From The Valley To The Stars escrita por leth


Capítulo 3
3. I need another history


Notas iniciais do capítulo

I hope you like ^^ xoxo



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O dia de fugir era o seguinte. Após Benj me convencer de tudo aquilo de ir para a Califórnia e tal, eu fui para casa e fiquei um tempo com minha mãe. No começo, ela estranhou, pois, eu nunca havia feito aquilo. Só espero que ela não tenha desconfiado. Por fim, fiquei com ela e depois fui passear um pouco com meu pai. Fomos até a lanchonete e a única coisa que comi foi a alface que veio naquele sanduíche gorduroso dele. E lógico, refrigerante. Sou viciada em coca-cola. Conversamos e rimos muito. Espero que eu não morra á caminho da Califórnia para poder fazer isso novamente algum dia com meu pai. Ele me deixou em casa depois e pegou seu rumo para L.A. Eu iria sentir saudades dele, mais do que já sentia quando minha mãe não deixava ir vê-lo. O que inclui “toda minha vida desde os seis anos, quando eles se divorciaram”.  Vi House com minha mãe na TV e fui dormir. Ou melhor, fui arrumar minha mala para a grande fuga. Coloquei algumas roupas confortáveis numa mochila velha que eu tinha, escrevi uma carta para minha mãe na qual eu dizia “SINTO MUITO” umas cinqüenta vezes, e liguei para Benj.

- Você tem certeza de que vamos fazer isso, Benj? – perguntava, nervosa.

- Sem dúvidas Jules, você vai conseguir! – ele dizia, tentando fazer com que eu não desistisse logo agora.

- Mas sabe o que é, eu nunca nem surfei. Por que eu quero tanto isso sendo que eu nunca senti a sensação de estar numa prancha... No mar? – eu dizia, tentando fazê-lo desistir.

- Exatamente Jules! Essa é a questão. Você não sabe como é essa sensação e nunca irá saber se ficar amedrontada por toda a vida. Poxa Jules. Nós temos tempo até a competição, nós podemos ir parando em praias de vários lugares diferentes para você aprender, já pensou que máximo? Você vai desfrutar da vida apenas com dezesseis anos e vai ter muita história para contar para seus filhos e netos, qual é. – Ele dava seu discurso no estilo “SE VOCÊ DESISTIR, EU TE MATO”. Eu tive que concordar.

- Ok seu imbecil. A gente se vê às quatro. E lembre-se: É da manhã. E não da tarde. Au revoir – eu disse por fim, e desliguei o telefone antes que ele dissesse mais alguma coisa estúpida ou que eu pensasse melhor e desistisse de vez.

A noite foi bem longa. Não consegui pregar os olhos. Acho que eu estava muito nervosa, aflita, anciosa. Afinal, eu iria fugir. Será que eu não tinha percebido o quão grave é isso? Levantei ás três da manhã. Tomei banho, me vesti com a blusa da banda do meu irmão e uma bermuda jeans clara. Calcei meus tênis, peguei minha mochila e fui até a cozinha. Peguei uma barra de cereal e não contive meu desejo de vê-la mais uma vez. Fui até o quarto onde minha mãe dormia angelicalmente. Dei um beijo em seu rosto e sai. Cheguei na casa do Benj faltando cinco minutos para as quatro. Ele já estava no portão, com uma prancha na mão e dando um sorriso bem grande ao me ver.

- Agora chegou a parte difícil, roubar o carro do meu irmão. – ele dizia, apoiando a prancha nas grades do portão. – OK. Ele não pode escutar o barulho do carro, porque ele é meio doido e ama esse carro, então se ele estiver com o sono leve e escutar o barulho do motor, acaba tudo. Vou ter que ser sigiloso. Espere aqui. Eu volto já. – ele disse com um sorriso malicioso no rosto, e deu a volta na casa.

Era estranho estar ás quatro da manhã na rua. Não que eu nunca tivesse ficado até essa hora na rua, mas o problema é que dessa vez era diferente. Eu estava sendo cúmplice de um roubo. Ok, não era um roubo tão fatal assim, pois estávamos roubando o Rob. Mas mesmo assim... E se ele pensasse que outra pessoa o havia roubado? Eles poderiam culpar meu irmão, afinal, ele já foi preso uma vez por roubar um carro... Eu estava muito pensativa e tremendo de medo, mas fui interrompida pelo Benj e o carro.

- Vamos! – Ele dizia enquanto saia para por a prancha no carro.

- Ok. Vamos lá. – eu disse, tentando me encorajar. Então fomos.

Era legal sentir a brisa batendo no rosto, ver o nascer do sol e estar ao lado do seu melhor amigo... Mas era estranha a sensação de estar fugindo... Apesar da adrenalina e da excitação, eu estava mesmo preocupada com o “roubo” do carro.

- Benj, e se seu irmão achar que foi o meu que roubou o carro? – Perguntei preocupada.

- Relaxa, eu deixei um bilhete para ele dizendo que eu peguei o carro para dar uma volta pelo mundo. – Benj disse, todo seguro de si, e sorriu. Nossa, que dentes.

- Hum. Então tá bem. – eu disse, e liguei o rádio.

Estava cansada, pois não tinha dormido a noite toda, então deitei um pouco o banco do carro e dormi. Ás vezes despertava lentamente, e mal abria o olho, apenas escutava o Benj cantando junto do rádio do carro, e retornava ao meu sono tranqüilo. Só acordei mesmo quando já estávamos bem longe daquela cidadezinha miserável. E já era noite. O sol já tinha ido embora, e agora, o céu estava estampado de lindas estrelas brilhantes. Até pareciam que estavam ali, lindas, todas para mim e para Benj. Nunca tinha visto um céu lindo daquele.

- Quer que eu dirija agora? – perguntei ao Benj, me espreguiçando.

- Ah, até que enfim acordou. Não, não precisa não, ainda não estou com sono. – Ele dizia e sorria. Ele estava mesmo feliz, não parava de sorrir.

- Porque você me convenceu á fugir com você? – Perguntava, intrigada. – Afinal, não foi só pelo surf, foi? – O que eu estava fazendo? O que eu espera ouvir? Ele mesmo já havia falado que era por causa disso, Jules. Acorda!

- Bom. Eu queria descobrir novos horizontes, conhecer melhor o resto do mundo. Afinal, moramos num lugar onde o nada é muito. E queria dividir isso com alguém especial. E esse alguém é você, entende?

- Aham. – respondi e mordisquei o lábio. – Eu acho que eu estou com fome.

- É. Eu também estou. Não tem nada pra comer? Você não trouxe nada?

- Tenho cara de restaurante? – perguntei.

- Não. Com certeza não. – ele riu

- Nós devemos estar perto de alguma lanchonete... Ou daquelas paradas... Sei lá. – arrisquei

- Já passamos por algumas, mas você estava dormindo tão profundamente que não quis te acordar, mas acho que logo vamos passar por outra, daí a gente para... E água, você trouxe?

- Água eu trouxe... Você quer? – perguntei.

- Lógico, se não eu não teria perguntado se você havia trago. – Odiava o fato de ele ser assim, tão estúpido ás vezes.

- Grosso. – resmunguei, e virei meu corpo para o banco de trás para pegar a água. Quando retornei a minha posição, tive a ligeira impressão de que ele estava olhando para... Bem... Você sabe para onde. Ou eu só estava tão afim dele que queria que ele estivesse fazendo isso. Finalmente, encontramos uma lanchonete e fomos comer. Estacionamos o carro no estacionamento do lugar, e entramos. Não tinha mais de nove pessoas lá. Sentamos e esperamos virem pegar nosso pedido.

Como sempre, era um lugar de carne - sugas. Fui obrigada a comer um sanduíche de frango, pois jamais na minha vida iria comer uma vaca, ou um boi. Então, comi a droga do frango. Já o Benj, aquele nojento, comeu um sanduíche pura carne. Como consegue?

Depois que comemos e pagamos tudo, voltamos para o carro, mas dessa vez eu finalmente assumi o volante. Então foi pé na estrada. Dessa vez eu já conseguia imaginar o cheiro da Califórnia. Enquanto o Benj dormia ao meu lado, fiquei pensando. Para variar. Porque eu gostava dele? Ele era grosso, falava palavrões (só que não mais que eu), era mal educado, comia com a boca aberta e não respeitava os limites. Mas acho que era isso que eu gostava nele. Não respeitar os limites, sabe. Ele era tão diferente fazendo isso. E tinha o fato de ele ter aqueles cabelos compridos e loiros. E não era um comprido qualquer. Era bem comprido. Bem estilo surfista/skatista da década do Stacy dos reis de Dogtown. E ele tinha a pele naturalmente dourada... E as bochechas eram tão rosadas... E ele tinha pintinhas. Ai, eu adorava pintinhas. E também acho que tudo se devia ao fato de não ter nada melhor do que ele onde eu morava.

Por fim, ficou bem cansativo e entediante dirigir sem a companhia da voz de Benj depois de uma hora sozinha. Daí, eu me senti obrigada a acordá-lo. Cutuquei o Benj até que ele acordou, todo afobado

- O quê foi? Já chegamos á Califórnia? – Ele perguntava, sem entender o motivo de eu ter acordado ele.

- Não. Estamos muito longe na verdade. Só queria sua companhia mesmo. – eu disse e sorri.

Benj fez uma cara de raiva, mas depois riu e começou a conversar comigo. Mal percebi que já tinha amanhecido e que o sol era ainda mais lindo e intenso que a noite estrelada anterior.


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