Eu nem sei como sobrevivi ao primeiro dia em Sky High. Não, ‘guenta aí, eu sei sim, graças ao incomparável Stronghold. É, saca o sarcasmo. Ok, foi um dia aturável, graças a presença familiar de Jack. Só quê tinha um porém, há!, como puderam achar que não teria? Ele não estaria sempre lá, então, não adiantava atenuar um dia para piorar no seguinte. Ok, ambos pro grupo de heróis, mas não teríamos todas as mesmas aulas. E, outra, pra quem não queria chamar atenção, passar um dia colada a um Stronghold e volta e meia trocando olhares de desagrado com outro, bem... Não foi um dia muito sutil de minha parte. Achei que no seguinte, no primeiro dia de aula, teria mais sorte. My biggest mistake! 

            Eu poderia degolá-lo. Não, não. Nem congelá-lo, não adiantaria muito. Mas queimá-lo! Tacar fogo no exoesqueletozinho de madeira dele! Maldito seja o “clã” Stronghold! Jack tinha algum problema, só podia ser. Ou era tão FDP quanto a irmã, outra boa justificativa. Quer dizer, não havia justificativa para o que ele tinha feito. Estava eu, inocentemente, saltitando a caminho do ônibus. Nah, até parece, estava andando com passos duros, lentos e irritados até o maldito ônibus amarelo. A porta se abriu, eu cumprimentei o motorista. Eu comecei a subir as escadas, eu pousei o pé no corredor do ônibus e...

            - Sammy, gata, guardei seu lugar aqui do meu lado. – E vocês acham que ele falou com uma voz baixa? Nunquinha! Ele estava lá no fundo da porcaria do ônibus e falou para que eu ouvisse. Bem, havia várias pessoas conversando, então, para eu escutar, ele teve que falar, realmente, alto. O tempo parou, as conversas pararam e todos, TODOS, se viraram para me fitar. Eu o fuzilei com o olhar, praticamente corri até o lado dele, sentindo meu rosto corar loucamente.

            - Jack! Jack! Qual o seu problema? – Queria sacudi-lo pela camisa, mas seria pior ainda e todos ainda me encaravam. Eu me sentei ao seu lado e falei entre dentes. – Você quer me sacanear? Sério, o que eu fiz pra merecer isso, hen? Hen?

            - Ah, relaxa, gata. Foi uma aposta com a Joan. E, bem, não foi nada tão complicado de fazer assim. Afinal, eu guardaria mesmo seu lugar e você é gata, então... E, bem, foi uma aposta válida, eu juro que divido o prêmio contigo. – Ele sorriu seu sorriso mais inocente, como o sacana era sonso e eu nunca tinha percebido! Olhei irritada pra Joan, ela viu meu olhar e acenou o mínimo possível. Ok, qual era a jogada aqui? Eu sabia que o Jack era facilmente comprável com comida, he, quantas vezes eu mesma não tinha usado esses artifícios... Mas, qual era a intenção dela?  Me constranger? Eeer, tá, era bem possível mesmo! Safada, teria volta! Suspirei e relaxei, finalmente. Esse era o tipo de relação que eu me lembrava de ter com eles, eu e ela aprontando uma com a outra e usando o Jackzim como ferramenta. Mas já não estávamos velhos demais pra ficar nos sacaneando assim? E Jack não era nenhuma criança para deixar de entender o que ele tinha feito no ônibus. Safado, de verdade.

            Respirar, respirar fundo e enfrentar o primeiro dia de aula. Como já tinha começado bem... Eu dei um perdido nele! Tô nem aí que o dia anterior tinha sido agradável pela presença dele, eu me desvencilhei assim que o ônibus parou. Ah, se aquilo teria volta. E não só direcionado a Joan, não mesmo! Então, fiquei fazendo hora no banheiro, esperando todos irem para as salas, pra poder ir mexer no meu armário sossegada. Ah, ia me atrasar pra primeira aula? Peninha...

            Dessa vez, eu estava fazendo algo inocentemente mesmo! Arrumando meu armário, sozinha, no corredor. Tranqüilamente, sem pressa, sem problemas. Quem ia imaginar que Sky High tinha monitores? Eu fui escoltada até minha sala por um maldito monitor, cujo codinome era Will Tamer, boa coisa não era, né? Com esse nome, nem cheguei a reclamar e acabei acatando as ordens dele. Nem ousem me chamar de covarde, olha o nome do cara e ele era mais velho, puts, já devia ter um bom controle dos poderes. Seria besteira contrariá-lo. Eu posso ser meio rebelde, mas não dou murro em ponta de faca. 

            Ele me deixou na sala, com a porta aberta, pra todos verem. Ele abriu a porta, pra todos verem que eu era escoltada, no primeiro dia, por um monitor. Acho, que, no final, aquilo foi pior que o ônibus... Eu fiquei paralisada, com a sala olhando pra mim e um olhar de reprovação no rosto do professor. Mas, logo, a idéia de entrar naquela sala já não parecia tão assustadora, minha mente pareceu se acostumar rapidamente com a idéia e até desejar ter aquela aula. Desejar? Até parece, o meu novo “amiguinho” Will tinha ido longe demais. Virei para ele, olhando-o com raiva. Se não fosse o show no ônibus, talvez não me irritasse tanto com aquilo, mas duas cenas no mesmo dia e um desconhecido tentando forçar minha mente? Haha.

            - Se você não parar com isso agora, eu vou te meter a porrada mais tarde. – E eu não falei isso baixo. Éééé, se é pra fazer uma cena, que ela seja completa. Ele só sorriu com a minha ameaça e eu entrei na sala, pedindo desculpas pelo atraso para o professor. Não, eu não sentei do lado do Jack, embora tivesse um lugar vago. Sentei-me do lado do tal garoto da espada e resolvi prestar atenção na aula, pra variar...