- Então é isso? Vamos mandar uma garota sozinha a parte mais escura da floresta? - exclamou NCA.

              Todos se entreolharam, pensando por um instante em quão estúpida parecia a ideia vista desse ponto de vista. Alguns pensavam que, se fosse para Aslam aparecer e ajudar, ele já teria feito isso antes. O silêncio já estava se tornando perturbador para todos, mas principalmente para os reis e rainhas.

              - Mas é a nossa única chance - falou o Grande Rei, explicando-se.

              - Será que já não morreram pessoas o suficiente?

              - Nikabrik também era meu amigo, mas ele perdeu a esperança, contudo, Lúcia não, nem eu. - falou Caça-trufas. Isso dissipou as dúvidas dos membros do Conselho, simplesmente por ser a mais pura verdade. Em tempos difíceis, o que seria deles sem a esperança? Só para garantir, Catherine disse:

              -Aslam já acabou com um poder muito maior do que o de Miraz, e ele já fez de tudo só para resgatar narnianos que foram levados como escravos. Eu sei disso. Ele me trouxe de outro mundo só para resgatar esses narnianos. Como podem ainda ter dúvidas de que esse é o certo a se fazer?

            Fez-se silêncio, enquanto todos encaravam o chão, envergonhados por terem se esquecido de quem sempre fez de tudo para eles.

              - Por Aslam - disseram Rip chip e Farfalhante por fim.

              - Precisaremos de toda a ajuda que possamos obter... Teremos que segurá-los enquanto Lúcia não regressar - falou Pedro.

              - Se me é permitido - interferiu Caspian - Miraz pode ser um tirano e um assassino, mas como rei, está sujeito às tradições e expectativas do seu povo. E há uma em particular que pode nos ganhar algum tempo, você poderia desafiá-lo a um duelo...

              - E assim evitaríamos mais batalha - argumentou Susana.

              Pedro respirou fundo.Era arriscado. Ele viu Catherine se remexer, inquieta, e logo pensou que ela queria assumir seu lugar. Na verdade, tudo o que moça pensava era no perigo que Pedro estava correndo. Pedro rapidamente assentiu, garantindo que fosse ele a lutar.

              - Mas mesmo assim, devemos nos preparar... Não podemos confiar nele - alertou Pedro - Porém temo não termos números suficientes, mesmo sabendo que não são números que vencem batalhas...

             - Bom, creio que já dei um jeito nisso... - interrompeu Catherine.

              - Ah é? Como? - indagou NCA cético.

            De repente, algo inesperado aconteceu: três figuras esguias, de rostos reluzentes e cabelos compridos, que trajavam vestes impecáveis e carregavam arcos como também levavam inúmeras flechas de marfim com rêmiges de um verde brilhante, irromperam no salão.

            Então, um homem branco, de longos cabelos dourados e olhos azuis, disse:

              - É com grande prazer que a Ordem do Grifo lutará ao lado da rain... Do Grande rei.

              - Pensei que os elfos haviam sido extintos... - disse Rip Chip surpreso.

              - Na verdade - falou a garota de cabelos negros - nós nos escondemos assim como as dríades, mas agora lutaremos por Nárnia.

              - Loren já preparou as armas da ordem que serão usadas novamente, logo os elfos estarão em posição - concluiu Cathy.

              - Catherine, como foi que você organizou isso tudo? - perguntou Lúcia.

              - Enquanto vocês estavam lutando naquela estúpida batalha - começou Cathy - Aslam falou comigo ele sempre esteve conosco – disse isso olhando para Pedro - Disse-nos que a Ordem do Grifo ainda estava viva, apesar de possuir bem menos integrantes, apenas a dispor de ataques aéreos, então, fui andando através da mata até que Loren encontrou-me, depois Claire apareceu e logo me reconheceram como a antiga comandante da ordem e conduziram-me até o seu quartel-general - ela deu uma pausa para recuperar o fôlego, olhou em volta e continuou- Hoje fui até o Beruna e...

              - O quê?!?!?!?! - exclamaram Caspian, Edmundo e Pedro ao mesmo tempo.

              - O exército telmarino está todo concentrado lá - falou o príncipe.

              - Dãããã, é por isso que eu fui lá...

[ Flashback on ]

            Catherine andava através da mata, após algum tempo, notou que não se poderia fazer um bom trabalho de espionagem sem um belo disfarce.

            Ao passar por pequeno casebre, Catherine observou algumas roupas penduradas no varal, não pensou duas vezes ao trocar suas roupas por aquelas.

            A moça observava através dos arbustos, quando foi abordada por dois soldados telmarinos, ela olhou para os lados tentando escapar, ao notar que não era possível fugir, deu apenas um sorrisinho amarelo.

              - O que faz aqui? - perguntou um soldado de cabelos escuros, cavanhaque e belos olhos azuis

            Cathy respondeu com outra pergunta:

              - O que bravos soldados fazem apenas de guarda? - falou tentando agradar-los

            Os soldados sorriram e estufaram o peito ao ouvir a observação da moça e o soldado número 2 falou:

              -Bem.. É que... Eles devem-nos  achar muito bravos para trabalharmos junto aos outros.

              - Oh! Mas com toda certeza! - concordou Catherine - mas, digam-me; Como é o exército?

              - Isto é estritamente confidencial - falou o soldado número 1

              - Mas não vejo problema em dizê-La... Afinal, não é como se ela comandasse o exército inimigo ou coisa assim, ela é apenas uma simples camponesa - argumentou o soldado número 2

              - Simples? - questionou Catherine parecendo indignada

              - Simples e bela - completou o soldado número 1

O flashback foi interrompido por Pedro que falou

              - Espere! Quer dizer que estes soldados lhe revelaram as estratégias só porque você era uma simples camponesa?

              - Não, eles me contaram, pois eu era uma bela e charmosa camponesa

            E todo o conselho irrompeu em risadas.

              - Homens, o que não fazem por um rabo de saia - suspirou Susana atraindo os olhares de todos os presentes.

              - Que foi? Vocês sabem que é verdade - rebateu Susana.

            Após mais gargalhadas, o grupo discutiu inúmeras estratégias a partir das informações fornecidas por Catherine.

            Pedro passou a sentir uma terna adoração ainda maior por Cathy, não só como mulher, pois agora já o era, mas também como líder. Uma líder eu ele não era, e jamais seria capaz de ser.

            Talvez ela tivesse razão, talvez fosse melhor esquecê-la...

            Mas como? Como ele poderia esquecer-se de tão nobre e bela criatura? Não, e decidiu-se por lutar para alcançar (mais uma vez) o seu coração.