A Colunista. escrita por Avrillafly


Capítulo 8
Passeio forçado e uma visita inesperada.




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-Ooooláááá dorminhocas! - A voz de tia Nancy nos despertou num pulo só.
-Ô mãe! Que droga, é domingo!
-E são quase 11 da manhã. Pelo que eu vejo, aprontaram todas ontem...
-Foi tudo culpa da Cris, tia Nancy... - disse, bocejando.
-Hum...cara, eu não lembro de nada!
-Também, depois do nono drinque é normal, Dannyzinha!
-Vão querer ficar esse dia lindo dentro de casa? O café já está na mesa – Nancy puxou as cortinas – e aliás, vamos sair!
-Oba! Agora você falou minha língua, mamis!
-Ah, como diria meu querido William Shakespeare: “Para o trabalho que gostamos, levantamo-nos cedo e fazemo-los com alegria.” - Como sempre, Danny citava alguma coisa do dramaturgo.
Nós três dividimos o banheiro, tinha espaço suficiente para nós. Depois Cris fez questão de nos emprestar roupas, ela tinha um closet quase do tamanho da Sac´s, com várias marcas de grifes famosas. A maioria tinha ganhado das mãos dos criadores.
Quando descemos, Jeff já nos esperava no final da escadaria, com aspirinas e copos d´água numa bandeja de prata, sempre impecável no seu terno. Estava na família Bergeson desde que os pais de Cris tinham se casado.
-Bom dia, meninas.
-Bom dia – respondemos juntas.
-Ain Jeff, eu te amo! Valeu pelas aspirinas, minha cabeça tá fazendo “tuchtuch” até agora – eu e Danny rimos – e aí meu amado, onde é o rango?
-Ahm... o desjejum está servido na saleta de jantar privada, senhorita Bergeson.
-Já te disse um zilhão de vezes pra me chamar de Cris! Vamo meninas, até Jay! - Disse, dando um beijo na bochecha dele.

Uma cena que nunca vi acontecer na minha vida: um pai e uma mãe me esperando pro café da manhã. O pai lendo jornal, a mãe adicionando cubos de açúcar no chá... durante meus 17 anos de existência, sempre fiquei sozinha, comendo cereal colorido e vendo desenho animado.
-Hi papis and mamis! - a escandalosa praticamente gritou, dando beijo de bom dia nos dois.
-Sentem-se meninas – disse tia Nancy – ah, por onde foram ontem?
-Se eu te contar mamis, teria de matar você, haha! Ah anota isso: adolescentes são cheias de segredos.
-Hum bom mesmo, vou anotar! - Como escritora, ela sempre estava com um bloquinho em mãos.
-Nancy, vai contar pra elas sobre seu plano hoje?
-Tem razão, Arthur. Meninas, estou precisando fazer a unha urgentemente, e seu pai quer atualizar a Barsa da bilbioteca. Precisamos ir ao shopping.
-Ah, mas só se liberarem o cartão de crédito...
-Somente desta vez, Cristine.
-Ahn, acho que vou ter que dispensar. Minha mãe não vai deixar. -Disse
-Já deixou. Eu liguei pra ela, que também confirmou presença. Danny, sua mãe também deixou, mas vamos te deixar em casa as 3 da tarde, seu pai volta de Denver hoje.
-Uau, ele finalmente vai dar as caras. Tô com saudade – disse Danny. O pai dela é cardiologista, e vive viajando.
Terminamos o café rapidamente. Deixei Danny em casa pra se trocar rápido, e fiz o mesmo. Com ela e minha mãe no carro, fomos seguindo o carro da família de Cris que estava na frente.
-Vai devagar...
-Eu sei mãe, tá tranquilo - mas falava entre os dentes, tensa. Toda vez que Emily estava naquele carro eu ficava tensa, porque ela simplesmente não parava de me dar noções de trânsito, como se não tivesse carteira. Pelo retrovisor, vi que Danny estava rindo de nós.
Já no shopping eu preferi andar atrás com as meninas, enquanto os pais andavam na frente.
-E então Emily, como vão as coisas no seu trabalho?
-Estão bem estáveis. Sempre uma crise ou outra, mas no final eu e minha equipe resolvemos tudo -eu mordi os lábios ao escutar a conversa. Para o mundo, Emily era analista de sistemas, e vivia mentindo como ninguém faria melhor.
-Ain! Olha essa camisa xadrez! - Cris nos arrastou até a vitrini – Uau, vai ficar linda em mim!
-Como? Você tem uma igualzinha que eu vi! - Disse Danny.
-Não é igual, a que eu tenho é laranja, esta é pink.
-Dá licença, meninas... - me virei a reconhecer a voz de Emily – Lillyth, vem aqui no banheiro comigo?
-Ahn...ok – e ela me puxou com tudo pra dentro dele – Ô, tá louca ou o que?!
-Psiu! - Ela disse, e começou a molhar a nuca.
-O que houve? - fui até ela.
-É aquela... infame! E logo aqui!
-Quem, a Fergie? - Disse sarcasticamente.
-Quem dera fosse... é a representante da Dior!
-Ah, a Cris falou dela. O que ela tem de infame?
-Tudo! Ela vai... fechar um grande contrato de publicidade com o jornal, mas exige que eu escreva a minha coluna anual sobre quem ela quiser! Mulherzinha esnobe, nunca fui com a cara dela...
-Pera... você a conhece?
-Sim, e você também. É Ester Eliott Kennis.
-Wow, a mãe da Kyra?!

Flashback – uns dias antes...


Emily como sempre chegou animada ao trabalho, mesmo estando atrasada. As pessoas passavam cumprimentando-a, dando cada vez mais crédito a ela. Estava apressada, mesmo assim entrou sem cerimônias na sala do chefe onde todos a esperavam. A surpresa? Ester estava lá.
-Oh... olá Ester, quanto tempo! - Disse Emily, tentando absorver o choque.
-Bom dia, Emily – Disse, em tom seco e muito educado.
-É claro que já se conhecem. Emily, em pedido da própria grife, Ester vai representar a Dior este ano. E querem um contrato de publicidade conosco...
-Milionário por sinal – Disse Ester, cortando Joe.
-Sim, sim! E...bem, ela agora sabe que você é Nathalie...
-Como?! Contou minha verdadeira identidade?! - Emily gritou, quase histérica.
-Não sepreocupe, vou manter o sigilo profissional que sua área exige. E se servir de consolo, eu já havia descoberto há muito tempo – Emily voltou a se sentar, meio tonta – é claro que... entre outras coisas, tenho uma exigência. Ou melhor: um pedido de minha amada filha.
-Como? O-o que quer dizer?...
-Eu, ou melhor ela, já tem um excelente alvo para sua coluna anual...

-É, a mãe dela. Chegou na cidade com toda a “pavonice” possível, em quatro furgões só de assistentes, dá pra acerditar?
Daí a ficha caiu. Eram aqueles furgões que quase me mataram.
-E-e sobre quem vai escrever? - A adrenalina foi liberada, só por precaução.
-Eu nem me lembro quem, isso não interessa! Já falei pro Joe, essa mulher não vai me obrigar a nada.
Saímos do banheiro. Ester ainda estava lá, toda íntima com Nancy.
-Ah, olha só quem saiu do banheiro! A pequena Lillyth - ela nunca deixou que me esquecesse que era inferior a Kyra – você está...diferente.
-Mas não crescida! - Aproveitei pra alfinetar.
-Certo, e ainda responde muito bem aos adultos.
-Ah, vocês se conhecem? - disse Cris.
-Sim, ela é a mãe da Kyra – falei sem tirar meus olhos dela.
-Não sabia! - Cris falava inocentemente, afinal estava em LA por pouco tempo pra saber da história toda.
Continuamos o “teatro da civilização comportada” muito bem. Não sabia como Kyra se encaixava há história, mas algo em mim pressentia o perigo. Quando foram para a livraria, eu me isolei pra tomar um milk shake de Ovo Maltine. Foi aí que levei dois sustos.
-Adivinha quem é! - alguém tampou meus olhos.
-Oi Matt.
-Nossa, como sabia?
-Conheço sua voz - ele estava acompanhado de outros três amigos, que usavam um estilo mais skatista.
-Ô, as competições de skate começam semana que vem. Aparece lá pra me ver.
-Claro, vou estar na torcida!
-Com a plaquinha de “free hugs”?
-Uhum, mas escrito: Go On Emo Boy! - Até os amigos deles riram.
O outro susto foi na saída, quando estávamos no estacionamento. Um carro todo preto me fechou quando ia saindo. Aquele susto de imediato ajudou a frear a tempo. Mas tempo suficiente pra que eu visse uma franja loira...que conhecia de algum, lugar.

Em casa de noite, eu terminava de escrever o capítulo 34 da minha fic, antes que as leitoras se matassem. Estava escutando o Zimmer pra dar inspiração. Na verdade, estava tão concentrada na tela do PC que nem vi Emily no meu quarto.
-Ahnnn.... deseja... alguma coisa? - Disse arqueando a sombrancelha.
-Vo-você... os conhece de alguma forma?
Ela apontava pro poster que estava fixado perto do espelho... o poster do Tokio Hotel.


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