Foto de Hincubus Shu
Hincubus Shu
ID: 528928
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  • 17/10/2014


  • Sou apenas mais uma alma errante entre essas estradas povoadas de almas fixas, cheias de suas ancoras, seus portos, seus abrigos e lares. Sou cigano viajante, agoniado e refinado pela solidão. Sou como saudade, me levo com o vento, corro sobre as brisas.

    Respiro fundo, fito o horizonte como quem fito velho amigo, assim de anos decorridos. Ponho um pé após o outro nesse caminho dos desconhecidos. Sou meio nômade, arrogante daqueles que protegidos por seus muros e defesas. Não sinto mais meus calos, afinal os pés são os mesmo, a terra sobre eles é a mesma, os anseios se foram perdendo pelos caminhos. Se trocaram por esses risos bobos, por um experiência e uma visão tão particular que me considerava intocável.

    Meus rosto ainda tem a mesma expressão, as rugas quase não me afetaram com os anos mas as rachaduras e os abismos interiores foram se aflorando por toda minha extensão. Meus olhos possuem agora um novo motivo se é que pode ser chamado assim, eles são emoldurados por um vazio quase devastado.

    Sentia-me presente naquelas gotas tímidas de chuvas que lambiam meus cabelos ondulados já nos ombros, me sentia presente como se os céus chorassem. O tempo agora não fazia mais diferença, me tornei atemporal por escolha. Observando de meu vazio a cheia dos outros como criança curiosa.

    Meus costumes ainda eram os mesmo, estranho assim madurar apenas por dentro, e manter-se intacto por fora. Os dias nublados eram como acalantos, me fazendo suspirar. O cheiro molhado, a pálida luz era o canto condenado de minha alma.

    Volta e meia ela vinha assim mesmo, gélida rígida punha mãos nos meus ombros, tomávamos aquele velho chá trocávamos meia dúzias de palavras. A cordialidade era a mesma mesmo após tantos encontros e tantas negativas vindas de mim. Ela era sorrateira, espreitava pelos mesmo caminhos que eu porém eu era mais insistente. Tinha decidido que não tinha hora pra mim. Meus passos seriam até quando não fossem mais, talvez somente assim ela fizesse parte de mim e tal vastidão branda e singelamente vazia deixasse de afligir minha alma, causando me um prazer desconhecidos por aqueles que nunca mergulharam dentro de si mesmo e resolveram permanecer imersos.Quando não fosse mais. Eu seria parte do tudo tão cheio e vivo