País das Maravilhas escrita por NoOdle


Capítulo 7
Sonho


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um! Tomara que gostem, ficou meio melancólico hahahaha Beijão! :DD



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Andava pela rua, sozinha, podia dizer até que desesperada. Para mim se não voltasse ainda hoje tudo estaria acabado, precisava ter aquele lugar novamente, tinha que estar nos braços de Tiago, sentindo ele me beijar, me acariciar... Precisava tê-lo inteiramente para mim e não só acabar com o gostinho de quero mais até o próximo dia.

Olhei para a direita, um boteco insistia em estar aberto, com os seus míseros três clientes bêbados. Tremi mais um pouco com o frio eminente, aquela porcaria neve parecia nunca acabar.

Andei até lá como bêbada, tropeçando nos próprios pés. Sentei na mesa do balcão, arranhando a madeira velha e cheia de lodo. O garçom logo veio ao meu encontro, e, mesmo sabendo que sou menor de idade, falou comigo com um copo na mão.

“O que deseja, garotinha?” Perguntou, tentando ser simpático.

O que eu desejo? O que eu realmente desejo? “Eu quero um sonho.” Falei somente, encostando a cabeça nos braços. “Se o senhor não tiver um me traga uma dose de uísque com gelo.”

Ele fez o pedido, deixando um copo com uns bons dois dedos da bebia alcoólica. Ficou me observando até o líquido quase acabar, o que me dava alguns calafrios e arrepios, me fazendo sentir o quente voltar o meu corpo.

“Sabe, se queria tanto um sonho...” Começou ele, me olhando. “Veio ao lugar errado. Uma boa padaria venderia isso para você, se não souber fazê-lo.”

Fechei um olho, olhando o velho homem de cabelos brancos e raspados. Coitado, estava tentando me animar ou até puxar conversa. Mas não tente quando estou estressada, os resultados positivos ganhos serão patéticos.

Sorri somente, não muito convencida. Abaixei a cabeça, sentindo um vazio dentro de mim. Era idiota pensar assim, mas preferia morrer do que continuar naquela vida.

“É um garoto, não é?” Continuou, ainda esperançoso de que eu vá a trocar alguma palavra com ele. “Sim... Seus pais não devem ter te dado a atenção que você merece e acabou por tentar depositá-la em um menino.” Disse, balançando a cabeça.

Droga, ele era bom.

“Meus pais?” Falei, bem mole, os cotovelos na bancada, uma mão segurando o copo de uísque pela metade e a outra em meu rosto. “Eles não quiseram saber de mim. Morreram assim que tiveram chance, tomara que eu tenha a mesma sorte que tiveram.” Bufei, revirando os olhos. “Chance. Estúpido. Todo mundo tem o mesmo tanto de chance, eu só nunca tive escolha.”

O homem colocou as mãos no balcão, chegando mais perto e me olhando. “Menina, não diga assim. Seus pais provavelmente lamentam por não poder ter passado o tempo contigo.”

“Lamentam?!” Falei, bebendo o resto e batendo o copo na mesa. “Você não ouviu a parte que eu comentei que eles estão mortos!? Devem estar rindo de minha situação em casa com meus tios, oh, não, espere um pouco...” Parei, fazendo uma cena melodramática. “Eles não dão a mínima para a minha existência!” Afundei a cara nos braços em cima da bancada, esticando levemente as mãos para o garçom. “Mais... duas doses.”

Ele encheu uma dose para mim, podia sentir. Levantei o rosto, pronta para beber, quando ele segurou em minhas mãos, os olhos levemente aturdidos. “Por favor, querida. Não vá fazer nada de errado. A vida é melhor do que se parece e do que é contada pelos outros.”

O olhei, sentindo que, de alguma forma, ele estava mesmo certo. Precisava me segurar. Mesmo não querendo, mesmo parecendo horrível esta opção, viver era importante agora. Pelo menos agora.

Deixei o copo em cima da madeira, sorrindo leve para o homem. “Você está certo. Tem só uma coisa que preciso fazer.” Passei os dedos pelo bolso de trás, procurando o dinheiro. Ele levantou gentilmente a mão, sorrindo carinhosamente.

“Esta foi por conta da casa, desde que você me prometa que não vai se meter onde não deve.” Disse, os olhos agora felizes por me ver sorrir.

“Obrigada.” Falei, saindo cambaleando pelo local. Ele me parou na porta, gritando algo.

“Onde vai, garotinha?”

Não me virei, não o encarei. Só olhei para os dois lados da rua, ignorando um homem que olhava constantemente para minhas pernas expostas no frio gelado. “Vou atrás de comprar meu sonho.” Disse somente, deixando o estabelecimento.


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