Como Tudo Começou: a História de Edward escrita por Morgana


Capítulo 8
Capítulo 7




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Capítulo 7

Com dezesseis anos recém-completos, Alexandra Dawson era uma moça muito bonita e parecia ser a noiva perfeita para o meu Edward. Entretanto, eu sabia que mesmo com todos os atributos que os pais dela nos forneceram quando sugerimos, eu e o pai de Edward, algum interesse na filha deles para que nosso filho a desposasse, Edward ainda dificultaria bastante.

Ele sempre fora muito teimoso, e de um gênio muito difícil.

- Lizzie, querida? - ouvi a voz de meu marido chamar.

Rapidamente fechei o batom vermelho que estivera passando e guardei-o numa das gavetas da penteadeira. Corri então para a sala e lá estava ele, sentado no sofá, entretido em seu jornal. Pouco passava das 9h e nós íamos à casa dos Dawson para Edward conhecer Alexandra. Programamos um passeio ao parque. Talvez eles pudessem conversar mais a sós, mesmo que sob supervisão nossa e dos pais da moça.

- Sim, Edward? - respondi.

- Você viu que a gripe pneumônica já apresentou seu primeiro caso em Nova York?

- Oh, céus! Acha que pode chegar a Chicago?

- Eu realmente não sei, querida. Mas é preocupante, afinal, nunca ouviu-se falar em tal vírus, pelo que dizem.

- Algo de errado? - Edward, agora meu filho, apareceu no alto da escada, pondo-se a descer.

- Veja você mesmo, filho - Edward entregou o jornal ao filho, sabendo de seu interesse acerca da medicina. Ed não demorou a ler e deixou o jornal cair no sofá.

- Bem... - ele suspirou e pareceu ponderar. - Ou os governos mandam fechar todos os portos, impedir a entrada de estrangeiros ou pessoas que venham de outros países e controlar a circulação de pessoas entre os estados, ou teremos sérias complicações. Mas, pessoalmente, acredito que o grande inconveniente está no fato de não sabermos de onde originou-se o vírus. - Ah, meu Ed... Como me orgulha, este meu filho! Tão inteligente... - É preocupante, de fato.

Senti como se Edward tivesse ouvido toda a conversa entre mim e seu pai após seu último comentário, mas nada disse. Edward, o pai, o fez por mim. Ele checou o relógio e arqueou as sobrancelhas.

- É melhor irmos - fez, para pontuar em seguida: - Ou nos atrasaremos.

- Tem razão. Não queremos deixar a moça esperando, certo? - eu acrescentei e sorri para meu filho, enquanto o pai pegava seu sobretudo e seu chapéu. - Você está magnífico, Ed.

- Obrigado, mamãe - Ed agradeceu e enfiou as mãos nos bolsos das calças, esperando. Saímos não muito depois, e eu realmente esperava que meu filho mudasse de ideia com relação aos planos que fizera para si próprio ao conhecer Alexandra.

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Passaram-se duas semanas e eu ainda comemorava o casamento de Edward, mesmo que este só fosse acontecer dali a um mês. Ele parecia suficientemente conformado com a nova condição de noivo, embora não fosse uma vontade sua. Fora bastante difícil convencê-lo a ficar com a menina Dawson. A solução foi uma troca: eram as condições dele contra as nossas. Ambas as partes cederam; nós acabamos por aceitar que ele se alistasse no exército americano, desde que fosse após o final da guerra e quando ele já estivesse devidamente casado com Alexandra.

Ganhamos algum tempo, ao menos.

Estava tudo caminhando muito bem, até que, naquela manhã, ao receber o jornal, estaquei ao ver a notícia da capa:

“Chicago registra seus dois primeiros casos da gripe pneumônica”

O mais impressionante era que as suposições de Ed se confirmaram: sem o controle da circulação de pessoas no país, as coisas só complicariam. Mas o pior estava longe de chegar...

Um dos casos registrados era justamente o da costureira que faria o vestido de Alexandra. Ela voltara de Boston na semana anterior com novos tecidos... e com um fardo que comprometia não só a sua saúde ou sua vida, mas a de todos aqueles que tiveram contato com ela na última semana.


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