Servo da Família Sazawori escrita por KatriChan


Capítulo 20
Apenas um Menino


Notas iniciais do capítulo

NÃO, EU NÃO MORRI. Meu coração bate lindo e perfeito, só pra vocês saberes. u_u

Agora vamos aos le avisos chatos de começo de capítulo que ninguém além da Vicky lê:
-O título desse capítulo tá uma bosta, eu sei. :I
-Capítulo 5 foi re-postado para todos os que não conseguiram lê-lo anteriormente. Me desculpem o transtorno que isso causou!!
Qualquer outro bug me avisem, obrigada (não, os meus erros de digitação não são bugs, sou eu mesma que sou burra, é)



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O Sol já estava começando a se por no horizonte, pintando o céu de laranja e com o céu emoldurado pelas doces nuvens rosadas. Eu me sentia uma criança enquanto olhava o pôr do sol sentado no banco de madeira do lado de fora do bar. Usava roupas quentinhas e um cachecol que cobria até um pouco acima da minha boca. O ventinho frio batia nos meus cabelos, mas não era um vento ruim.

Perto de mim Victory varria o chão de pedras em frente à porta do bar. Espanava a neve para os lados pacientemente. De vez em quando ele olhava para mim e sorria. Eu sorria de volta, como se fosse um cumprimento.

Não demorou até que ele terminasse o que fazia para passar a luva pela testa, mostrando o cansaço. Abaixou um pouco o cachecol e acenou com a cabeça para mim como se dissesse para eu entrar.

Levantei sem pressa e segui-o para dentro do lugar que havia fechado mais cedo hoje. Sem duvidas era mais quentinho ali dentro. Olhei para o alemão enquanto ele tirava o cachecol e ia para a cozinha atrás do balcão preparar um chocolate quente.

Me sentei num banco alto do bar e fiquei batucando os dedos na madeira. Ouvia os sons vindos da cozinha, o leite derramando nas canecas, as colheres tintilando e o fogo estalando. Mergulhei em pensamentos enquanto encarava um ponto fixo na madeira do balcão.

Eu não quero. Eu não quero voltar pra lá. Por favor, Victory, me deixe ficar aqui, nem que seja por uma noite.”

Depois de ter dito aquilo no dia anterior, Victory cedeu e me deixou dormir aqui. Depois não trocamos mais tantas palavras, não temos muito sobre o que conversar. Agora aqui estou eu, fugindo de casa como um adolescente rebelde, sem saber o que fazer. A última coisa que eu queria era ser um peso para Victory. Ele já salvou a minha pele tantas vezes, e eu nunca soube retribuir. Mas não demoraria para Juan me achar aqui. Isso é, se ele estiver me procurando.

Acordei dos pensamentos quando ouvi o som da caneca sendo colocada sobre o balcão. A fumaça quente e cheirosa do chocolate me deixava tranquilo. Olhei para Victory. Ele esboçava um sorriso triste, melancólico, como se estivesse sofrendo no meu lugar.

-Estás tão pensativo. –ele disse enquanto passava a mão nos meus cabelos e bagunçava-os levemente- Quer falar alguma coisa?

Segurei a caneca e beberiquei o chocolate. Estava muito bom, gosto de algo que é feito com carinho. Olhei acanhado para o loiro e sorri levemente.

-Está tudo bem. –falei com a voz meio rouca- Eu só estava pensando se... Se eu não sou um estorvo para você...

-O quê? Um estorvo?

-É. Você já me salvou tantas vezes e ainda está cuidando de mim tão bem... E eu não sei fazer nada de volta além de atrapalhar e...

-Dawari, não diga isso. –ele olhou sério para mim- Você não é um estorvo. Eu te ajudo porque eu quero, porque é isso que os amigos fazem.

-Os... Amigos...? –olhei para ele sem entender direito isso.

-Isso mesmo. Os amigos ajudam uns aos outros, mesmo que sem retribuição. Eu vou te ajudar sempre que precisar de mim. Porque é isso que os amigos fazem. –ele repetiu enquanto sorria para mim.

Amigos... Pode soar ridículo, mas eu nunca tive alguém para chamar de amigo. Cresci empenhado em aprender a arte de servir os reis e rainhas, aprendendo a ter etiqueta e saber me comportar. Mas nunca aprendi como ser amigo.

-Está bom? –Victory perguntou apontando a minha caneca.

-Ah, sim! E-está ótimo! –falei meio desajeitado e nós dois rimos.

Rimos juntos. E por um segundo eu me esqueci dos meus problemas, das minhas preocupações. Eu estava perto de um amigo.

Mas logo ouvimos o barulhinho do sino da porta tintilar enquanto alguém abria a porta.

-Com licença, mas já estamos fecha... –Victory foi interrompido.

-Em nome da Sua Majestade Real o Rei Juan, o senhor está preso.

-Preso!? –me meti, virando para os grandes guardas fortes vestidos elegantemente- Preso pelo quê!?

-Preso por acuso de seqüestro. –o mesmo guarda voltou a falar, então apontou para mim- Levem-no de volta para o castelo. E o senhor Victory irá para a corte.

Victory nem eu tivemos tempo para nada, logo fomos agarrados pelos homens enormes e carregados cada um para uma charrete diferente.

Eu já não entendia mais nada. Chegamos ao castelo e fui arrastado para um escritório enorme que eu ainda em lembrava ser de Juan. O ruivo estava logo ali parado, sério. Seu rosto não demonstrava nenhuma emoção. Assim que os militares me chutaram para dentro, Juan apontou a porta e mandou-os embora.

Passei cinco segundos ajoelhado no chão sem saber o que fazer, o que falar, foi tudo rápido demais. Em um instante eu estava rindo junto a um amigo e no outro eu estava sendo chutado para a sala de Juan.

Após os segundos que se passaram como horas, Juan se abaixou na minha frente e seu rosto se desdobrou num olhar preocupado e ele me abraçou com força. Passamos um tempo abraçados, sem trocar nenhuma palavra. Ser abraçado por Juan sempre me passava calor, carinho e um grande sentimento de proteção. Eu me sentia bem perto dele. Então Juan separou o abraço e me olhou tocando meu rosto.

-Dawari... –ouvi finalmente aquela voz carregada de emoção e preocupação.

-Foi você que mandou prenderem o Victory? –de tanta coisa pra falar essa foi a única que saiu pela minha boca.

Juan desviou o olhar para um canto e suspirou.

-Sim. Eu... Estava tão preocupado, tão aflito... Sabe-se lá o que poderia ter acontecido com você... Eu prometi a mim mesmo que não descansaria até te ter de volta, mas... Eu ando tão atarefado que a corte nunca me deixaria tomar tanto tempo somente atrás de um empregado que foi tomado como fugido. Então inventei que você tinha sido seqüestrado para poder ter uma busca mais ampla e... –ele parou de falar para encostar sua testa na minha- Eu sabia que algo realmente ruim poderia ter te acontecido então...

Eu tinha uma bronca toda na ponta da língua para xingar e gritar com Juan por muitos motivos, mas tudo sumiu da minha mente quando eu vi uma lágrima escorrer no rosto dele. E logo outras foram caindo, pingando no meu colo. Eu o ouvia soluçar.

-Eu fiquei tão desesperado quando você sumiu de repente, achei que dessa vez eu poderia mesmo te perder... –ele murmurou encostando a cabeça no meu ombro- Por favor... Por favor me perdoe... Por tudo o que te aconteceu, tudo o que eu não consegui evitar... Você deve ter sofrido tanto por minha causa e eu... Eu te prometi que estaria sempre do seu lado, mas...

E ali na minha frente, eu não via mais um rei. Eu não via mais um homem carregado de pecados nas costas. Eu só via um menino. Um menino de dezessete anos chorando desolado. Sem pai, sem mãe, sem o carinho ou o ombro de um amigo. Meu coração apertou. Eu me via ali.

-Juan... –toquei os cabelos macios dele e o senti tremer.

Suas mãos seguraram o meu casaco com força e ele me abraçou. Eu nunca o havia visto chorar assim. Somente o abracei de volta, sentindo meu coração bater forte. Eu o amava. Mesmo depois de tudo, meu coração ainda batia por ele, só ele e mais ninguém. Senti que agora era a hora de eu protegê-lo.

-Juan, agora não importa o que aconteceu. O que passou, passou. –falei segurando o rosto dele para que me olhasse- O que importa agora é que estamos juntos.

Ele sorriu ainda com os olhos molhados. Aqueles olhos avermelhados já não me transmitiam qualquer medo. Agora eu só via um profundo e quente vermelho de paixão.

Juan encostou a cabeça no meu peito e eu pude mexer na sua cabeleira ruiva. Ficamos assim por um longo tempo. Não contei quanto, já que a sensação estava tão boa que eu poderia ficar ali por horas a fio, somente abraçado naquele que eu tanto amo, sentindo seu calor e deixando seu cheiro pegar em mim.

Então Juan se mexeu um pouco com a cabeça para cima e apoiou-a no meu pescoço, estalando um beijo ali. Estremeci.

-Juan! –resmunguei rindo quando ele me abraçou e ficou a beijar o meu pescoço com carinho.

-Já que eu tenho você aqui pra mim, agora eu vou aproveitar cada minuto. –ele sorriu e me beijou possessivamente.

Tive que dar tapinhas no peito dele para que ele me soltasse para que eu pudesse espirar.

-Maldito! Como consegue ser assim logo depois de tudo o que falamos!? –reclamei.

Onde está aquele menino fofo que estava chorando nos meus braços agora pouco?

-Tudo o que falamos? Pra mim soou como um ‘oh como eu te amo Juan! Agora vamos fazer s-..

Mas antes que Juan terminasse o que ia dizer, eu praticamente pulei em cima dele e tampei a sua boca. Odeio admitir, mas meu rosto estava muito vermelho de vergonha.

-Calado! Calado! –gritei envergonhado- Seu safado, só pensa besteira!

-Como se você fosse muito puro, não é? –ele riu do meu ato envergonhado e segurou os meus pulsos, tirando-os de perto da boca dele- Eu sei que você adora quando nós fazemos isso, você fala umas coisas tão...

-Ahhh! Eu vou te bater! Fica quieto! –me desprendi das mãos dele para tapar o meu rosto vermelho- Idiota!

-Calma, calma ferinha. Eu estava só brincando com você. –ele riu e afagou os meus cabelos- Mas agora é sério.

Tirei as mãos do rosto e vi aqueles olhos tão penetrantes me encarando de um jeito sensual. Juan me beijou com calma e disse baixo, perto do meu ouvido.

-Eu vou cuidar melhor de você daqui pra frente, meu anjo. Ninguém vai tocar em você... Além de mim. –e passou a mão pelo meu corpo, já sabendo bem onde e como tocar para fazer meu corpo arrepiar.

-I-Idiota. –falei mordendo o lábio inferior e puxando uma mexa do cabelo dele- A-Ainda temos uma coisa pra fazer antes disso!

Impaciente, ele fez cara de enfezado e perguntou o quê.

-Temos que tirar o Victory da cadeia, ora!

-Ah, é, tem “ele”... –Juan suspirou como se não fosse nada importante- Não pode ser depois? Tipo amanhã, ou...

-Agora! –mandei cruzando os braços- Se não eu vou fugir pra França!

-Está bem, madame, agora mesmo. –ele zombou e se levantou, se curvando e oferecendo a mão para me ajudar.

-Seu bobo! –levantei-me rindo e seguimos pelo corredor.

Enquanto andávamos pelos corredores, depois de Juan mandar Lowei ir preparar uma charrete, senti a mão quente de Juan tocar a minha. Pode ser uma coisa boba, mas isso já fez eu me sentir especial, feliz. E assim continuamos a andar de mãos dadas. Porque, pelo menos por agora, nada nem ninguém podia estragar a nossa felicidade.


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Notas finais do capítulo

Eu chorei escrevendo esse capítulo, oi.


Vou ~~tentar~~ fazer capítulos mais alegres daqui pra frente. Eu quero mais comédia feliz, mas tudo o que me vem é tragédia. Isso que dá eu ter essa mania de foder com a vida dos meus persos.............
tá, chega de faladeira, eu amo vocês, tchau.
Até o próximo capítulo, rs.