Lucas

13/01/2014 às 16:53 • O Assassinato do Coronel Figueira
O que acho fantástico é a sua capacidade de ambientação; está, em especial. Lembro-me vagamente que você disse, uma vez, que era formado em história, certo? Creio que todo o seu conhecimento adquirido contribua muito com isso. Quando comecei a ler imediatamente me perdi no tempo. Esqueci o século XXI, esqueci tudo; e fui transportado a década de 10. Pessoalmente eu gosto desse período na história do Brasil. Acho que foi uma época mais ''galante'', por assim dizer. E só o fato de mencionar esse período já me traz vários nomes e acontecimentos aleatórios que datam a República Velha. Vamu' lá!
Primeiro, o próprio personagem. Amo romances policiais, e logo de cara quando você me apresentou o Prestes já imaginei-o com as respectivas características clichês que, para mim, nunca serão clichês o suficientes: um homem alto; sobretudo marrom com a gola levantada até o pescoço e um chapéu clássico sombreando a face. E, claro, o tabaco. Finalmente temos o nosso próprio inspetor digno de honra, adeus Sherlock Holmes! Sua ideia de justiça é como a de todo homem deveria ser. E também seu repúdio a certas e malditas oligarquias. O modo como tudo foi conduzido não poderia ter sido melhor, não, não mesmo. Foi tudo muito rápido, sem enrolações, contendo várias reviravoltas No final, não ficou nenhuma deixa. Todas as engrenagens foram colocadas no lugar pelo Prestes. O mais óbvio às vezes nunca é o certo, e o nunca é certo nem sempre é o mais óbvio (acho que a frase de efeito n ficou legal, mas cê entendeu). Também, assim como o nosso digníssimo inspetor não engoli essa do tal do Cruz.Se ele quisesse mesmo fazer isso tenho certeza que o rival de Figueira teria arquitetado um plano melhor, de modo que nenhuma das evidências pudessem conduzir a ele (de qualquer maneira parece que Cruz saiu ganhando com isso). Todo personagem que aparece, desde o mais importante ao secundário é suspeito, e teimo em desconfiar de todos até a última linha do capítulo. Aquele Moreira pareceu-me bem suspeito assim que Ernesto pôs os olhos dele, e no final, quem diria, o miserável do delegado! O pó, as flores, tudo planejado. Ou não tão miserável, visto que ele teve uma proposta ideológica para cometer tal ato e manipular o casalzinho ali. No entanto não aprecio o assassinato, em qualquer caso. Quanto menos sangue a ser derramado melhor. A justiça tem que ser para todos, de forma plena e consciente. Existem outros meios para derrubar os poderosos. A verdadeira revolução hoje é interna e se educar, acima de tudo, é o mais importante.
Cara, demais. Sinceros parabéns por esse projeto. Escuta, dois capítulos postados até agora. Vai ter mais? Não tenho dúvidas de que acompanharei a saga de Ernesto Prestes em meio a gente corrupta e conflitos políticos e crimes com entusiasmo. É um personagem que transmite carisma por si só.
Até!


Resposta do Autor [Goldfield]: Muito obrigado pelo comentário :)
Sim, sou formado em História, e recentemente tenho tentado incluir contextos históricos diversos a praticamente tudo que eu escrevo, visto meu fascínio por outras épocas. Gosto de todas as épocas da História do Brasil no geral, mas também tenho um carinho especial pela República Velha e sua aura de "bélle epoque". E vários nomes e eventos me vêm à mente assim como à sua quando trato do período.
Que bom que gostou da caracterização do Prestes. Esse conto é originalmente do meu segundo colegial, em 2005, e dei uma recauchutada nele para a postagem. Nessa época eu era bem mais radical ideologicamente (ainda sou de esquerda, porém mais moderado), então o nome do inspetor é a junção de dois revolucionários Ernesto "Che" Guevara e Luis Carlos Prestes, o que se encaixa com a postura tão anti-oligárquica e anti-elitista dele. Mesmo hoje tendo outros posicionamentos políticos, mantive a alcunha do personagem por se enquadrar nas posturas e comportamentos dele.
Fico feliz por ter achado o enredo bom e bem-amarrado, confesso que o gênero policial para mim é o mais difícil de escrever dentre todos, por eu ter dificuldade em surpreender o leitor - a maioria das minhas tramas são muito óbvias. No final, o delegado foi vítima das políticas republicanas, mas como você viu e concorda com o Ernesto, a causa é válida, mas não o método, hehe.
Gostei bastante de suas colocações sobre revolução, também.
Terá mais sim. Esses dois são antigos - o segundo caso é de 2006 e melhorado em 2009. Pretendo escrever mais contos do Prestes em breve, espero que goste e continue acompanhando.
Forte abraço :)


Lucas

13/01/2014 às 18:44 • O Caso do Vaso Chinês
Não acredito nisso hahahahahahahahha, puts! Esse foi bem diferente do primeiro, e, mesmo não tendo ação/perseguição gostei mais desse. Muito criativo, como você havia me respondido, construir um romance policial é difícil justamente pelo cuidado que o autor deve ter em arquitetar os detalhes grandes e os mínimos; cenas; personagens. E este o tema foi puramente humor, embora não deixando o suspense típico de um caso policial. Tive que resistir em não correr com as palavras para descobrir o que acontecera com o bendito vaso, que nem original era. O que eu mais gostei, pricipalmente, foi essa frase: ''Na sociedade paulistana, até a comoção, a dúvida, toda sorte de sentimentos, eram fúteis. Puramente fúteis.'', que define o pensamento de Ernesto em relação a sociedade de São Paulo. Olha só como tendemos, na maioria das vezes sermos pessimistas. Assim que um objeto de valor (não no caso de Dona Antônia, visto que o produto made in china deve ter custado muito barato rs) desaparece nossa infame mente já cogita o pior, em qualquer caso, aliás. Vivemos numa capital que está em constante tensão, não é mesmo? Você deve ter essa mania também, se vive em SP ou outra cidade grande, de sempre andar rápido, dirigindo olhares suspeitos para todos os lados. E para mim todos foram suspeitos, principalmente a atraente Júlia Cunha, lançando ao inspetor olhares inquietos. Mas parece que esses olhares suspeitos escondiam um interesse dela no homem e, se os deuses forem bons, a história terminará com a atriz na casa do Prestes.
Enquanto Ernesto interrogava os convidados não esqueci do mordomo; até tinha cogitado que ele mesmo roubou o vaso para algum fim, sei lá. Para você ter ideia de como minha mente entra em constantes devaneios tinha até pensando que o delegado havia roubado o vaso, assim, ele iria devolver a viúva e, de alguma forma, encantá-la bancando uma de herói que salvou a noite e assim traçar a Dona Antônia para depois casar com ela e ter direito aos seus bens, dinheiro e etc, No final das contas a solução para o caso estava no começo do caso: ''cuja vagareza era, a meus olhos, maior que a de mil tartarugas juntas.'' Coitado do mordomo, só queria deixar a peça de valor apresentável para os convidados. Pena que demorou demais, rs. Cara, parabéns. Aguardado mais histórias do Prestes, pode ter certeza disso.
Abraço!


Resposta do Autor [Goldfield]: Pois é, este é um conto que trolla quase todos que lêem, huahaahaua!
Sim, este conto é mais leve e descontraído, mas tentei colocar ao máximo uma aura de suspeita e mistério, para fazer o leitor ler e teorizar ao máximo, mesmo. A trama mostra mais do ódio do Prestes pela oligarquia e, quando escrevi, tive esse exato objetivo de mostrar como, em nossa rotina, muitas vezes imaginamos a pior possibilidade para algo ou criamos falsas suspeitas e conjecturas sobre coisas banais - a sociedade do medo. Enfim, está aí, em forma de crítica, um lampejo dela nos anos 1910.
Do jeito que o Prestes é, infelizmente duvido que ele tenha consigo algo com a atriz, viu, hauahaua!
Gostei muito da sua teoria sobre o delegado do conto anterior, fez uma ponte ótima, hauahauahaua! No final, era só o mordomo lento mesmo, hauauaa!
Pode deixar, assim que possível trarei mais. Tenho ideias para mais uns 3 casos, só falta botá-los no papel. Obrigado por ler e comentar.
Abraços.