Voz rouca, fina, irritante.  

" - 'Havia asas em seu bolso, e ela sorriu...', e paramos por aqui mocinha. - Disse a moça fechando o velho e manchado livro.

- Mas mamãe... - Quis rebater a menina.

A mulher que já parecia cansada e talvez até abatida, observou os profundos olhos azuis da garotinha que tanto a admirava.

- Já esta tarde, amanhã eu continuo com a história, querida. - Debruçou-se sobre a menina beijando-lhe a testa, puxou a colcha roxa mais para cima, para aquecer sua menininha naquela noite gelada. Apagando a luminária que ficava estabelecida no criado mudo ao lado da cama, levantou-se e seguiu até a porta.

- Mamãe... - A menina chamou.

- Boa noite.

- Espere. - Disse com sua voz aguda, mas ja com sono, a garotinha. - Qual é mesmo o nome da protagonista?

- Bea. - A mãe sorriu, mesmo a garotinha não enxergando pela escuridão do quarto. - E ela não é a protagonista. Agora durma. - E encostou a porta atrás de si."

Procurando uma resposta sem ter a pergunta. Procurando terra firme quando se é um peixe. Procurando sorrisos em lágrimas.