Suddenly escrita por makkori


Capítulo 1
Único




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Pensar sobre amor nunca o fez nenhum bem.                      

 

Porque ele nunca conseguia chegar a uma resposta boa o suficiente e isso acabava desanimando-o. Como na vez em que seu pai dissera sentir saudades pelo telefone.

 

Ele ficou triste e triste e muito triste depois de colocar o telefone no gancho.

 

Não porque a culpa de um pai sentir saudade de seu filho seja sua.

 

Mas por não conseguir responder o mesmo.

 

E isso o fazia pensar mais tanto no amor quanto na saudade.

 

O fato é que, ele gostava de muita gente e muita gente gostava dele. E os que não gostavam eram neutros na verdade. Sendo assim, é, ele era querido. Entretanto, o conflito interno sobre o conceito de amor o deixava na dúvida e, por via das dúvidas, ele achava que não amava ninguém, porque após chegar na resposta definitiva,  era mais fácil começar a amar do que parar de amar todos que ele apenas nutre um certo gostar.

 

E foi na condição de descrente e garçom de um café que acabou conhecendo Jin, cliente fiel que se tornou um bom amigo que só bebia cappuccinos.

 

A primeira impressão de Jin sobre Emiru consistia em alguém feliz e agitado demais.

 

A primeira impressão de Emiru sobre Jin era basicamente nenhuma porque estava muito ocupado sendo feliz exteriormente enquanto resolvia seu dilema.  Mas achava Jin deveras agradável.

 

O recinto enchia, o sino anexado na porta balançava e oh bem vindo senhor, o que deseja? e minutos depois um Emiru viria carregando uma bandeja.

  

Quando seu amigo parava de trabalhar num momento mais vazio, Jin sabia que ele viria na cadeira posta à sua frente e então sorriria. Jin não iria responder da mesma maneira não por não estar feliz, porque ele realmente estava, mas ele estava tão absorto na visão que o resto era negligenciado e suas reações ficavam lentas.

 

Emiru nunca soube explicar porque alguém tão sério teve a idéia de nutrir uma amizade por ele, isso porque ele sempre sentia como se estivesse fazendo um monólogo, ou indo no psiquiatra toda vez que parava para acompanhar Jin com outra bebida fumegante.

 

E Jin sabia porque ele queria nutrir um relacionamento com o garoto. Ele sempre fora um bom ouvinte e falava apenas o necessário, porém ultimamente algo ficava preso em sua garganta e sua voz não agia em conjunto com o pensamento certo. O trabalho de Emiru virou tapar essas falhas com suas próprias palavras. Mesmo não sendo o suficiente, Jin se contentava e não sorria  mas na verdade seu coração palpitava e encarava e encarava e encarava o rosto do outro com tanta, mas tanta tanta tanta adoração.

 

Assim como Emiru era e  é, Jin já foi alguém descrente. A única diferença de agora é que ele finalmente enxergou o que sempre tentou e o que o outro ainda tentava.

 

Ironicamente chegou a uma resposta por causa do ser sentado a sua frente sorrindo e conversando e esfriando seu café e rindorindorindo como se a vida fosse uma grande comédia e nada na realidade fizesse sentido.

 

E não fazia mesmo.

 

Emiru queima a língua com o café descafeinado mas mesmo assim continua sorrindo feito idiota porque, bem, ele não sabe o porquê mas sabe por quem e esse quem era Jin, o amigo caladão que o fazia ser mais retardado ainda e esquecer.

 

Esquecer suas irresoluções.

 

Porque ele simplesmente não precisava delas em seu monólogo.

 

Não, não era isso.

 

Ele na verdade não precisava disso com o deveras-agradável Jin especificamente.

 

E Jin esquecia de piscar. E não que ele não precisasse lubrificar seus olhos, mas a questão era que ele não se atrevia a parar de olhar e analisar e fixar a imagem alheia por forças maiores que ele não se atrevia a explicar em voz baixa nem média e muito menos alta. Contentou-se com seu cappuccino já horrivelmente frio.

 

Dingdingding.

 

Um homem senta na mesa no extremo oposto do lugar e sorri e tem má intenções assim que vê o rapaz indo atende-lo feliz e sorrindo e lindamente lindo. Jovem e idiota.

 

O olhar incomoda o garoto e mais ainda ao homem do outro lado do extremo oposto.

 

O estranho estava querendo dar em cima do garçom bonitinho.

 

Jin estava com ciúmes.

 

E Emiru estava meio desconfortável mas meio que ignorou a situação.

 

Um café expresso saindo e um Jin ainda desconfiado e encarando e encarando atentamente enquanto o homem no extremo oposto era atendido e decidiu que era a hora de intervir quando o outro começava a querer tocar na mão de seu amigo.

 

E foi com uma mentira e um olhar zangado que o outro homem se recolheu para seu canto e parou de olhar para Emiru.

 

E foi com essa mentira que a cabeça grata de Emiru colocou as engrenagens para funcionar e rodar rodar e rodar mesmo sabendo que era uma loucura ficar imaginando a situação inusitada.

 

Afinal ele nunca pensou ouvir tire as mãos do meu namorado de alguém sobre ele mesmo.

 

E soava mais estranho vindo de seu amigo Jin caladão amante de cappuccinos.

 

E era muitomuitomuito mais estranho o que ele pensou. Porque na cabeça dele a cena fazia sentido.

 

E a realização da primeira coisa coerente que pensava em vez de esclarecer sua mente o fez temer a idéia. Porque mesmo coerente era idiota e idiota e idiota e boa.

 

Jin vendo Emiru já não mais falante achou melhor ir embora porque chegou à conclusão que o estado do outro era sua culpa. O que era verdade e ao mesmo tempo não era tanto.

 

Emiru podia ser bizarro em certos aspectos, mas quando decidia algo, ele fazia. E no momento que ouviu e viu Jin se despedindo ele não pode ficar parado e, com um impulso, as letras obstinadas juntaram-se e assim no ar formaram a palavra “eu” e “ de você” e enfim, a mais importante:

 

“Gosto”.

 

Não foi surpresa para Emiru falar isso, honestamente. E isso o surpreendeu, pois ele não era vidente e não sabia que isso ocorreria, mas ele gostava de Jin verdadeiramente, de uma maneira ou de outra. Ele gostava dele. E gostava dos monólogos e olhares e da cara feia sempre que deixava sua bebida esfriar e do jeito que o deixava sem escolha a não ser rir e rir e rir quando o olhava daquele jeito que só ele olhava.

 

Mas o que ele odiou foi a feição surpreendida de Jin e o fato de não saber o que aquilo significava. E Jin tinha todo o direito de ficar assim, já que em literalmente alguns minutos Emiru decidiu que gostava de Jin o bastante para verbalizar o pensamento.

 

Confuso com aquilo e mais outras coisas, Jin pensou e pensou e eu também gosto de você e sorriu.

 

Emiru sentiu borboletas no estômago que não sabia explicar e nem a vergonha que acabou afligindo-o na hora.

 

E, de repente, ele sabia.

 

Estava perto de achar sua resposta.

 

Emiru não sabia direito como.

 

Mas conseguia senti-la.


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Notas finais do capítulo

A maior e mais nonsense história que já escrevi. Vergonha de mim mesma. Sorte que ninguém vai ler isso.