In Der Regen escrita por Andy


Capítulo 1
Short fic;


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! :)



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Dizem que as palavras podem machucar mais do que os próprios atos, eu acredito nisso, pois foram suas duas únicas palavras que me fizeram cair em mim e perceber a grande burrada que havia cometido.

 

 

A chuva caindo lá fora era angustiante, melancólica. Mas a verdadeira tempestade se fazia dentro do quarto o qual dividimos durante toda nossa vida. Tom me encarava aturdido, como se o que eu tivesse dito fosse algum tipo de atrocidade, mas de fato era.

 

- Tom, eu sei que isso não é algo normal. Sinto muito se eu não consigo suportar o que eu sinto, mas pelo menos me diz alguma coisa! – Gritei. As lágrimas não escorriam, eu não conseguia chorar apenas conseguia encarar e seu rosto inexpressivo.

 

Ele estava encostado no batente da porta, levantei da cama onde estava sentado e me aproximei. Seus olhos desfocados atingiram os meus e logo em seguida fitaram o carpete, ele me odiava eu sabia disso.

 

- Por favor – minha voz saia fraca, minhas pernas tremiam e jurei que por um instante me encontrava em estado de choque, ele estava me ignorando.

 

- Bill você somente está confundindo as coisas – sua voz soou pela primeira vez durante aquela cena – Isso é normal, você se sente confuso e isso faz com que você imagine coisas que não existem.

 

Eu não estava acreditando nas palavras que ele me dizia. Eu sabia, eu tinha certeza absoluta dos meus sentimentos por Tom e nunca deixei que minha mente confundisse as coisas. Sei que o que sinto é mais do que eu deveria sentir, é anormal, mas é um sentimento puro e o modo como ele estava agindo somente fazia meu peito doer.

 

- Admita Bill, você não me ama como pensa que ama! – seu tom de voz se tornava mais denso e elevado – Somos irmãos, por Deus Bill você tem idéia do que está me dizendo?

 

- Sim eu tenho! Tom eu te amo! Amo como nunca amei ou vou amar alguém, e se isso faz de mim uma pessoa ruim, acho que negar esse sentimento faz de você alguém pior!

 

- Mas não há sentimento! – Ele gritou, e nesse momento agradeci por nossos pais trabalharem durante as tarde inteiras – Somos irmãos, melhores amigos, sempre fomos como uma só pessoa e se em algum momento você chegou a pensar que havia algo a mais entre nós, eu sinto muito, mas não há nada além do que era fraternal. Só isso!

 

- Mas Tom...

 

- Sai Daqui!! – Ele apontou para fora do quarto. Sua voz era rígida, e fazia meu corpo inteiro tremer por dentro. Nunca ele havia falado desse modo comigo.

 

Seus olhos me encaravam desta vez com raiva, nunca havia visto Tom agir dessa forma. Um relâmpago iluminou o cômodo por completo, seus olhos brilhavam como lâminas afiadas prestes a fatiar o que sobrara do meu coração.

 

Ele ainda estava encostado ao batente, o empurrei para trás e rumei escadas abaixo. A chuva estava cada vez mais forte, eu precisava ficar um tempo sozinho para digerir tudo o que havia acabado de acontecer. Eu nunca havia tido tanta certeza do quanto o amo, mais do que nesse momento, e o fato de ser impossível faz com que eu o deseje mais e isso me entristece, pois sei que isso nunca irá acontecer.

 

 

E agora eu estou aqui, sentado debaixo de uma árvore – em um pequeno parque próximo a nossa casa – chorando como nunca havia chorado em toda a minha vida. A chuva forte ainda castigava a cidade, e molhava meu corpo misturando minhas lágrimas e a maquiagem que escorria dos meus olhos, ao gosto amargo daquelas palavras que ainda perduravam em meus lábios. Eu nunca deveria ter dito que o amava, e essa foi a maior estupidez que eu já cometi em minha vida.

 

- Finalmente eu te achei! – Aquela voz rouca, a qual eu me recusava a querer ouvir no momento, cruzou meus ouvidos. Eu mantinha meu rosto apoiado em meus joelhos, me negava a encarar aquele rosto no qual havia presenciado tanta raiva e repulsa.

 

Meu choro ficou mais intenso assim que o silêncio passou a predominar novamente. Eu me sentia sujo, me sentia indigno de estar no mesmo lugar que ele. Tom era meu irmão - meu irmão gêmeo - e eu o desejei de todas as formas desde a mais pura até a mais pecaminosa de todas.

 

Olhei de soslaio por entre os cabelos que encobriam meu rosto, Tom se pôs de joelhos a minha frente e somente me encarou. Senti seus dedos alisando minhas mãos, seu toque era tão quente e tão carinhoso, me senti tentado a continuar desfrutado daquele ato inesperado, mas assim que percebi que estava cedendo voltei a me encolher do modo como estava antes dele chegar.

 

- Me deixa sozinho Tom! – a voz parecia sair automática de meus lábios – Eu sei que você não pode me amar do modo como eu queria que amasse, mas pode pelo menos fazer algo por mim, vai embora e me deixa em paz!

 

Voltei a enterrar o rosto em meus joelhos, ele deveria me ouvir e ir para casa. Eu estava sendo o pior irmão do mundo. Era errado o que eu sentia, além de um pecado era crime, e eu sei que ele também pensa desse modo! Ou ao menos eu achava que sim, até sentir seus braços me puxando bruscamente de encontro ao seu corpo, me abraçando ternamente como ele nunca havia feito antes.

 

Tentei o empurrar e me livrar daquele ato inesperado, mas meu corpo simplesmente parou de funcionar assim que senti suas lágrimas caindo sobre meu rosto inchado, se misturando com as minhas e a água da chuva. Permaneci imóvel, apenas acompanhando o movimento que seu peito fazia conforme ele respirava. Seu corpo – mesmo estando chovendo e estando frio – estava tão quente.

 

- Cala a boca Bill! – Sua voz era apenas um sussurro perto do que me parecia ser um estrondo nossos corações batendo fortemente – Você fala demais quando está nervoso! – Seu riso fraco ecoou em meus ouvidos, eu pude perceber que ele sorria entre o choro de ambos e foi praticamente impossível não fitar seus olhos naquele momento. Seus olhos marejados, derramando tantas lágrimas quanto às gotas de chuva, as quais eu havia esquecido a existência, molhavam nossos corpos debaixo daquela árvore.

 

Ele fez o contorno do meu rosto delicadamente, secando cada uma das lágrimas que mesmo sendo poucas ainda teimavam em querer cair. Eu mal conseguia piscar, minha mente ainda estava tentando entender tudo o que se passava ali naquele parque completamente deserto, mas eu creio que meu coração já soubesse a resposta para essa dúvida.

 

- Eu é que devo te pedir desculpas – suas palavras novamente me surpreenderam – Eu não podia ter gritado com você, se o que você sente é o mesmo que eu. Eu nunca consegui expor meus sentimentos, e você fez isso de uma forma tão natural... Eu pensei que estaria te protegendo negando isso, eu sei que incesto é crime e que é errado o que sinto. O que eu imagino quando penso em você durante a noite, mas eu percebi que eu simplesmente não posso deixar você sumir como fez agora pouco. Porra, se você soubesse o que eu senti quando te vi correndo porta afora, eu jurei que eu pararia de respirar – Seu rosto estava banhado em lágrimas, e ele ainda segurava minhas mãos enquanto me encarava. Aquelas íris da mesma cor das minhas brilhando com tanta sinceridade – Eu não consigo me imaginar te perdendo Bill. Você é tudo o que eu sou, tudo o que eu quero ter sempre comigo, porque eu te amo! Eu sempre amei, e eu não vou botar tudo a perder novamente!

 

Meus olhos perderam o foco dos seus por um breve segundo, eu ainda estava descrente nas palavras que ele havia me dito, o modo como ele as havia recitado, o jeito com o qual seus olhos brilhavam olhando para os meus daquele modo nada fraternal e terno... Como ele sempre me olhou e eu nunca percebi!

 

Eu permanecia encostado ao tronco da árvore quando finalmente sai do transe que ele me havia imposto. Tom se aproximou de mim cautelosamente, medindo seus movimentos enquanto eu apenas os acompanhava tentando decifrar o que decorreria daquilo. Senti a ponta de seu nariz encostar a minha pele, acarinhando minha bochecha que eu sentia ficar cada vez mais corada com aquele movimento.

 

Seus carinhos naquela área me faziam ronronar baixinho. Como era bom o toque da sua pele com a minha, mas melhor ainda foi poder sentir o gosto dos seus lábios nos meus. O beijo com o qual eu sonhei durante muito tempo, o qual eu imaginei de todas as formas possíveis, e agora estava ali, do modo mais simples e mais sincero que poderia acontecer.

 

Seus lábios se encostaram aos meus suavemente, senti meus olhos se fechando no mesmo instante que os seus, enquanto suas mãos se prendiam à minha cintura firmemente. Sua língua foi tímidamente pedindo passagem para adentrar minha boca, eu a abri dando passagem, minha língua encontrou a sua em um toque tímido, apenas fazendo o reconhecimento minucioso de cada canto. Aquele beijo calmo aos poucos aquecia a mim, me dando a ilusão de estar sonhando, mas eu sabia que não estava. Apenas em ouvir seu coração batendo, sincronizadamente junto ao meu, eu tinha a mais completa certeza de que aquilo era real.

 

O beijo ficou mais intenso conforme nossos lábios iam se acostumando, meu corpo prensado suavemente contra o tronco daquela árvore e a chuva cobrindo nós dois. Nem os relâmpagos que cortavam o céu naquele dia tempestuoso poderiam estragar o momento no qual nos encontrávamos. Tom me olhou assim que nos separamos, e sorriu. Nossos pulmões buscando por mais oxigênio.

 

- Ich liebe dich, mein Bill! – Suas palavras eram uma doce melodia aos meus ouvidos. Era extasiante ouvir aquilo soar de sua boca, com tanta veracidade.

 

- Ich liebe dich auch, mein Tom!

 

Abraçamos-nos novamente, e nos beijamos como se o mundo sobre nossos pés fosse desmoronar. Nunca havia sentido tamanho amor quanto sentia por Tom, e agora eu sabia – no momento em que nos olhamos e ele sorriu – que nada poderia nos afastar novamente. Nem a morte seria capaz de tal feito!

 


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Notas finais do capítulo

Foi isso, espero que tenham gostado, eu me derreti na hora de escrever!

Se achar que não ficou aquela coisa, criticas são muito bem vindas. E quem quiser recomendar ou deixar sua opinião, sinta-se à vontade!

Nos vemos...