Dream Land - o Jardim escrita por PerkyeFreak


Capítulo 13
Capítulo 12 - Me larga!




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[Nar.Anne]

Acordei, na verdade me acordaram. Deve ser umas 9h ta manhã. Lavei o meu rosto com a água que trouxemos, e peguei uns pães, o Trevor fez o mesmo. Fiquei um tanto sem graça por estar reparando tanto nas orelhas de cachorro...ou de raposa dele.

Ele riu da minha expressão.

                -Posso pegar? – Eu perguntei olhando para as orelhas. Ele deveria me achar estranha, mas quem mandou nascer com orelhas de raposa?

Durante a viajem inteira, o Elliot estava sério, com cara do tipo que não quer conversar. Eu o ignorei, deve estar preocupado com algo sobre a menina. A Amy retirou da bolsa cinco capuzes, um para ela e o resto para nós. De longe eu já conseguia avistar um muro, não muito diferente do muro de Dream Land, havia duas pessoas de capuzes que pareciam ser guardas do portão.

-Fechem os capuzes, de modo que não dê para ver os seus olhos. – Disse a Amy em voz baixa. – A Lily irá falar.

            -Ullus problems? Possunt transeamus. – Disse a Lily em alguma língua que não conhecia.

As duas pessoas altas fizeram que sim com a cabeça e abriram o portão.

Fiquei imaginando o que a Lily ‘’fez’’ exatamente.

Depois de atravessarmos o portão, a Amy sussurrou em meu ouvido:

            -Sejam bem-vindos á Nightmare Land. – Disse a Lily.

            -Em que língua você disse aquilo?

-O que ela disse foi em Latim, é a língua de alguns povos, nesse caso acho que a Lily nos fez passar por Valquirias ‘’as que escolhem os que vão morrer’’, são muito respeitadas nas duas terras.

            -Quer dizer que eles acham que sou mulher? – Disse o Trevor fazendo piada.

            -É, por ai.

            -Você sabe latim? – Perguntei pra Lily.

            -Eu não sei Latim, só sei frases que irão me ajudar em certas horas.

Passávamos de dragões, como se fossem cavalos, as pessoas olhavam para nós e apontavam como ‘’olhem aquelas pessoas de capuz escondendo o rosto!’’

Enquanto passávamos eu analisava aquela cidadela, Nightmare Land, em inglês, ‘’terra dos pesadelos’’. Nem é tanto caso assim, era como se fosse uma espécie de cidade medieval, não sei por que o Elliot fez tanto caso dela tipo ‘’quando você conhecer Nightmare Land vai se arrepender por ter comparado o cemitério dos sonhos com ela’’.

            -Sei o que você está pensando, mas não é a cidade, são as pessoas que habitam ela. – Disse o Elliot. Aliás, FINALMENTE disse o Elliot.

Procuramos uma estalagem para ficar, nem sabíamos por onde começar. Mas não poderíamos chegar em Dream Land sem a chave, não?

-Temos quatro dias? – Eu perguntei.

-É. Quatro dias.

Mas eu sentia que tudo dependia de mim, não tínhamos certeza, mas se for mesmo a menina que pegou a chave e / ou sequestrou o meu pai, talvez nem o Elliot, as gêmeas ou o Trevor conseguiriam identificá-la, eu consigo sentir a presença dela, eles não. Na verdade, eu nem deveria ter colocado-os nessa missão, mas por que a menina foi justamente roubar a porcaria da chave? Simples, tenho certeza que ela quer o Elliot também, além de mim... o por que? Eu não faço a mínima ideia, não sei o que ela é, mas sei o que ela não é: humana.

Claire disse que eu poderia escolher quem iria comigo, mas tudo está relacionado...

Entramos em uma estalagem que havia lugares para prender dragões / cavalos. Amy pagou a diária que passaríamos com 3 moedas douradas que havia na bolsa.

Subimos para os nossos quartos, eram normais, uma suíte com um armário, uma escrivaninha e duas poltronas, 1 cama de casal e 3 de solteiro. Lily e a Amy ficaram com a de casal, eu fiquei com a de solteiro em frente à janela, já fui deitando sobre a cama e jogando minhas coisas sobre ela.

‘’Finalmente um pouco de descanso’’. – Pensei.

-Descanse enquanto pode, Anne. – Disse o Trevor. – Por que daqui pra frente, talvez não iremos poder mais descansar.

Me sentei na cama, e procurei pelo Elliot com os olhos. Ele estava sentado em uma poltrona, com a mesma expressão séria que eu vi na viagem.

            -O Elliot é como um livro aberto. Não pergunte o por que ele está assim, e tudo ficará bem. – Disse a Amy em voz baixa para mim, só torso para que tenha sido baixo o suficiente para que a audição de elfo ou de druida dos dois não escutem.

Poderia até ser provável que ele esteja pensando no pesadelo naquele dia da floresta. Ele não costuma me esconder as coisas, mas escondeu dessa vez, aliás, ele está escondendo.

-Por onde vamos começar? – Eu disse quebrando o clima não agradável.

-Sabe por onde eu vou começar? – Respondeu o Elliot se levantando. – Comer. Não aguento mais comer só água e pão, preciso de frutas. – Ele vestiu o capuz e foi abrindo a porta.

-Eu vou com você. – Eu disse saindo da cama e procurando pelo meu capuz.

Pude ver pelo canto do olho a Lily se levantando também e a Amy dizendo algo que parecia ‘’não, deixe eles. ’’ Eu ás ignorei.

Cadê o maldito capuz? – Pensei me agachando para ver se estava no chão, Elliot já deveria estar lá em baixo.

            Então vi um par de pernas em frente a mim, me levantei e era o Trevor, com o meu capuz na mão.

            -Obrigada. – Eu disse pegando.

Abri a porta e fui descendo. Estando ciente de que eu não estava mais em Dream Land.

* * * * * * *

[Nar. Elliot]

Não gosto desse lugar, não gosto mesmo. Me sinto como se eu fosse morrer a qual quer momento, e isso vem piorando desde que estávamos perto do maldito muro.

Acabei me deparando com uma feirinha de rua.

Era gente demais, barulho demais, só conseguia escutar os meus pensamentos, o resto não conseguia ouvir. Tantos sons misturados! Voz de velho, voz de mulher, criança, sons de pássaros, sons de água, sons de coisas caindo... Dream Land era a mesma coisa, mas a diferença é que eu estava em Dream Land, e agora estou em Nightmare Land, e na verdade, nem nas duas terras estava acostumado com tal multidão, geralmente eu estava no Jardim com a Anne, ou na floresta cinzenta.

Fui passando pelas pessoas, correndo praticamente. Tudo que eu precisava era de sossego.

* * * * * * *

[Nar. Anne]

            -Elliot, me espere! – Eu falava – quase gritando – mas ele não me escutava.

Ou estava me ignorando – Pensei.

Percebi que ele tinha entrado em uma feirinha de rua, perdi ele de vista.

Uma mão puxou a minha, eu tomada pelo medo, congelei.

Ah urfa, era só o Trevor.

            -Anne... – Ele disse.

            -O que foi?

            -Você...você não precisa ir atrás dele. Ele só quer um tempo para si, vamos Anne, vamos voltar para a estalagem.

Nessa hora eu tive de me morder para não dar um soco no Trevor. Mas por um instante, eu pensei no que ele disse. Olhei em seus olhos, ele estava sendo sincero comigo, estava preocupado comigo.

            -Me larga. – Eu me ouvi dizer, me virei e sai correndo. Simplesmente correndo, já havia perdido o Elliot de vista, mas ainda na esperança de que ele do nada aparecesse e me abraçasse, depois dizer ‘’está tudo bem’’ como sempre faz.

            Elliot? Cadê você?

Encontrei um pouco mais á frente da feirinha, um cara alto de capuz.

            ‘’Elliot...’’ Pensei.

Fui até ele e coloquei a mão em seu ombro.

            -Oi Elliot, te achei.

A figura se virou para mim, e abaixou um pouco o capuz de modo que eu pudesse ver o rosto.

Não é o Elliot... – Pensei. E provavelmente não era humano, ou elfo, ou sei lá o que seja. Era uma figura esquelética rosada e enrugada, com os olhos brancos e meio careca, acho que a quantidade de ‘’cabelo’’ poderia ser contada nas mãos. Parecia ser eu daqui á uns 1000 anos.

            -Ah...De-Desculpe, pensei que fosse um amigo meu. – Eu disse, mas ‘’aquilo’’ segurou o meu braço.

            -Uh...eu já disse desculpas. – Eu disse tentando me soltar. – Me larga!

Acabei olhando em seus olhos, acho que era isso que ‘’aquilo’’ queria. Derrepente eu não estava mais em Nightmare Land, acho que não estava em Dream Land ou em lugar nenhum, estava tudo escuro, e eu de alguma forma me sentia cada vez mais fraca...

Senti como se tivesse durado um dia, mas derrepente eu acordei, meio atordoada. Aquela ‘’coisa’’ de capuz havia me soltado, e estava com uma expressão assustada, e logo saiu andando. Tentei não olhar para os olhos. Então vi á minha frente uma menina bonita, com cabelos inacreditavelmente brancos, e olhos dourados que parecia ter uns oito anos no máximo. Ela estava sorrindo para mim. Ainda estava meio atordoada pelo que ‘’aquilo’’ fez comigo. Na verdade, não sabia por que eu estava correndo, ou por que eu estava no meio de uma feira de rua. Se eu estivesse mais ‘’no escuro’’, provavelmente eu nem saberia meu nome quando eu acordasse, e se eu acordasse.


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