Dream Land - o Jardim escrita por PerkyeFreak


Capítulo 17
Capítulo 16 - Não fale, não faça esforço




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[Nar. Anne]

[Nar. Anne]

O beijo amorteceu a dor que ele havia me causado, e de alguma forma estranha...acho que ele o retribuiu.

Não sei se o beijei por que é algo mais que amizade de quatro anos, ou por que eu precisava fazer isso. Abri os olhos – quem beija de olhos abertos? – quando eu ouvi:

-An... Ann-e. – Ele disse com dificuldade. Ele fechou os olhos com força e desabou a testa em meu ombro.

Ele tirou as garras dos meus braços, e fiquei com vergonha de chorar por causa da dor, gostaria que parecesse que não estava doendo, mesmo que seja impossível de acreditar.

-On-onde está Alice? – Ele perguntou atordoado.

-Eu não sei. – Eu disse com voz abafada.

Me virei na esperança de que ela estivesse atrás de mim...

            E ela estava.

Me levantei e Elliot também, ainda com um pouco de dificuldade de se manter em pé.

            -Elliot, atira. – Eu disse.

Ele olhou para mim confuso.

            -Aonde?

            -Ali, não está vendo?

Alice sorriu para mim.

            Eu consigo ver e ele não...? – Pensei.

            -Confie em mim. – Eu disse.

            -Você não entende, não é? – Disse Alice. – Você ainda não entendeu sua posição?

Elliot pegou seus arcos do chão, que haviam caído no meu sangue, e mirou aonde eu havia apontado.

            E atirou no meio de seu peito. O sorriso de triunfo se transformou em medo e pavor.

            -Você...você molhou a flecha com o seu sangue? – Disse Alice.

Percebi que Elliot estava olhando diretamente para ela, acho que agora ele conseguia vê-la.

            -Eu...consigo vê-la. – Disse ele em voz baixa.

Alice, ao invés de sangrar, começou a rachar. Percebi que havia uma rachadura no lugar que a flecha havia sido atirada. Olhei para os espelhos, e todos tinham uma mesma rachadura no mesmo lugar.

Então eu consegui ver em um dos espelhos, o meu pai.

Corri até ele.

            -Anne, o que você...? – O Elliot perguntou.

            -Fique de olho em Alice, irei pegar o meu pai. – Eu gritei.

Coloquei a mão no espelho, apesar dos meus braços ainda estarem doendo e sangrando.

            -Pai... – Eu disse. Por favor, que me escute.

Ele estava com os olhos arregalados, provavelmente deve pensar que está louco ou algo do gênero.

Ele colocou as mãos no espelho.

            -Eu vou te tirar daí. – Eu disse colocando as minhas mãos sobre as dele, como Elliot havia feito, e o tirei do espelho.

            -Anne... – Ele me abraçou com força.

            -Pai... – Eu retribuí o abraço, e chorei. E dessa vez não foi de dor. – Pai, precisamos...

            -Anne, o que está acontecendo?

            -Por enquanto não posso explicar, mas fique aqui... – Eu disse olhando para o espelho, e vi Trevor desmaiado e...pelado, mas parecia um pouco ferido nas pernas e nos braços.

            -Por favor, alguém ajude este menino. – Disse o meu pai.

Percebi que o espelho estava com novas rachaduras, olhei para trás, as rachaduras de Alice que a flecha havia causado haviam se expandido, Alice não conseguia se mover.

‘’Como um espelho...’’ Pensei.

Elliot ainda estava parado em frente Alice, esperando algum tipo de golpe.

Talvez não entenda que com uma e única flecha possa matar alguém...tão poderoso.

            -Trevor, acorde antes que o espelho se quebre. – Eu gritei batendo no espelho.

Ele abriu um pouco os olhos, deveria estar confuso. Então logo os arregalou e entendeu a situação.

            -Me de sua mão. – Eu disse.

As rachaduras ficavam cada vez maiores.

Ele me deu a mão, e eu o tirei do espelho, que em alguns segundos – ou minutos, naquela adrenalina, o tempo passava mais rápido – o espelho se quebrou.

            -Elliot, eu encontrei o Trevor. – Eu gritei para ele.

Ele se virou com um sorriso.

            -O que está acontecendo? – Disse o meu pai...acho que mais para si mesmo do que para mim.

Minutos depois, Alice havia literalmente se ‘’quebrado’’ e logo depois dela finalmente ter sido destruída, eu escutei uma voz...

-Eu ainda quero viver... – Estremeci. Parecia que a voz estava no meu ouvido, como se ela estivesse ao meu lado. Que eu não poderia ter certeza se era dela.

-Ouviram isso? – Eu perguntei.

Antes que eu pudesse falar algo, abraçar o Elliot, meu pai, e explicar tudo para ele, minhas pernas tremeram e eu...simplesmente cai.

‘’Que dor...’’ Pensei.

-ANNE! – Ouvi a voz de Elliot gritar, e a única coisa que vi, foi ele estar correndo em minha direção, meu pai e Trevor chorarem ao meu lado, gritando uns com os outros, seus rostos preocupados.

Não consegui resistir á escuridão, ela era mais forte do que eu. E tudo estava simplesmente...escuro, fraco. Como a sensação de eu ter sido atacada pelo vampiro psíquico.

* * * * * * *

Acordei.

Parece que foi uma semana.

Mas não acordei na casa de Alice, ou em um hospital...acordei na minha cama da minha casa.

            Sentei-me na cama frustrada.

‘’Foi tudo um sonho? Como? Foi real, eu senti...eu senti a morte da Lily, o beijo do Elliot, a preocupação do Trevor...eu chorei e sorri...por algo que não existe?’’ – Pensei. Eu deveria estar gritando e esperneando. Não sei por que ainda não fiz isso.

            -Anne, acorda. – Ouvi meu pai entrar no meu quarto. – Ah, já está acordada.

Não respondi.

-O que foi? Está com uma cara estranha...

            -Não é nada. – Eu disse frustrada.

            -Então acorda, ficar dentro de casa em um sábado...

Eu queria dizer...mas dizer o que? ‘’Pai, cadê o Elliot, o Trevor, e a Alice?’’ Ele provavelmente perguntaria ‘’O que?’’ e eu diria ‘’Elliot, o meu melhor amigo elfo, o Trevor, o druida que se transforma em raposa e Alice, uma coisa demoníaca que matou as gêmeas Lily e provavelmente a Amy.’’ A única coisa que ele faria ao ouvir isso era me mandar para um centro psiquiátrico.

Fui para a cozinha comer café da manhã, disse oi pra Raimunda...tudo...normal.

Normal até demais, chato demais...

‘’Agora entendo como é sentir falta de algo que nunca existiu.’’ Pensei.

            Liguei para a Lena, e combinamos de nos encontrar no cinema, ver ‘’Eu, ela e o nosso cachorro’’ Precisava de uma comédia para alegrar meu dia.

            -O que foi? – Perguntou a Lena.

            -Nada, só estou distraída.

Entramos na fila da pipoca, e em seguida fomos ver o filme.

* * * * * * *

Acabou o filme, fui pra casa e a Lena para a sua. Olhei meu relógio de pulso, 20:00h. Olhei para o céu.

’Não tem estrelas...’’ – Pensei.

Fui para casa, ignorando isso.

E o resto do dia foi assim, jantei, fiquei no MSN, fui ver TV...tudo de rotina, tudo normal, tudo...sem Elliot, sem Trevor, sem a Lily ou a Amy.

Deitei na cama, pensando no dia de amanhã e fechei os olhos.

Ah, la vem a minha amiga ‘’escuridão’’ de novo.

‘’Era assim que poderia ser, Anne Hanson, você poderia ter uma vida normal.’’ – Escutei uma voz. 

‘’Quem é você?’’- Eu disse, mas não com boca, com a minha mente.

’Você não quer ter uma vida normal? Longe de buscas por chaves, longe da morte...’’ – Disse a voz, ignorando minha pergunta.

Vida normal? Minha vida ser normal...até que essa ideia parecia bem atraente.

Mas faltava alguma coisa...o que?

E o nome sussurrou na minha mente.

‘’Elliot...’’

Elliot...meu amigo de infância, se eu disser ‘’sim’’ significa que não poderei vê-lo...

            ‘’Não...se eu tivesse levado uma vida normal, nunca teria conhecido o Elliot, ou a Amy, a Lily, o Trevor...’’ – Eu disse.

A voz permaneceu calada por um breve tempo.

Então eu acordei, abri os olhos com dificuldade, estava fraca, com dificuldade até mesmo de abrir as pálpebras e girar meus olhos sobre o lugar, para ver aonde estava, mas acordei.

E dessa vez não foi na minha cama.

            Tentei virar a minha cabeça para ver onde eu estava, virei com dificuldade. Percebi que estava sendo carregada pelo Elliot, que infelizmente estava com a mesma cara séria de antes.

Eu abri minha boca para falar, mas ele disse:

            -Não fale, não faça esforço.

Eu o obedeci.

Dava para ver (ou pelo menos identificar) pelo canto do olho onde eu estava.

Dream Land...

Eu dormi por tanto tempo assim?

Percebi que Elliot estava sem camisa. Eu teria ficado corada, ou com raiva, ou sem graça se não percebesse que a camisa estava servindo como pano para parar o sangramento dos meus braços.

Dava para ver também que Trevor estava na sua forma de raposa, carregando a Amy e meu pai, que estava inconsciente. Primeira vez que eu o vi nesta forma, e acho que nem tive forças para se quer me assustar. Mas então olhei para o céu e pensei:

‘’Não está chovendo, e não está nublado...’’

E fechei os olhos e dormi de novo. Confortável em saber que Elliot e o Trevor estavam bem, não posso dizer o mesmo sobre a Lily.

            Mas o que aconteceu com a Amy?


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