For Once In My Life escrita por hatsuyukisan
Notas iniciais do capítulo
Troca de pov de novo viu gente?
E então eu saí para me encontrar com Anna. Conheci Tsuchiya logo quando comecei a trabalhar com comerciais e videoclipes, no tempo em que eu ainda era uma mera assistente de produção e ela era apenas uma modelo. Desde então Anna e eu nos tornamos grandes amigas. Depois de tanto tempo tendo apenas Takumi como ombro amigo, era bom ter uma visão feminina, alguém para falar das dores e amores de ser mulher. Nós nos entendíamos tão bem que era até difícil acreditar que eu finalmente tinha uma amiga de verdade, logo eu que cresci no meio dos meninos e sempre me dei bem com eles, vindo a crer que amizade entre duas mulheres não existia afinal fêmeas são complicadas demais para conviverem em harmonia. Mas conhecer Anna me provou que eu estava errada. Nós tínhamos o mesmo nome, a mesma idade, mesmo signo, ambas éramos mestiças, tínhamos os mesmos gostos e desgostos. Anna viu tudo acontecer: meu crescimento profissional, os desfechos da minha vida amorosa, meu dilemas de garota. E eu vi a vida dela acontecer: ela virou atriz, cantora, casou, teve um filho, divorciou-se; e eu sempre estive lá pra alcançar-lhe o lencinho e o chocolate em seus momentos difíceis.
Combinamos de nos encontrar num restaurante calmo em Roppongi. Quando cheguei, Anna já estava sentada numa mesa perto da janela.
- Marie! – eu disse, ao abraçá-la.
- Oi, garota. – nos sentamos a mesa.
- E aí? Como você tá? Faz o que... Uns dois meses que a gente não se vê...
- Ah, nem me fala. Não parei um segundo nesses últimos tempos. Sabe como é... Turnê e tudo mais.
- Sei sim. – eu sorri. – E o Sky?
- Tá na casa do pai hoje. – respondeu, enquanto o garçom nos entregava os menus. – E você? Trabalhando muito?
- Bastante. Tenho uma reunião com o Gackt amanhã de manhã.
- Mesmo? Uau, parabéns. E como andam as coisas com o Uruha?
- Bom... – encolhi os ombros.
- O que? O que houve? – me encarou curiosa.
- Nós vamos casar. – murmurei.
- Que?! Sério?! – ela sorriu e eu balancei a cabeça concordando. – Que ótimo! – veio me abraçar. – Nossa, você deve estar muito feliz...
- É, tô sim. Mas confesso que no começo eu fiquei meio na dúvida. Com medo sabe. – confessei.
- Uhum. Te entendo completamente.
- Pois é, você já foi casada, sabe do que eu estou falando. Mas depois que eu parei pra pensar sabe... Em nós dois e tudo mais, não tive mais dúvidas. Se não com ele, com ninguém, entende? Mesmo que eu ainda esteja nervosa, eu tô feliz sim.
- Ai nossa, que bom. Fico muito feliz por vocês. – e segurou a minha mão, nós duas rindo como duas colegiais comentando um encontro. – Casar é muito bom, sabe? Apesar da minha tentativa não ter terminado da melhor maneira possível, é muito bom mesmo. E você e o Uruha, nossa... Tem tudo pra dar supercerto.
- É. Eu acho que sim. É o que eu tenho ouvido quando eu conto pras pessoas. E é o que eu espero. E sabe, pouca coisa vai mudar no fim das contas. Afinal nós já moramos juntos.
- Claro, Anna. O choque maior que é justamente o de morar juntos nem vai acontecer. O que vai mudar é o seu estado civil e o seu sobrenome. – ela riu.
- Takashima Anna. – eu ri também. – Eu gosto.
- E claro que vocês vão começar a fazer outros planos e tudo mais.
- Tipo o que? – engoli em seco.
- Ah sabe, vocês vão querer se mudar pra uma casa, ter filhos daqui a um tempo... Formar uma família, né?
- É. Não sei quanto aos filhos. – tomei um gole grande de chá, tentando me esconder atrás da xícara.
- Ah, Anna... Não me decepcione, amiga. Vai me dizer que não quer ter filhos?
- Não sei. Kouyou já disse que quer. Mas tenho medo que as coisas se compliquem demais. Nós estamos bem, só nós dois.
- Não vou mentir pra você. Dá medo. Muito. É estranho, você não sabe direito o que fazer. Dá trabalho, sua vida vira de pernas pro ar e você jura que vai morrer de cansaço, mas vale a pena.
- Jura? – olhei para ela, tentando não parecer descrente.
- Juro. Sabe, minha vida depois do Sky... – parou por uns instantes – Eu não me imagino mais sem meu filho. Quando você olha pra aquela coisa pequeninha dormindo no seu colo e se toca de que essa coisinha é parte de você e que depende de você e te ama mesmo sem saber, você vê que todas as noites em claro valeram a pena.
- Não sei se tenho vocação pra mãe, Anna. – eu sorri, achando doce tudo aquilo que ela disse, mas sem saber se aquilo servia pra mim.
- Claro que tem. Ainda mais com o Uruha do seu lado.
- Veremos. Daqui a uns anos eu volto a pensar no assunto. – sorri, concluindo. – Anna, tenho uma coisa pra te pedir.
- Pode pedir. – colocou os hashi de lado e prestou atenção à mim.
- Quero que você seja minha madrinha. Você aceita?
- Deus, claro! – sorriu e nós voltamos a segurar as mãos, feito adolescentes.
- Ah obrigada, Anna.
- Não, obrigada você. Fico muito feliz de você ter me chamado.
- Não se preocupe, eu vou deixar você escolher a cor do seu vestido – eu ri.
Nós continuamos almoçando, colocando nossos assuntos de garotas em dia, rindo e falando bobagem. Anna era minha única amiga que já havia sido casada e que podia de dar um parecer experiente (ainda que nem tanto) sobre o assunto. Quando conversávamos sobre a lua-de-mel, comendo nossas sobremesas, meu telefone tocou, era Uruha.
- Moshi-moshia374;<3- atendi e ele riu do outro lado da linha.
- Já tá em casa?
- Não ainda. E você?
- Tô em Roppongi tomando uma cerveja com o Suzuki. – riu e eu ouvi a risada de Reita também.
- Em Roppongi? Nós estamos em Roppongi também. Em que bar vocês tão?
- No Shikiro. Logo na entrada.
- Se importam se a gente passar aí pra estragar a reunião dos meninos? – eu ri.
- Claro que não.
- Ótimo. A gente se vê daqui a pouco então. – e desliguei, me virando para Anna. – Quer ir encontrar o Uruha e o sujeito que vai entrar contigo no casamento?
- Claro. Eu nem perguntei quem é. – ela riu, enquanto nos levantávamos da mesa.
- Ele é legal.
- Não vai me contar quem é né?
- Prefiro não estragar a surpresa. – eu ri, enquanto saíamos do restaurante.
Percorremos as ruelas e becos de Roppongi, a caminho do bar onde eles estavam. Nós entramos no lugarzinho pequeno e logo vimos os dois sentados ao balcão.
- Hey... Veja só quem resolveu dar as caras. – Uruha se virou quando Reita o cutucou, apontando pra nós.
- Viemos fazer vocês pararem de fofocar pelas nossas costas. – eu ri, abraçando-o.
- Agora que o papo tava bom né, Reita? – riu, passando o braço pelos meus ombros.
- Anna, você já conhece o Reita né? – puxei minha amiga mais para perto do baixista.
- Ah, sim. Nós nos falamos na sua festa. – o loiro respondeu, um tanto sem graça.
- É, claro. – Anna concordou – É um prazer ver você de novo.
- É um prazer ver você também. – ele replicou, e eu pude jurar vê-lo corar por alguns instantes.
- Então... A Anna vai ser o seu par, Reita, não é ótimo? – sorri. O Suzuki corou novamente e então Uruha olhou para mim, como se me perguntasse o que eu estava tramando.
- É, ótimo. – murmurou Akira.
- Sabe, a gente devia sair pra jantar uma hora dessas... Não é, Uru? – me voltei para o loiro ao meu lado - Que tal? Eu, você, o Reita e a Anna... Sabe, pra conversar, beber um pouco, se distrair b25;
- Ahn... – Uruha hesitou um pouco e eu sabia exatamente o que ele estava pensando. – Claro. Pode ser. – finalizou, ainda que soando um tanto confuso.
- Claro! – disfarcei, sorrindo e encolhendo os ombros – Assim que houver um tempo livre a gente marca alguma coisa, não é mesmo?
- Se vocês concordarem... Claro... – completou Uruha, me fazendo reprimir uma vontade enorme de dar-lhe um beliscão.
- Por mim... – Anna sorriu gentilmente.
- Ah, claro. Sem problemas. – Reita balançou a cabeça.
- É claro que eles concordam né, Uru tolinho... – eu ri – Afinal eles são os padrinhos. E sabe, na Itália essa relação é muito sagrada, eterna e tudo mais.
- Isso significa que vocês vão ter que agüentar essa italiana pra sempre. – Kouyou riu.
- Não mais do que você, hã? – o baixista brincou, dando um tapinha no ombro do amigo.
- É, tem razão Ue-chan. Onde é que eu tô com a cabeça? – o outro lamentou, em tom de brincadeira.
- Hey, não fui eu quem insistiu hein? – retruquei – Bom... É melhor a gente ir, eu tenho um monte de coisas pra organizar pra amanhã.
- Ah, sim. Vamos, sim. – Uruha se levantou, apalpando os bolsos a procura da chave.
- Hey, Reita, você mora em Suginami né? – perguntei.
- Claro.
- Viu só, Anna? Não vai nem precisar pegar um táxi. – eu sorri e Uruha suspirou pesadamente ao meu lado.
- Você também mora em Suginami? – perguntou Suzuki à Anna.
- Sim. Mas não se preocupe, eu posso pegar um táxi. – a cantora sorriu sem graça.
- Não, nada disso. Eu te dou uma carona. Faço questão. – insistiu o loiro.
- Vai com ele, Anna <3 - reforcei.
- Tá, tudo bem. – ela cedeu.
- Ok, a gente se fala. E vamos marcar alguma coisa hein? – disse, já puxando Uruha pra fora do bar.
Só me virei para acenar e então saímos do bar, indo em direção ao carro estacionado na rua. Kouyou entrou no veículo em silêncio, deu a partida e dirigiu algumas quadras sem dizer uma palavra. E eu soube que ele estava tentando achar as palavras certas. Finalmente ele começou:
- Anna, o que você acha que tá fazendo? – jeito errado de começar, amigo, jeito errado.
- O que? – me fiz de desentendida.
- Como assim o que?
- Uru... – suspirei, tentando achar graça naquilo, mas ele parecia irritado de verdade.
- Isso não foi certo, Anna. Não foi mesmo.
- Uru...
- Não, não vem com “Uru...” pra cima de mim. Você não devia ter feito isso.
- Isso o que? – Deus, ele ia ficar fulo comigo.
- Argh, Anna! Eu juro que tem vezes que eu sinto vontade de te esganar! – e ficou. – Por que é que você ficou jogando a Anna pra cima do Reita?! O que te fez pensar que você tem esse direito?
- Ah, Kouyou, o que tem de errado nisso? Os dois são solteiros, qual é o problema?
- Qual é o problema?! Não passou pela sua cabeça que o Reita possa não querer sair com ela, ou até mesmo que ela possa não querer sair com ele?
- Não. – respondi, serena – O Reita é um cara legal, a Anna é bonita, inteligente, divertida... Por que não?
- Esqueceu que existe uma terceira pessoa no meio disso?
- Quem? O Ruki? – eu sorri desdenhosamente, sabendo o quanto ele se irritaria com aquilo – Ah, pelo amor de Deus, Shima, não seja ingênuo! Nunca vai dar certo.
- Quem disse isso? E se der certo?
- Tá, claro. – arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços. – Não vai dar certo. Você é amigo do Reita há quinze anos, devia saber que é só fogo de palha. Naquela noite na casa do Aoi eu praticamente mandei ele dizer que amava o Ruki, dei a ele todos os motivos. Mas ele não disse. E se não disse é porque não é de verdade. Porque se fosse de verdade pros dois, o Reita tinha dito que amava o Ruki e os dois tinham resolvido ficar juntos naquela mesma hora.
- Mas isso não significa que você pode sair arranjando encontros pra ele. – disse nervoso, estacionando o carro na garagem do apartamento e desligando-o.
- Ah, por favor, Uruha... Convenhamos, ele não é mais uma criança. Nem o Ruki é. Eles superam. – desci e fui chamar o elevador.
- Como é que você consegue desconsiderar os sentimentos das outras pessoas desse jeito? – entrou no elevador comigo, emburrado.
- Que sentimentos? Tesão? – apertei o botão do elevador, ouvindo Uruha bufar.
- Você é tão descrente em relação ao amor, Anna. Você simplesmente acha que não acontece. – disse, sério – Como é que você pode dizer que sente algo em que não acredita? – e saiu do elevador, entrando no apartamento, eu o segui, pasma.
- Tá dizendo que eu não te amo? – parei na porta, encarando suas costas.
- Não sei. Por que você não descobre sozinha? – colocou as chaves sobre a mesa de canto da sala e foi até o quarto.
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acontece nas melhores famílias, não é mesmo?
beijinho da titia :*