Parecia mais um dia bem simples com o sol se pondo a minha vista. Na verdade para mim era mesmo como um dia comum, tirando o fato de que o cara mais perfeito estava do meu lado, comigo em seu colo, ele mexendo eu meu cabelo como sempre e o vento batendo em nossos rostos.

Por mais estranho que parecesse aquele dia passara muito rápido. Era um dos únicos dias que estava fazendo algo que realmente gostava, dias de conta, para ser específica, dias que Murdoc odiava e que eu amava mais que nada mais que tudo.

A verdade era que eu tinha um segredinho. Desde que ele se fora da Plastic Beach eu estava mal, assim, tinha os shows, a música, o 2-D-San, todos ali para me animar, e eu realmente ficava feliz, mas não tanto quanto estava naquele mísero momento, em cada toque que ele dava em meus finos cabelos.

Ray olhou para o céu e depois para o relógio, meio inquieto. Me virei para ele, olhando seus olhos.

“O que foi?” Perguntei, já temendo a resposta.

Ele coçou a cabeça e me olhou, sorrindo um pouco. “Nada, não se preocupe. Só acho que daqui a pouco terei que ir, não posso chegar tarde em Osaka, Hina ficará preocupada...”

Mordi os lábios e só concordei com a cabeça, deitando novamente em seu colo, muito pensativa.

A ultima coisa que queria era que ele se fosse. Tinha passado o melhor fim de semana com ele, andamos no Geep, fizemos piquenique e passamos duas maravilhosas noite juntos. Tudo parecia se encaixar quando ele estava perto, mas parecia que eu mesma não estava entendendo aquilo.

Respirei fundo, me arrumando e sentando na areia, olhando seus olhos. Ele olhou os meus e franziu a sobrancelha, percebendo minha preocupação. Colocou a mão em meu queixo e me beijou suavemente, mas logo me soltou e eu, ainda com os olhos fechados, falei automaticamente.

“Não vai, por favor...”

Ray sorriu um pouco. “Está parecendo eu quando você foi pra minha casa no mês passado... Você sabe qual é a resposta, Noods, não posso ficar, tenho que ir...”

Eu o olhei, os olhos suplicando novamente meu pedido. Ele passou a mão pela minha cintura, me puxando mais pra perto dele e sorrindo carinhosamente. Olhei seu corpo todo sujo na areia, sua barriga tanquinho estava toda exposta e brilhando com a luz da lua, me deixando tonta só de vontade de tê-lo naquele momento. “Não sei por que...” Falei bem devagar. “Mas não te quero longe de mim... quero que você esteja aqui comigo... e quero que você também queira estar...”

Respirei fundo novamente, ouvindo minhas próprias palavras e absorvendo a realidade que eu tanto tentara esconder de mim mesma: eu o amava. Era perigoso, mas a verdade: eu o amava como sempre o amei.

Ray pegou em minhas mãos e passou o dedo por elas, olhando em meus olhos. “Parece bem razoável seu pedido de ficar...” Disse, me puxando mais para perto e beijando minha mão, subindo por meu braço até chegar no pescoço, me fazendo arrepiar. Parou perto da boca, mas não se afastou, só abriu os olhos e me olhou, sorrindo um pouco. “Mas ainda não é totalmente concreto.”

Eu o olhei, me perdendo em seus olhos e em meus pensamentos. E se eu falasse que o amava...? Será que era isso que ele estava dizendo quando falou sobre ‘concreto’? Mas talvez isso poderia assustá-lo ou então deixá-lo sem graça, ele iria embora em nem pensaria em voltar. Só que... Tinha que correr o risco. Nunca estive apaixonada o suficiente por alguém quanto estava por ele naquele momento.

“E se eu disser...” Falei, chegando mais perto dele. Nossos narizes estavam quase se encostando, podia sentir seu olhar sobre mim enquanto eu fitava sua mão segurando a minha. “Que eu te amo...?” Disse por fim, o encarando e tentando sorrir, com medo de sua reação. “Isso seria bom o bastante para te convencer a ficar?”

Mais uma vez ele sorriu de lado, me deixando mais louca de vontade de agarrá-lo em meus braços e não o deixar ir. Puxou em minha cintura, quase me beijando. “Acho que se você disser isso já basta...” Falou, me dando um beijo com mais vontade dessa vez. Passou a mão pelas minhas costas quase nuas, chegando no fecho do meu biquíni e tentando abri-lo. Me afastei um pouco, franzindo a sobrancelha.

“Não estou brincando... Eu realmente... sabe...” Falei, bem vermelha. “Eu realmente te amo! Quero estar com você de novo e ficar com você como ficávamos antigamente!”

Ele me olhou e sorriu, um sorriso grande e gostoso, daqueles que só se dá quando está muito feliz. “Finalmente!” Disse, pressionando seus lábios contra os meus com muita vontade. Eu ri um pouco e o puxei pra perto, passando a mão por todo seu corpo, já bem tonta e nem ligando para nada. Ray se afastou um pouco e disse entre beijos: “Eu te amo também, nunca mais vou te deixar ir embora de minha vida... Não vou cometer o mesmo erro suicida que cometi no passado... Você é toda minha agora.” Respirou e me fez deitar, me beijando mais.

Algumas ondas do mar bateram em meus pés, enquanto eu vivia meu sonho. Como nunca tinha percebido antes de que era ele? Ele que eu mais amava e que queria ver para sempre ao meu lado, vivendo a mesma vida impossível que a minha...

Impossível...

Era essa a palavra perfeita para o que ia acontecer. Estar com ele? Impossível. Viver com ele? Impossível. Voltar a namorá-lo? Impossível de novo.

E eu nem ligava. O abracei e não o deixei escapar, beijando-o como nunca tinha beijado antes. Podia parecer que seria impossível.

Mas eu prefiro dizer que era complicado.