A Colunista. escrita por Avrillafly


Capítulo 7
À noite os gatos são pardos...E as Emos baladeiras


Notas iniciais do capítulo

Parte dois do capitulo anterior.



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"Sente-se direito
Eu vou precisar de você pra marcar o tempo
Vamos lá! Apenas estale, estale, estale seus dedos pra mim
Bom, bom, agora nós estamos fazendo algum progresso
Vamos lá, apenas bata, bata, bata seus dedos do pé no ritmo.
E eu acredito
Que isto pede por uma introdução apropriada, e bem
Você não vê?
Eu sou o narrador, e isto é apenas o prólogo"

Trecho da música The Only Difference Between Martyrdom And Suicide Is Press Coverage - Panic At The Disco
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Mesmo depois de ter lavado o rosto, o sono estava agarrado em mim. Emily não estava em casa, pelo jeito havia ido no shopping. Liguei pedindo permissão, ela deixou, mas tinha que estar até as 11 em casa.
Vesti uma blusa branca escrito I Love Emo, All Star vermelho e calça skinny. Soltei o cabelo, dei uma passada na chapinha pra desamassar, munhequeiras, bótons e outros acessórios, na bolsa minha inseparável câmera. Confirmei com Danny, e fui buscá-la em casa, uma quadra depois da minha. Entrou animada no carro e sem cerimônia, já foi colocando o Welcome to the Black Parede.
Ao contrário de nós, as de classe média, Cris vivia na parte alta de LA. Na mesma rua da casa dela tinha a casa de verão do Will Smith e um triplex do Kid Rock, que só era usado pra festas VIP´s. Os pais dela são podres de ricos – o tio Art trabalha como engenheiro astrofísico da Nasa, e a tia Nancy é uma famosa escritora de best-sellers sobre comportamento adolescente. Sempre deixaram Cris ser quem quisesse, por isso era emo sem ter problema nenhum. Uma quase filinha-de-papai, podia ser até metida, mas tem um coração nobre demais pra esse tipo de futilidade. Um verdadeiro amor de pessoa.

Uma pequena História


Há muitas eras atrás (ok, mais que um ano), quando eu tinha namorado e Kyra já era minha inimiga oficial, uma lenda passou a correr no colégio de Westwood Village sobre uma garota. Esta garota vivia viajando pelo mundo, já tinha conhecido todas as pessoas famosas que existiam, e estava em todas as revistas. A lenda dizia que ela se mudaria para LA, pra estudar justamente ali. É claro que todos a julgavam como uma metida convicta, que chagaria mandando em tudo e todos. Mas numa ensolarada segunda, a galera parou para ver a nova Ferrari Spider preta estacionando. O mais esquisito? Bem, tocava música J-Rock. De lá de dentro saiu uma baixinha hipercolorida, com o cabelo duas vezes mais louco que o meu (na época era laranja com pontas pretas). As patricinhas fizeram aquela cara de horrorizada assim que a viram.
-Você por acaso... é Cristine Bergeson? - uma das seguidoras de Kyra disse.
-Ja jeg er! Og hvem er du, ven?!
-Oi?
-Ah, desculpinha, tava falando dinamarquês, sabe fiquei 3 meses lá antes de chegar nesta país que por sinal é maaaaara! Eu disse: sim eu sou! E você quem é, amiga?!
-Ahn... eu...
-Eu sou Kyra Eliott Kennis– a dita-cuja interrompeu – prazer, bem vinda a LA.
-Valeu amiga!
-Ahn... você tá usando roupa de grife... customizada?
-Sim, não é demais?! É Yves Saint Laurent, foi ele mesmo que me deu, eu o chamo de tio Yv, tá tããão doentinho....
-Você o conhece?
-Ya, mas isso é outra história. Ah, por favor, você pode me dizer quem é Lillyth Anne Jan...ohnnn, sobrenome esquisito? Ela é que ia me apresentar a escola.
Saí de dentro da multidão que tinha se formado entre a Ferrari.
-Oi, sou eu aqui!
-Olááá, amiga, tudo bem?
Depois disso, eu, Cris e Danny formamos o trio de super amigas.

-Identificação – disse a voz no interfone.
a Lillyth, Jeff!
-Oh, olá senhorita Jankersdorf, a senhorita Bergeson a espera. - O grande portão dourado se abriu.
Por fora dava pra ver um muro de pedra-talhada e as copas das árvores. Por dentro, uma casa estilo villa romana, com um verdadeiro jardim-do-Éden em volta, e uma piscina com trampolim. Vários vasos de planta estavam decorando todo o local, a mãe dela ama plantas.
-Oie, emuxinhas lindas do meu coração! -Aquela voz estridente nos recebeu. Como sempre, fizemos abraço em grupo. Os cachorros logo nos atacaram: três poddles toy.
-Shimu, Pagão, Suri, parem de pular nas minhas amigas já!
-Ownnn não grita com eles Cris, ficam sentidos, sabia? - Danny pegou os três no colo.
-Ok, fiquem à vontade – ela sempre falava isso, mas era meio difícil. Era entrar e ver aquela parede cheia de fotos com gente importante: tio Art apertando a mão do Pavarotti. Tia Nancy ao lado de Julia Roberts e Madonna num orfanato de crianças no Sudão. E Cris segurando a filha de Tom Cruise no colo – a própria Suri.
-Ah, conseguiram terminar o trabalho de história?
-Uhum, falar da era de ouro do reinado egípcio é mole! - Disse, enquanto subíamos as escadas.
-Fácil pra ti, que grava tudo o que lê. Eu não tive tempo, foi a natação, a aula de mandarim, ajudar o papai a escolher o novo papel de parede da bilbioteca... uma loucura! Sem falar que não encontro mais meu professor on-line no msn.
-Imagino como sua vida é difícil! - Rimos da piada de Danny.
Ela tinha um quarto tão grande como o meu, o papel de parede eram posteres e mais posteres de bandas, principalmente de J-Rock. Cris também gostava do Tokio, mas o motivo principal era por achar o guitarrista gostoso. De nós três era a única que já tinha ido num show, em Praga – quando morou lá. Na mesa-de-cabeçeira, uma foto com eles, e tinha os 4 autógrafos, mas assim que nos tornamos amigas me deu de presente, no aniversário de 16 anos. Eu a conhecia pouco mais de um ano, e já éramos irmãs em todos os sentidos.
-Tá, mas vamo parar de falar em escola. Como está indo o final de semana, anjos meus?
-O mesmo de sempre. Meu irmão-mala chutando a porta pra mim baixar o som, trocando de canal a cada 5 minutos e depois pensando em escola.
-É nessas horas que eu agradeço a Deus por ser filha única! - Rimos – e tu, Th?
-Iiiiiii, discuti com minha mãe outra vez.... - desabei no puff roxo.
-Vocês não cansam não?
-Por mais estranho que pareça Danny, as coisas vão de mal a pior entre nós. Sem falar que... eu o encontrei.
-Nããããããããõooo! - Disseram ao mesmo tempo.
-É, hoje de manhã na praia. Mais uma vez falando que devia seguir carreira como fotógrafa. Mas sou inteligente demais pra isso, é uma desonha pra Einstein.
-Afe, para de falar merda! Garota, você pode ser a maior CDF do mundo e talz, mas tem o dom pra fotografia. É sério mesmo! Nem quando saí na People não fiquei tão bem como você consegue. Eu fico simplesmente... decente quando você tira foto minha! - Eu ri fraco, mas principalmente por ela ter arregalado os olhos verde-escuros.
-Acho que sei fazer milagres com a câmera....sei lá, eu me sinto... leve e feliz quando fotografo. É o que sei fazer de melhor.
Continuamos de papo, inclusive falando de uma amiga da tia Nancy que estava na cidade pra fechar contrato publicitário com o Los Angeles Times – a representante da Dior.
-Ah, que tal tirarmos algumas fotos em movimento? - Cris propôs.
-Ah, sem chance, nunca mais!
-Ooooo, qual é! Usa meu skate! Vamos colocar as tábuas em cima da piscina, vai ser tão legau!
-É! Th, você nunca cai!
-Deixa de ser mentirosa, Danny, eu caio sim, não tô afim de me molhar.
-E se tiver música? - Cris estava com 'aquela' carinha.
-Ai, não creio que você vai me convencer!

-E pesando 48 quilos, a emo skatista CDF fotógrafa: Th! - Cris falava dum microfone. Danny e Jeff estavam sentados na borda, prontos para dar a nota do meu salto. Panic At the Disco começou a tocar. Coloquei o capacete e fiquei em cima da prancha.
Vim correndo na toda, e consegui pular de um lado a outro três vezes.
-Ô, eu mereço um 10! porque 7, Danny?
-Não teve técnica nenhuma – ela provocou.
-Ah, tá afim de técnica? Ok! -Voltei pro início, e fiz uma loucra: pulei de olho fechado. Grande foi minha surpresa quando senti que estava batendo contra algo gelado e molhado.
Quando voltei a tona, as duas riam da minha cara, e Jeff continuava em expressão neutra.
-E aí, mordomo fiel: quanto eu mereço?
-Pela imprudência eu dou 11! - Eu ri, e fui nadando até a borda.
-Ótimo! Tá satisfeita, Cris? Agora me molhei toda!
-Maravilha, vai poder usar minhas roupas pra gente sair.
-Sair? Pra onde? Ah, tenho que estar em casa as 11!
-Depois ligamos pra sua mãe. É sábado, é LA, tá cheio de boate mara.

Danny não quis ir, mas também foi convencida. Cris nos emprestou as roupas, e entramos na Ferrari dela. O problema? Só tinha dois lugares. Então, Danny foi no meu colo. Cris era super imprudente no volante, ficava conversando e olhando pra nós a todo tempo.
-Ah, querem saber o que eu fiz no meu teste de balisa?
-Não! - eu e Danny gritamos, mas não teve jeito. Ela girou o volante, e fomos parar na outra pista. Vários carros buzinaram, mas ela nem ligou.
-Como conseguiu sua carteira mesmo? - Danny perguntou.
-Foi presente de aniversário do meu pai! Ótimo, estamos chegando.
A fila do lado de fora era enorme.
-Como vamos entrar?
-Relaxa, eu tô aqui! - Ela entregou a chave do carro pro manobrista, e foi até o segurança, no início da fila. - Sabe quem eu sou, né?
-Senhorita Bergeson, que prazer revê-la! - E pra nossa surpresa, ele abriu o cordão vermelho.

Lá dentro estava lotado, a música feria os ouvidos. Várias pessoas cumprimentavam Cris, e num instante ela arrumou uma mesa.
-Ok, você não pode beber. Nenhuma de nós! - Eu disse.
-Ha, menos eu, já sou de maior! Vou pedir um drink!
-Valeu por lembrar, Danny. - Ela foi pro bar, sorrindo.
-Olha lá....quem está por aqui. - Cris apontou pro andar de cima. Eu girei os olhos a ver Kyra num vestido azul acima do joelho, hiper decotado, falando aos ouvidos de um cara.
-Tomara que ela não nos veja. Na escola já é demais!
-Fica tranquila, do jeito que tá bêbada, não enxerga nem um palmo na frente do nariz. Se aparecer no colégio segunda vai ser um milagre.
Depois fomos pra pista de dança. Uns caras começaram a fazer gracinha, então nos afastamos. Tinha tantas luzes em todo o lugar que eu só via os braços erguidos pra cima. Logo tivemos de segurar Danny, ela havia passado da conta.
-Cris! Acho melhor a gente ir! - Eu gritava.
-Não, acabamos de chegar! Olha eu vou no banheiro com a Danny, fica aqui!
Como se fosse fácil me localizar ali. As pessoas iam me dando cotovelada, fui me afastando cada vez mais, logo estava perdida.
Foi entre os gritos da galera por causa do DJ que eu reparei numa mulher.
Ela era loira, alta, de corpo bonito. A franja estava jogava na cara, usava roupas caras e devia ter uns 30 e poucos. Algo me dizia que eu a conhecia, então a segui com o olhar. Ela subiu até o terceiro andar da boate – a área VIP. Um segurança do tamanho de um armário abriu a porta. Mas o que chamou minha atenção, foi o cara atrás dele, parecia... parecia ter.... não, alucinação da minha cabeça.
Mas se tivesse bêbada, eu podia jurar que tinha visto rastas de relance.

Depois de muito tempo eu as encontrei. Corremos pra casa, já era quase 3 da manhã. Tia Nancy e tio Art insistiram pra que dormíssemos lá, eu respondi que sim pela Danny, que já estava desacordada. Morta de cansaço, eu fui dormindo aos poucos olhando o letreiro de Hollywood pela janela.
“Que sábado mais louco”


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Notas finais do capítulo

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