POSSUIDO

   POV Nico

   A luz e a fumaça dourada – mais conhecida como Cronos – seguiu para dentro da incrivelmente impenetrável fortaleza, ela era preta, tinha a altura do edifício Empire States, rodeado por um muro negro de três metros e com raios destruindo o que parecia o topo de um castelo, nós – eu e Chris – usamos os sapatos a jato para escalar as paredes do muro. Assim que passamos do muro caímos, tentamos usar os sapatos, mas eles não funcionavam, devia ser a prova de magia esse lugar, mas tudo bem, queríamos pedir ajuda aos outros, mas não tínhamos como, nós entramos por uma porta típica de castelo que estava escancarada, a porta devia ter mais de três metros, o castelo – de fora parecia uma fortaleza, mas de dentro não - era negro e tinha detalhes reluzentes cor de bronze, parecia com... me lembrava... Meus pensamentos foram interrompidos por um grito alto familiar, Lindsay, não tive muito tempo pra pensar nela, porque um leão gigante avançou e tentou me derrubar, logo percebi que não era um simples leão, era um monstro familiar tipo que eu vi quando soube ser um meio-sangue e tentou matar eu e Bianca, mas Percy, Annabeth, Grover e Thalia nos salvaram. Era um Manticore, ele pulou em cima de mim, mas eu me esquivei.

   — Eu não vou te perder outra vez criança – disse ele.

   — Veremos então – eu disse.

   Não seria muito difícil, eu tinha Chris pra me ajudar, mas ele fez foi atrapalhar por que Cronos o possuiu, eu o vi se contorcer de dor no chão enquanto Cronos se apoderava de seus nervos obtendo controle total de seu corpo, Cronos veio na minha direção – no corpo de Chris – pelo menos eu sabia que ele não estava possuindo minha namorada, pensar nela me deu forcas pra fugir – eu sei pode não parecer uma atitude muito heróica, mas era o obvio a se fazer, eu queria salvar minha namorada e não ser morto por meu avo – assim fui direto – através das escadas para onde tinha ouvido o grito da Lindsay, eu a salvaria, o manticore e Cronos estavam bem longe, mas o que eu vi tirou todos os meus sentidos, me apagou completamente, havia uma porta escancarada, dentro parecia infinito, cheio de pessoas, lotado, mas não foi isso que me assustou, minha irmã e meu melhor amigos – que já haviam sido mortos – estavam lá, esperavam por alguém, não parecia ser a mim que eles queriam.

   — Corra! – gritou Bianca, mas eu não queria, queria entrar ali, passei a Mao pelo arco da porta e minha Mao começou a se enrugar, a pele começou a se juntar ao osso, eu puxei minha Mao e ela voltou ao normal – você não tem tempo, Cronos esta vindo, salve sua namorada, deixe nós por ultimo.

   Havia perdido minha distancia significativa, agora Cronos estava á três metros de mim, logo atrás dele o manticore, qualquer pessoa no meu lugar ficaria feliz pelo garoto chegar primeiro, mas eu sabia que era mil vezes, um milhão de vezes melhor enfrentar o leão gigante, com asas de morcego e cauda de escorpião do que o pobre e indefeso, assassino garoto, eu subia as escadas apressadamente, puxa vida Lindsay tinha que ter pego o boné de Annabeth e ido atrás de nós? Me lembrei que faltava alguém mais, não Lindsay, outra pessoa, Cronos e seu manticore andavam atrás de mim enquanto eu corria, eles já estavam á quatro andares de distancia, parecia que eles não se importavam que eu chegasse ao topo, parecia que eles queriam que eu chegasse ao topo.

   Eu pensei um pouco e a ficha caiu, eles não estavam me seguindo a lugar algum, estavam me conduzindo para o topo, onde me lembrei que os raios destruíam o que lá estivesse, estava frito, não podia voltar, eu tinha três opções lógicas.

   Primeira: eu podia chegar ao topo e aceitar a morte com nobreza – não era muito boa, então vamos pras outras – segunda: ficar e enfrentar Cronos – e isso também era aceitar a morte nobre, só que de um jeito mais lento e doloroso, próxima – e terceira: eu poderia me atirar 69 andares e esperar que sobrevivesse – logicamente era uma escolha estúpida, mas era melhor que as outras, eu teria uma chance, mesmo que mínima de sobreviver e achar minha namorada – o que eu fiz? O que você faria no meu lugar, tendo três escolhas mortais, onde apenas uma lhe oferecia uma chance mínima – tipo 0,000000000000000000000000000000000000001 por cento de chances – de sobreviver, é obvio que você tentaria sobreviver, poderia ser estúpido, mas eu lutaria ate o fim, ate reforços chegarem, eu analisava o castelo negro e bronze e me lembrei por que me era familiar, era o castelo do mundo inferior- eu já avia visitado o mundo inferior uma vez e pensando bem era idêntico, eu estava no mundo inferior.

   Eu pulei.

   A queda era como você atravessar um túnel na velocidade da luz, eu caia, caia, caia, enquanto caia – a queda pareceu uma eternidade, mas durou apenas 27 sgundos, enquanto caia eu só pensei em três coisas: a primeira era Bianca e Gabriel esperando por alguém atrás daquela porta, a segunda era o manticore e Cronos que me fuzilavam com os olhos enquanto eu caia e a terceira e a que fez com que eu saísse do transe, foi Lindsay com uma cara maléfica matando pessoas, possuída por Cronos, foi essa ultima que me deu forcas pra sobreviver, eu virei pro lado e consegui ler Andar 26, eu me estiquei e segurei no corrimão da escada, eu sobrevivi, pulei de novo e me segurei no segundo andar, pulei e consegui cair com vida no chão, quando cai me dei conta de que o manticore vinha voando de lá de cima na minha direção, Lindsay saiu gritando de uma porta o térreo e viu o meu estado de apuros, ela tinha um corte no braço que sangrava, a espada gritava melada de sangue, ela atirou a espada pra mim, o manticore vinha como um foguete em minha direção, eu iria acertá-lo e mandá-lo pro fundo do Tártaro que era o que o desgraçado merecia, mas uma espada bronze cruzou o ar e cortou o manticore, ele foi reduzido a pó, quando levantei vi Percy, Annabeth, Clarisse, Grover, Sofia, Thalia, Gabriela e a outra menina que eu esqueci o nome. Der repente outros três manticores surgiram da mesma porta que Lindsay e investiram contra meus amigos, todos estavam distraídos, foi quando eu vi Chris.

   Minha primeira reação foi de medo – não, não fiquei apavorado por que Chris ou melhor Cronos ia me bater – eu tive medo por Lindsay, e se ela se machucasse, já bastava aquele corte que ela fez, eu virei para o seu braço, mas o corte não estava mais lá, ela estava com a mão em uma poça de água, a ferida se curou, mas uma coisa estranha aconteceu, Chris segurava com a Mao um corte sangrento no joelho, ele levantou a Mao pra mim – pensei que ia atacar, mas ele disse:

   — Nico ela é... – ele desmaiou.

   Quando entendi o que ele falou era tarde demais, Lindsay estava em cima de mim com a espada pronta pra perfurar o meu pescoço e me mandar para o tártaro a qualquer momento, a ficha caiu, não era mais Lindsay, era Cronos, meus amigos tentaram correr pra me ajudar, mas Lindsay estalou os dedos e os portões gigantes se fecharam, deixando meus amigos e os manticores do lado de fora, só Percy conseguiu passar a tempo com a espada na mão, Lindsay deu uma gargalhada maligna e falou:

   — Quem diria – ela ria – dois três filhos dos três grandes pelo preço de um.

   Percy apontou a espada para Lindsay e ela – ou melhor Cronos falou – fale isso e não  verá mais seu amigo – a espada em meu pescoço estava fazendo mais pressão.

   — Nico – disse Percy – já deve ter percebido que aqui se parece com o castelo do mundo inferior, mas é uma ilusão, é um prédio abandonado do tamanho do edifício Empire States, castigado pelos deuses por tentar imitar o original.

   — Mas, eu vi Bianca e Gabriel – falei lutando pra não forçar a garganta, se não teria ela cortada e uma passagem só de ida para os cantos mais escuros do Tártaro.

   — Sim, mas era um tipo de mensagem de Iris que pode transportá-lo para o lugar, e cuidado, a espada de Lindsay é a famosa Excalibur, usado por Arthur. Mas ela só funciona se o guerreiro que a use derramar uma gota de sangue sobre ela.

   — Bem... – disse Cronos – ela sofreu uma maldição e só pode machucar uma única mosca com o sangue de quem a usa.

   Enquanto Cronos parecia distraído, eu chutei sua Mao e a espada voou na mão de Percy, o problema é que sua outra espada ficou presa na fechadura da porta, mas uma espada bastava, e se fosse a famosa Excalibour então, eu consegui sair dos braços de Lindsay, o que em qualquer outra ocasião seria loucura, mas com ela possuída por um ser super-poderoso era a única coisa a fazer.

   — Talvez – engolir em seco com a idéia – se você a cortar, só um cortezinho – falei arrependido de ter aberto a boca, tarde demais – Cronos vá para o quinto dos infernos.

   — Sim – disse Cronos – mas sua amiguinha vem junto.

   — Ela tem razão – disse Percy.

   — Como fazemos então?

   — Usamos isto – ele atirou um saco com um pozinho e sussurrou em meu ouvido – é só fazer-la cheirar.

   — Não é mais fácil com sua espada.

   — Sim, mas você a prendeu na fechadura.

   Não tínhamos mais tempo, Lindsay atacou e pulou em cima de mim, ela cheirou o pó que Percy me deu, e então, sua cabeça se virou pra cima, sua boca se abriu, eu virei os olhos, um brilho dourado iluminou todo o prédio, depois uma fumaça dourada saiu da boca de Lindsay. Veio voando na minha direção, mas eu esquivei, quando me virei Percy estava se contorcendo em dor no chão, Cronos o pegou, pensei, agora era eu e Lindsay contra Percy, eu fiquei desviando e lutando com Percy, enquanto ela subia os 600 andares, é claro que ela preferiu o elevador – ou teria levado uma eternidade – e quando chegou em cima gritou algo, eu só entendi uma palavra e foi o suficiente pra eu sair de perto de Percy enquanto um raio caiu bem do lado dele e ele desmaiou com a eletricidade, lá de cima eu só havia ouvido Lindsay proferir uma palavra: Zeus. Lindsay e eu já estávamos alegre, Percy iria acordar logo, mas a fumaça dourada saiu de Percy e voou ate Lindsay possuindo ela, Cronos – já novamente em seu corpo – disse:

   — Me entregue a Excalibur ou – Lindsay pulou em cima do corrimão como se fosse dar um mortal de costa 600 andares a baixo – é melhor que sua namorada saiba voar.

   Eu larguei a espada e ele saiu do corpo de Lindsay, eu peguei a espada, o que veio depois foi estranho e sinistro.

   Fiquei sufocado, minha boca se abriu e senti uma fumaça poluída entrando pela minha boca e descendo para os meus pulmões, queimava como se no lugar da fumaça fosse fogo, eu me contorcia de dor no chão, enquanto começava a perder o controle do corpo, todo ele ardia, doía respirar, doía o batimento do coração, der repente eu perdi meus cinco sentidos de uma só vez, depois a escuridão.

Continua...