dinheiro que poderá ser usado...

— Caro colega, você esqueceu-se de mencionar que pelo menos uma das roupas deve ser passada do papel para o tecido. – disse o professor de Moda

— Ah sim, caro colega! Falha minha, falha minha...

Os professores da Universidade eram muito engraçados. Talvez fosse porque Julienne estava acostumada com a interação dos professores brasileiros, mas os professores ingleses pareciam atrapalhados quando precisavam interagir uns com os outros.

Sem dizer uma palavra, Marie correu até a parede onde o papel estava pregado e escreveu o seu nome e o de Julienne. O professor estranhou, mas manteve-se calado.

— Marie, eu estava pensando em...

— Não se preocupe, brésilienne, não se preocupe... A parte artística é com você! Primeiramente, vamos ter que trabalhar separadas, sabe... Quando você tiver terminado os desenhos, vemos o que fazer! – disse Marie, com um sorriso gentil

— Certo...

Julienne sempre tivera um gosto um tanto... excêntrico. Sua mãe chamava seu gosto de “dark”. Não havia um estilo pré-criado no Brasil que fosse como o dela, mas na Inglaterra ela certamente acharia roupas com o seu estilo. Como começar? Usando seu estilo amalucado? Uma coisa mais básica? Preto ou cores vivas? Havia tantas possibilidades...

Vestido tomara-que-caia preto de renda preta até o meio das coxas; Meias listradas de vermelho e branco que desapareciam por baixo do vestido; Luvas vermelhas até a linha do cotovelo; Botas de salto pretas, até um pouco abaixo do joelho; Tiara listrada de vermelho e branco; Cabelo solto até o meio das costas. Estava bom?

— Francesa, o que você acha? – disse Julienne, despertando Marie de suas anotações

— Ãh,...? Que? – disse Marie, perdendo a concentração. Que mórbido, brésilienne! Brincadeira, Enne, adorei! É bem a sua cara... – disse Marie, sorrindo de pena ao ver a cara de infelicidade que a amiga fizera

— Você odiou, isso sim! Está mesmo mórbido? – disse Julienne, com os olhos cheios d’água

— Claro que não! Eu já falei, adorei! Na França talvez não fique bom, mas é bem a cara dos Londrinos! Também, o que você esperava da cidade de onde saíram os Beatles?

Julienne riu da brincadeira. Todo mundo sabia que ela adorava os Beatles... Mas ela tinha razão, o que mais esperar da cidade de onde os Beatles saíram?

— Eu vou fazer o próximo um pouco menos... Halloween. – disse Julienne, ainda rindo

— Americanizada!  — disse Marie, mostrando a língua para a amiga

— E você é... francesa! – disse Julienne, também mostrando a língua

Boina cinza; Cardigã listrado de rosa e branco; Blusa rosa tomara-que-caia; Calça justa verde; Botas brancas; Brincos de Argola; Cabelo trançado. E agora, estava melhor?

— Marie! E agora? – disse Julienne, desesperada por aprovação

— Enne, se você não deixar eu me concentrar nas minhas anotações, esse “desfile” não sai! – disse Marie calma, mas mesmo assim um pouco irritada

— É que eu sou insegura! Me diz, ficou bom? – disse ela, fazendo cara de criança abandonada

— Não, ficou horrível! – disse Marie, já irritada. Mas condoeu-se da amiga, e tentou consertar o próprio erro – Não, mentira, Enne! Tá muito bom! Faz uma coisa? Desenha tudo e no final me mostra, ok?

— Ok – disse Julienne, fazendo beicinho

 Vestido preto de mangas esvoaçantes lilases, com lírios roxos na saia. Sandálias prateadas com strass, salto 10; Pulseira, também com strass, prateada; Brincos com duas pérolas, unidas por uma pedra roxa entre as duas; Trança embutida, com alguns cachos escapando. E agora? Perguntar ou não perguntar? Ó dúvida cruel! Não, não perguntar! E se Marie dissesse que esse também estava horrível? A necessidade de aceitação era maior do que a alma indecisa de libriana.

— Bom, vamos ao próximo! E agora? Esgotada de idéias... – pensou Julienne, torturando-se outra vez – É... vai o que vier...

Blusa branca de botões, mangas compridas rendadas; Mini-saia de estampa escocesa, roxo, rosa choque e lilás; Meia-calça preta; Botas marrons cadarço até o meio da canela; Brincos dourados de argola pequena, com um coração prateado na ponta; Cordão dourado com dois corações prateados em tamanhos diferentes, fazendo conjunto com os brincos; Pulseira grossa e larga dourada, com pedras lilases e rosas...

Nesse momento, o sinal toca. Julienne ficou aborrecida por não poder ter desenhado o cabelo, mas ainda haveria muito tempo.

***

— James, pelo amor de Deus! Me deixa, pelo menos, terminar esse desenho! Quer uma irmã pra encher o saco? Vai atrás da Jane! – disse Julienne, irritada por James não deixá-la terminar de desenhar o cabelo da manequim que começara mais cedo na aula. Será possível que aquela criatura não sabia ficar quieta por míseros segundos?

Estavam no dormitório de Julienne e as meninas. Julienne estava sentada em sua cama, James no chão. A cada cinco minutos James perguntava se ela já tinha terminado, afinal ele queria porque queria sair pra passear em torno do lago.

— Nossa, Enne... Você sabe que eu prefiro você à Jane. – disse James, magoado – Ah, vamos, Enne! Está um dia lindo, você sabe que dias ensolarados são difíceis aqui nessa época do ano!

— James, meu irmão querido e irritante... – disse Julienne, com um sorriso encantadoramente falso – Vá aproveitar o dia, se quiser! Só me deixa terminar a droga do trabalho!

James fez cara de criança abandonada. Ele sabia que Julienne não resistiria àquela carinha. Ela nunca resistia...

— James, compreenda, meu lindo irritante – disse Julienne, apertando a bochecha de James. Ele odiava isso. Mas ele não queria irritar? Pois então, toda moeda tem dois lados! – Eu preciso terminar isso. Você gostaria que eu ficasse enchendo o seu saco quando você tivesse que fazer um relatório sobre... sei lá, porque mustangs não são domesticáveis?

James estalou a língua em sinal de impaciência.

— Gostaria, é claro! – disse James, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – É uma coisa inútil, saber por que mustangs não são domesticáveis quando se trabalha num Haras! Mustangs não são domesticáveis, ponto! Qualquer um sabe disso, é a natureza! Não se tenta domesticar um mustang a não ser que se queira acabar com a perna quebrada, ou pior!

— Ok, James, faça como quiser... – disse Julienne, cansada da teimosia do amigo, às vezes ele era tão criança! – Sabe, algum dia algum freguês “cri-cri” vai chegar e não te deixar em paz sobre a domesticação de algum mustang, e sabe o que a sua esposa vai dizer? “Pelo que me consta, querido, eles ensinam isso na faculdade de Veterinária! E você não prestou atenção, agora o freguês vai embora e vai faltar dinheiro pro leite do ‘Joãozinho’ esse mês!” – disse ela, imitando uma voz estridente que ela provavelmente achava que era a voz de uma esposa chata

— Ora, Enne! Você sabe que eu não vou casar! Ainda mais se fôr uma esposa chata assim! – disse James, se recostando na cama de Jane e espreguiçando-se. Ora, vamos duma vez! Já deu tempo de terminar o cabelo desta maldita boneca, né?

— James, não se chama boneca! Vocês garotos não tem noção nenhuma de moda, o nome correto é manequim. – disse Julienne, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, imitando James ao explicar sobre “a domesticação de um mustang

— Tá, tá, que seja... Terminou ou não?

— Terminei, seu chato...

— Legal, vamos! – disse James pulando e puxando Julienne.


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Notas finais do capítulo

É obrigatório escrever reviews! Brincandeira... Mas ajudaria!
Beijos e borboletas!