Apaixonada por Um Fantasma escrita por Gibs


Capítulo 20
Capítulo 19 - Mundo dos mortos


Notas iniciais do capítulo

oie, tudo bom gente?
desculpe a demora, fim de ano no meu colegio é um tormento, provas, trabalhos finais, mó chato.
bom, taí mais um capitulo, espero que gostem
beijos



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Eu me via em um extenso bosque.

O bosque era em forma de circulo, fechado por árvores densas e altas, mesmo que eu quisesse sair daqui, eu não conseguiria. Eu estava em pé. A minha frente, um belo chafariz - daqueles antigos -, de mármore banco se erguia, cuspindo água por suas extremidades. A minha direita, pude notar um balanço. Sorri ao lembrar-me que um dia eu fui ao parque com minha vó, e me sentei em um dos balanços. Conforme ela me empurrava, o vento fazia meus cabelos voarem para frente e para trás. A minha esquerda, vi um espelho. Franzi a testa, confusa por ter um espelho ali. Caminhei até ele e parando na sua frente, me vi refletida. Pude ver meus cabelos longos caindo pesados pelo meu ombro, meus olhos verdes, brilhando conforme a luz de um sol imaginário quando batia neles. Eu usava um vestido branco de alças finas, que me cobriam até os joelhos. Eu sorria feliz. É, um sonho mesmo.

Sobressaltei-me ao ver minha vó parada ao meu lado frente ao espelho. Tomada pelo susto, virei, mas não a vi. Olhando para o espelho novamente, a vi ali, ao meu lado. Eu a fitava, confusa e ela apenas sorria.

– Vó? - a chamei. Ela piscava e continuava a sorrir. - Vó? - fiz menção de tocá-la, e apenas toquei o espelho.

– Você está tão linda querida. - disse ela, ainda com o sorriso estampado no rosto. Ela não falava, mas eu podia escutar sua voz.

– Vó, o que está acontecendo?

– Estou aqui para ajudá-La, minha querida. – disse a voz, ao longe.

– Ajudar? Com o que?

– Você está confusa, não é? Quer saber por que tudo aconteceu tão rápido, e o motivo. - eu a fitava, séria. Ela transluzia um brilho prata que a envolvia, deixando-a parecida com uma lâmpada acesa. - Estou aqui para responder suas perguntas.

– Não tenho nada para perguntar.

– Tem sim minha querida. Você quer saber o porquê dê sua mãe ter partido logo quando vocês começaram a se dar bem; quer saber por que conheceu o amor quando este já estava destinado a ser perdido; quer saber se o verá novamente e como você seguirá sua vida.

– Se sabe que são essas as minhas perguntas, porque quer que eu as diga? – notei que tais perguntas pairavam em minha mente quando minha vó as proferiu.

– É uma ótima pergunta.

– Serei respondida?

– Sim. - esperei que ela falasse algo, suspirei e ela prosseguiu. - Não tenha pressa querida, não há nada para fazer no mundo real.

– Me diga onde estou.

– Podemos chamar isso de Mundo dos Mortos.

– O que? E o que eu faço aqui?

– Você morreu, minha filha.

– O que?! - comecei a rir e a negar com a cabeça - Você só pode estar brincando vó. - ela me fitava agora séria. - Não posso estar morta! Eu estava em meu quarto, na casa de Alan!

– Acalme-se querida, vou lhe explicar tudo. - bufei, tocando meu pescoço. Não senti o cordão de Sebastian! O procurei entre as dobras do vestido, no chão a minha volta; sacudi meus cabelos, mas nada dele. Olhei para minha vó, sentindo as lagrimas voltarem a preencher meus olhos.

– Onde está vó?

– Uma coisa de cada vez, minha filha.

– Me responda então, responda todas as minhas perguntas! Eu quero que você as responda se é isso que tem que ser feito, anda! - gritei, cobrindo meu rosto com as mãos e agachando.

– O que quer saber primeiro?

– Onde está o cordão de Sebastian? - perguntei a fitando, furiosa.

– Com ele.

– O que? Com ele? Como? Ele perdeu, eu o encontrei há pouco em meu quarto, quando fui pegar algumas coisas em casa.

– O pingente voltou para quem pertence. - neguei com a cabeça, relutante. Aquilo não estava certo, como eu morri? - Você querida, antes de ir para o quarto, na casa de Alan, tomou alguns comprimidos, não foi? - e então eu me lembrei. Assim que cheguei à casa de Alan, deixei as coisas que havia pegado em meu antigo quarto, e fui ate o banheiro da mãe dele.

Achei uns comprimidos, e os tomei, achando que eram para dor de cabeça, já que eu estava com tal. Voltei ao meu quarto e me deitei em meu tapete, sentindo o perfume de Sebastian. Devo ter tomado mais do que o necessário. Não, não foi isso. Eram calmantes. Tomei uma dosagem muito forte. E eu fizera de proposito. Por quê?

– Pensam que eu me suicidei? - perguntei, enfim lembrando-me de tudo. - Eu não tive intenção, sabe disso. Pensei que eram comprimidos para dor de cabeça.

– Sim querida, sei disso, todos sabem. Mas antes que encontre sua mãe e Sebastian, precisa entender algumas coisas.

– Tipo o que?

– O real motivo de você poder ver fantasmas. - a fitei exasperada. - Você minha querida, vem de uma linhagem de mulheres que se comunicavam com fantasmas. Uma delas, sua tataravó, conheceu um fantasma e se apaixonou por ele.

– Como eu e Sebastian. – disse para mim mesma.

– Sim. - baixei os olhos, tomada pelo remorso de ter errado em minha obrigação, pensei que minha vó me repreenderia por minha falta de compromisso. - Ela engravidou.

– Como é? - a olhei, voltando a rir. - Isso é impossível!

– O ato de se apaixonar por um fantasma querida, de dar seu amor para ele, ultrapassa qualquer barreira. Até a morte. A vida que você deu à Sebastian, foi através de seu amor por ele, e ele retribuiu, lhe dando o último requinte de vida.

– Eu estou... Grávida?! – perguntei meio a risadas.

– Sim minha linda.

– Você só pode estar brincando, nada disso faz sentido. Você enlouqueceu depois de morta?

– Nada na sua vida fez sentido Victoria, mesmo assim, veja a pessoa que se tornou. – disse ela, me lançando um pequeno sorriso.

– Uma aberração?

– Minha filha, você é poderosa! Não sabe quanto é poderosa. Só precisa abrir seus olhos e enxergar você mesma.

– Eu tentei vovó, eu tentei.

– Não o bastante.

– Continue me explicando... - pedi, baixando os olhos e tocando minha barriga. As lagrimas que antes eu conseguira guardar, escorreram pelo meu rosto dando as boas-vindas novamente.

– Ela então, sua tataravó, deu a luz a sua bisavó. Porém ela, não podia vê-los.

– Então, como?

– Pensa que não existe homens capazes de vê-los querida? São raros, mas tem.

– Oh Deus! - exclamei, passando a mão pelo meu cabelo, o colocando atrás da orelha. - Então, ela engravidou, dando a luz a senhora.

– Sim. Eu não conheci minha mãe Vic, depois que eu nasci ela se foi. Atravessou.

– Ficou aqui só para que você nascesse.

– Isso. – concordou. Nada disso fazia sentido.

– Mas como isso acontece? Ela era um fantasma, como conseguira engravidar e ainda ter a senhora?

– Os fantasmas ganham força e “vida” conforme os humanos, no caso seu avô, lhe dê o amor e a vida que tinha, era uma troca justa. Foi assim comigo e seu avô.

– Por isso não conheci meu avô. - ela assentiu, baixando os olhos. - Minha mãe não gostava de falar sobre isso por saber que era fruto de uma relação meio absurda?!

– Sim. – minha vó piscou seus olhos para mim, e deu um sorriso triste. – Minha filha, quando se está numa posição como essa, é difícil lidar com tais responsabilidades. Para isso você passa um pouco da sua vida para os fantasmas, por isso podem se tocar, e dar origem a linhagem. Sua mãe achava isso um absurdo.

– Mas meu pai não era nenhum fantasma. E minha mãe não podia vê-los, não é?

– Tinha coisas que sua mãe não lhe contava Vic, por achar que você era nova demais para entender, porem, ao saber que você também os via... Ela preferiu esquecer esse assunto.

– Eu não entendo.

– Sua mãe fora a exceção Victoria, ela podia ver tanto quanto eu. Ela se apaixonou pelo seu pai. E quando ele se foi, ficou desesperada ao saber que ele queria ficar aqui, por ela. - ao ouvir minha vó contando que meu pai preferia ficar aqui pela minha mãe ao ir para a luz, lembrei-me de Sebastian me falando isso.

– Então, como eu também posso vê-los?

– Chamamos isso muitas vezes de maldição Vic, então, como essa “maldição” passou por duas linhagens completas, suas chances de nascer sem poder vê-los, era nula. Por isso você é tão especial, querida. Você pode viajar entre os dois mundos. Mais do que eu, mais do que sua mãe.

– Isso é muito pra mim vó, não consigo pensar.

– Victoria, viemos de uma linhagem pura de bruxas. A magia vive em nossa família há séculos. Esse poder, esse dom – como quiser chama-lo -, deve ser passado de geração em geração e nossas ancestrais viram que apenas desse modo seria possível. - minha vó parou e me fitou. – Você terá muito tempo para pensar criança. Há muito o que explicar, mas, hoje não.

– Então, Sebastian seria o meu...

– Você seguirá a linhagem com ele.

– Não mais. - eu já estava me conformando com a morte, quando senti um choque em meu peito. - Ai! O que esta havendo?! - e mais uma onda de choque me faz tremer. - VÓ?!

– Você seguirá com a linhagem... - e como tudo havia começado tudo termina. E eu, mais uma vez viajava no buraco negro.


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Notas finais do capítulo

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