Nos olhamos e começamos a correr,pois os gritos vinham de dentro da floreta.

 Chegamos e vimos Taylor,pendurada pelos pés,por uma corda presa na árvore.

 -O que está fazendo?-perguntei com o cenho franzido.

-Tricotando-respondeu com sarcasmo-é óbvio que eu estou presa.

-Pergunta estúpida-disse Dean calmamente.

-Vá se ferrar.

 Peguei uma faca na minha bota e subi na árvore,cortando a corda logo em seguida.

 Ouvi um barulho e me virei a tempo de ver Taylor caindo direto nos braços de Dean,e como ela reagiu.

 Ela ficou pálida e começou a se mexer,tentando se soltar.

Foi então,quando eu percebi.

 Uma pessoa só ficava desse jeito,quando era tocada,por um motivo.

E de repente,tudo fez sentido.

 O motivo dos avisos de Sophie.

É,ela era como nós.

-Solta ela,Dean-disse ao descer da árvore-agora!

 Ele me encarou por um momento,depois a soltou e Taylor se moveu para longe dele.

Eu cheguei perto de Taylor,lentamente,para ela não se assustar comigo.

-Dean,-o chamei-descubra quem fez isso com ela.

-Onde você vai?

-Eu vou levá-la para a cozinha-respondi sem fitá-lo-eu vou fazer um chá pra ela.

 Depois disso,a levei para o refeitório,andando devagar.

 Entramos e eu fui direto para o fogão,e ouvi ela se sentando.

-Então,há quanto tempo isso acontece?-perguntei sem me virar

-É a primeira vez que me deixam assim

-Não é sobre isso-disse me virando-há quanto tempo você é abusada?

 Taylor arregalou os olhos e sua respiração acelerou.

-Eu n-não sei do que você está falando-gaguejou finalmente.

Pegando a caneca de chá,me sentei ao lado dela e a entreguei.

-Sabe sim-falei firmemente,mas continuei suavemente-e eu quero te ajudar Taylor

Taylor respirou fundo e perguntou

-Falar vai fazer eu me sentir melhor?

-Não-pensei comigo mesma,mas em vez disso respondi-Por que não tenta?

ela respirou fundo,tomou um pouco de chá e começou a contar.

-Meu pai,ele sempre briga com a minha mãe,bate nela...

Cerrei meus punhos,mas fiquei em silêncio.

 -Ela acha que eu não sei o que ele faz com ela-riu sem vontade-mas eu sei mais do que eu gostaria.

Ela ficou em silêncio,se lembrando de tudo.

-Taylor ?-chamei-a gentilmente.

-Eu sempre pensei:eu nunca iria ficar em silêncio se fosse comigo,então um dia,ele chegou em casa,ele estava com raiva e minha mãe havia saído.

A olhei,já imaginando o que havia acontecido.

-Ele começou a quebrar as coisas,mas não foi o bastante.

Eu estava no quarto,com os fones de ouvido,para não escutá-lo,quando a porta foi aberta.

 Taylor começou a chorar e se balançar pra frente e para traz,e eu queria ajudar,mas ás vezes,palavras não eram suficientes.

-Ele me estuprou,meu próprio pai-falou com os olhos arregalados de pavor-e eu pedia pra ele parar ,mas ele continuava me machucando,como se gostasse.

 A abracei com força,e tanto ela quanto eu choramos.

Depois de um tempo,ela se afastou de mim,limpando o rosto com a costa da mão.

-Sua mãe sabe-perguntei suavemente

-Não,eu não contei pra ninguém-ela me olhou assustada-ele disse que iria matá-la.

-Eu vou te ajudar Taylor-quando ela desviou os olhos,eu continuei-é sério,eu vou te ajudar,eu prometo.

Ela assentiu com a cabeça,parecendo aliviada.

-Acho melhor você ir se deitar um pouco,para descansar.

Ela concordou,então a levei até a barraca dela e dei a caneca de chá.

-Qualquer coisa,me liga-disse dando o meu número-que eu venho rapidinho.

-Tudo bem-respondeu um pouco abatida.

 Quando ela fechou a porta,eu fiquei parada,tentando identificar os meus sentimentos.

E o mais forte deles era a raiva.

Me virei e saindo da cabana,entrei na floresta.

P.o.v Dean

Depois que Sarah levou a Taylor para a cozinha,voltei para o acampamento.

 Ela tinha ficado muito estranha,aliás ela e a garota.

 Tinha alguma coisa acontecendo e ela não queria me contar,mas eu iria descobrir.

 A Sarah,sem dúvidas,era diferente.

 Ela deve ter sido muito magoada para agir do jeito que ela age.

 Ela acha que eu não noto o jeito que ela fica analisando as coisas,ou olhando para os lados,como se estivesse sendo observada.

 Quem sabe,um dia,ela confie em nós o bastante para nos contar tudo.

 Já era de noite,e estávamos preocupados com a Sarah.

Ela havia desaparecido,já fazia mais de cinco horas.

 Quando estávamos na cabana,resolvendo ir procurá-la,a porta se abre e uma Sarah cansada entra.

-O que diabos aconteceu?-perguntei ao ver os nós dos dedos dela machucados e sangrando.

-Raiva,ódio-ela suspirou-eu não sei,está tudo meio confuso.

Ela pegou uma cadeira,encostou-a na parede e se jogou nela.

-Não!-ela disse quando Helena se aproximou.

-Ela me avisou,e eu não entendi-disse Sarah com a voz enrolada-mas  agora eu percebi tudo.

-Você está bêbada?-perguntei incrédulo

Ela mostrou um "pouquinho" com a mão.

-Não é uma boa combinação-disse Helena receosa.

-Eu precisava-respirou fundo-eu decidi contar a verdade.

-Que verdade?-perguntou Sam confuso,assim como nós.

-Sobre mim.