Eu estava numa praia, onde a areia era tão fina que pinicava meus pés, sentada numa grande pedra na beira do mar. O vento fazia meus cabelos voarem, e eu gostava do ar salgado em minha garganta, fazendo cócegas. Eu estava atordoada com a beleza do lugar: a paisagem tão colorida, tão... Fantástica.

Mas de repente, outra coisa chamou a minha atenção, me deixando mais atordoada que antes: um garoto. Ele era absolutamente lindo.

Estava com roupas brancas e descalço, sua pele era... não sei explicar aquele tom de pele: era branco, mas ao mesmo tempo não era tanto assim, seus cabelos eram loiros, e voavam como os meus, e eram caídos em seu rosto ao mesmo tempo que eram jogados para o lado, seus olhos (de longe) pareciam ser verdes e sua boca... acho que era o que mais me atraia;

Ele estava andando sozinho, meio distraído, mas vinha na minha direção (mesmo que parecesse que não tinha me visto ainda).

- Oi. Meu nome é Eric Archie. Está perdida? - disse Eric me estendo a mão e sorrindo como se gostasse do que vê.

- Ah. O-O-Olá - Que vergonha! Eu estava tão atordoada com sua beleza e sua voz doce, suave e sedutora que tive dificuldade de encontrar minha voz. - Do-Doroth. Desplat.

- Seu nome é Doroth Desplat? Ah, sim. - ele ainda estava com a mão estendida para mim.

Peguei em sua mão, incapaz de dizer nada, e ele me puxou para a areia. Olhei em seus olhos e me encantei: eles brilhavam e sussurravam para mim o que Eric não me disse, o que estava pensando.

- Esta é a praia dos anjos, onde os sonhos acontecem. - Disse ele com um sorriso que era... Atordoante. Absolutamente tudo nele era atordoante. Eu poderia chamá-lo de Senhor Atordoante.

- Uau. Deve ser por isso que você é tão... Encantador. É bom demais para ser verdade. - eu sussurrei. Acho que ele não escutou isso...

- Venha comigo. Vamos dar uma caminhada - Eu poderia parar de respirar e não perceberia.

- C-Claro - Minha mão ainda estava junto com a dele.

Foi só depois comecei a caminhar que percebi que estava com um vestido branco de alças finas que ia até meu joelho.  Olhei para Eric: ele estava sorrindo e olhando para meu rosto.

- Você é mais bonita olhando assim, de perto. - Fiquei sem-graça e abaixei minha cabeça. Ele botou a mão em meu queixo e levantou meu rosto - Não, fique assim. É muito bom olhar pra você.

- De onde você vem? - ele disse, sorrindo

- Vila dos Sonhos.

- Eu nunca ouvi falar... - Parecia que ele estava tentando conversar, mas não tinha assunto algum.

- Então, o que faz aqui?

- Eu sempre estou aqui. Mas normalmente não há garotas tão bonitas. Na verdade, nunca.

- E na minha vila, não há nenhum garoto lindo como você. Nenhum deles tem seus olhos, seu sorriso, sua voz... - Eu estava falando tudo que pensava sem perceber. Ele estava sorrindo até eu me tocar do que estava dizendo.

Foi nesse momento que percebi que estávamos parados bem perto do mar, frente à frente, de mãos dadas e nos encarando com um sorriso.

- Eu... Eu acho que devo ir. - Eu disse. Eu estava gostando muito de estar com ele ali, mas além de eu não o conhecer, eu não sabia onde estava e como voltar para casa. E estava meio sem-graça... Não sabia o que dizer.

- Não deve. Fique aqui, comigo.

- Mas eu... - fui interrompida pelas suas mãos que foram para meu rosto. Eu estava com as mãos em sua cintura e ele com as mãos macias em meu rosto, nos encarando.

De repente seus lábios encostaram-se aos meus, me dando um frio na barriga, e começamos a nos beijar.

Seus movimentos eram suaves, mas ao mesmo tempo eram ágeis e com vontade, sua boca era macia e quando se juntava com a minha, eu sentia como se fossemos conectados em um só. Minhas mãos passaram para seu pescoço e depois para o seu rosto, e conforme o beijo ficava mais lento, as mãos dele iam acariciando meu rosto. Era bom.

Quando o movimento parou, ele encostou os lábios nos meus e tirou umas três vezes, bem lentamente.

Eu estava, como sempre, atordoada e maravilhada. Era a primeira vez na minha vida que havia beijado alguém, e foi absolutamente perfeito! E eu estava disposta a mais e mais... Acho que nunca me cansaria de ser beijada por Eric Archie, por mais que não o conhecesse. Seu sorriso, sua voz e seu beijo me bastavam

- O que foi isso, na verdade? - perguntei me fazendo de desentendida. Ele riu.

- Isso foi um beijo, e foi maravilhoso! - Acho que ele estava tão feliz quanto eu. Sorri.

- Acho que... Quer dizer... Você gosta de mim? Nós nem nos conhecemos - Eu poderia ter ficado corada, eu estava tão sem-graça!

- Eu... acho que sim. Acho que... - Ele estava... Não pensativo, mas parecia que pensava algo que não queria me contar.

- Acha o que? - eu estava tão curiosa! Eu imaginava muitas coisas. Mas tudo aconteceu rápido demais! Há dez minutos ele estava perguntando meu nome.

- Bom... - Ele chegou mais perto e encostamos nossos lábios mais uma vez, e eu sorri novamente. - Acho que já amo você. Foi amor a primeira vista. Você é a garota mais linda que já vi na minha vida, e é... simpática, engraçada, tímida...perfeita.

Meu sorriso foi só para mim, porque eu queria mesmo que isso acontecesse, mas para ele eu quis parecer que estava insegura. Eu estava tão satisfeita com o que ele disse que poderia pular!

Sentei na areia fina e o puxei comigo.

- Na verdade, eu também já amo você. Tenho certeza de que foi amor à primeira vista. Você tem o sorriso mais... lindo que já vi. - Confessei de olhos fechados. Abri meus olhos e sentei mais perto dele, encostada em seu peito. Ele me abraçou por trás, envolvendo minha cintura.

- Eu sei que isso foi muito rápido, que à alguns minutos você nem sabia meu nome, mas depois de ver seu sorriso e sentir seus lábios nos meus... - Ele não continuou, e eu percebi que não havia mais palavras para explicar aquela sensação boa que nós dois sentimos juntos.

Eu me virei para ele, e o beijei. Desta vez (já que não estava tão... tensa quanto antes) prestei mais atenção em seus lábios: eram tão macios! E sua boca... Tinha um gosto tão doce, quanto mel ou chocolate, na minha. Desta vez o beijo foi mais lento do que antes, mas foi tão bom quanto o primeiro ou até melhor. Eu abri os olhos antes do movimento parar, e vi bem de perto seu rosto perfeito.

- Doroth... - Seus lábios pronunciando meu nome eram tão irresistíveis. Ele era irresistível... Por completo. - Sempre que você precisar de mim, eu vou estar aqui, esperando por você. - Ele me olhou nos olhos e vi sua sinceridade - Eu sou só seu agora, não importa o que aconteça, comigo ou com você.

- Eric, apartir de hoje, eu sempre vou precisar de você. Foi só um sorriso... e um beijo mas acho que vou precisar disso para sempre. - Nós dois rimos.

- Se é só disso que você precisa... - Ele sorriu e voltamos a nos beijar, e eu senti o mesmo sabor... Beijar ele era... MARAVILHOSO!

Quando afastamos nossos lábios, olhei bem em seus olhos... e o abracei bem forte.

De repente, minha visão começou a escurecer, e eu sentia como se... eu estivesse me afastando da praia e vendo tudo de longe... eu estava me distanciando cada vez mais de tudo... Até que minha visão ficou completamente preta. Eu não via nada.

Eu ouvia muitos barulhos, que não eram nada parecidos com o mar da praia ou a voz doce em meus ouvidos, eram barulhos de... Cadeiras sendo arrastadas e portas sendo fechadas.

Foi aí que percebi que meus olhos estavam fechados.

Quando abri meus olhos, fitei o teto, confusa.

- Chanceler, vá ver se sua irmã está acordada - Escutei a voz animada de minha mãe.

Eu não entendo... Como voltei para casa? Eu estava na praia com meu (acho que posso chamar assim) amor; namorado, abraçada com ele e de repente apareço no meu quarto?

- Irmãzinha, é o Chan.  Ta acordada?

- Hã? Como assim? - Eu não estou entendendo NADA!

- MANHÊEE, A DOROTH TÁ ACORDADA SIM, TUDO BEM? ESTOU DESCENDO! - Gritou ele para minha mãe, que estava no andar de baixo.

Mas se eu... Se eu estava na praia com Eric, como estava em casa dormindo?

A única explicação possível é que... não. Não, não, não!

É IMPOSSIVEL, ISSO NÃO PODE SER UM SONHO! NÃO PODE!!!!

Eu senti suas mãos em meu rosto, seus braços envolvendo minha cintura, seu olhar e seu sorriso penetrante, ouvi sua voz suave e sedutora....

E ALÉM DE TUDO, O GOSTO DE SEUS LABIOS AINDA ESTÃO NA MINHA BOCA! AINDA SINTO O GOSTO DOCE COMO MEL OU CHOCOLATE NA MINHA LINGUA!

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH! NÃO, ISSO É IMPOSSIVEL, EU SENTI, EU VI, EU OUVI! ERA PARA EU ESTAR LÁ AGORA?NÃO FOI UM SONHO, NÃO FOI UM SONHO!! - Eu gritei. Eu estava surtando. Só depois de gritar que percebi que estava chorando. E amando. Meu coração doía, literalmente, eu estava sem ar. Havia um vazio tão grande dentro de mim, que eu achava que nunca mais poderia respirar ou viver. Eu sentia vontade de desistir de tudo, de não falar mais nada, só deixar a morte me levar para qualquer lugar onde ele estivesse.

- Doroth, minha filha, o que está acontecendo? - Minha mãe subiu correndo e tentou me acalmar

- Eu sei mãe! EU SEI QUE EU VI! EU SENTI TUDO MÃE! MÃE, CADÊ ELE? PARA ONDE ELE FOI? - Eu estava chorando tanto, e a dor era TANTA que meus olhos estavam vermelhos e ardendo.

Eu fechei meus olhos e coloquei a mão no peito depois de ver minha mãe arregalar os olhos e começar a chorar de preocupação.

Ele disse que era só meu, não disse? Pois então. Eu vou revê-lo, na mesma praia, NÃO IMPORTA O QUE ACONTEÇA COM ELE OU COMIGO, foi o que ele disse.

NÃO IMPORTA O QUE FOI, ISSO NÃO PODE TER SIDO UM SONHO!