Novamente, me encontro nas últimas linhas de meu mais recente livro adquirido. Novamente, em poucas horas acabando com uma história. Até que, enfim, me deparo com meu mais cruel e perverso inimigo: o ponto final.

Novamente, me pego uma jovem sentada na rede da varanda de seu pequeno apartamento, balançando, de um lado pro outro. Em poucos segundos, todo o poder, toda a emoção, o entretenimento que consegui com aquela história de 500 páginas se vai e imagino se é assim que um usuário de drogas se sente quando acaba o êxtase. Eu preciso de mais.

Novamente, percebo o quão insignificante sou. Invés de lutar contra grandiosos monstros, minha vida é ir para a escola e tentar ser alguém relevante na sociedade. Sou somente um número ligado a um nome qualquer, gravados para sempre em minha carteira de identidade.

Não sou uma brava guerreira, um Hobbit, uma vermelha e prateada. Minha carta de Hogwarts nunca chegará, meu sátiro não virá me buscar, nunca participarei da Casa da Vida, não serei uma heroína.

Então, finalmente, percebo que não. Eu posso ser o que quiser. Sou como um Deus, tudo acontece como eu mando. Aqui é minha imaginação e posso ser o que quiser, fazer o que quiser. 

Agora, eu não leio as histórias. Eu as escrevo.