Ela estava correndo em toda a velocidade, sem ligar de estar nevando e tudo que ela vestia era uma fina malha , queria sumir, não podia acreditar no que havia acontecido. Sem dúvida tinha estragado tudo! Isso por culpa dele, que não passava de um galinha metido!

            Ela parou na porta do prédio da única pessoa que poderia entender, ou pelo menos fingir que entendia, seus problemas e suas reclamações. Seu amigo de infância, Morinozuka Takashi.

            - Taka-chan abra logo esse portão! – Ela berrou no interfone, provavelmente havia acordado o prédio todo, afinal já eram 12:30h da noite, poucas pessoas estavam acordadas.

            - Calma. – Ele disse em resposta, obviamente tivera sido acordado por ela, mas realmente não se importava, som por ser ela.

            O portão abriu e ela subiu correndo, deixando a bicicleta caída ali mesmo, precisava falar com ele com urgência!  Aquele maldito loiro! Como podia imaginar que ele faria uma coisa daquelas com ela?

            - Conbawa. – Ele disse totalmente sem expressão, como de costume, porém ela já sabia reconhecer perfeitamente quando ela estava sendo irônico.

            - Não use esse tom comigo! – Ela disse jogando sua bolsa sobre o sofá.

            - O que houve?

            - Ele estava com outras... Mais de uma! – Ela disse com muitas lágrimas nos olhos, porém logo as comprimiu.

            - Ele quem? – Perguntou Mori esfregando os olhos e pegando um copo de água, realmente era bem prático morar num quarto-sala.

            - Adivinha...

            - Ah... Claro. Aqui. – Disse entregando um copo de água para ela.

            - Como pode estar tão tranqüilo? Eu realmente gostava dele. E o pior é que foi culpa minha. – Ela mais uma vez ficou a beira das lágrimas.

            - Eu te avisei pra não inventar essa historinha de ciúmes falso. – Ele disse se sentando no sofá ao lado dela.

            - Ah... Mas me ajudou. Podia ter recusado me abraçar daquele jeito. Nunca te obriguei a nada. – Ela bufou.

            - Se eu recusasse ia no mínimo passar a não falar mais comigo uma semana.

            - É... Isso é verdade. Bom, mas agora eu já fiz a burrada. – Ela disse já não mais triste e sim em certo ponto de aceitação, nunca fora de chorar facilmente, ainda mais por garotos, mesmo que gostasse dele, não achava ser um motivo para chorar.

            - Tudo vai melhorar. – Ele não tinha mais o que dizer, se não falaria besteira.

            - Vamos dar uma volta? – Ela perguntou, praticamente ordenando.

            - Mas é madrugada e está nevando! – ele disse.

            - Ponha uma roupa direita e vamos logo! – Ela disse, e só nesse momento ele percebeu estar somente de calça, isso o deixou um pouco constrangido. Ele se levantou e foi até a armário.

            Ele entrou no banheiro e logo depois saiu completamente coberto de casacos.

            - Está nevando muito, pegue um casaco meu. – Ele disse entregando um enorme casaco marrom bem escuro para ela.

            - Obrigada. – Somente nessa hora ela se lembrou da neve, pois olhou pela janela. E percebeu só não ter percebido antes devido a raiva e ao aquecedor do apartamento.

            - Vamos. – Ele disse abrindo a porta e indicando para ela que saiu bem na hora.

            Chegaram a porta do prédio e lá estava a bicicleta jogada no chão,.

            - Deixou isso aqui?

            - Sim. – Ela falou despreocupada, sabia bem que ninguém pegaria, jamais passava viva alma naquela rua a noite. – Vamos logo! Quero ir ao parque. – Ela disse se referindo a pequena praça que havia lá perto, foi lá a primeira vez que conversaram, quando estavam no primeiro dia de aula da segunda série.

            - Lembra que ficamos assentados nesse banco por duas horas e nossos pais acharam que tínhamos fugido? – Ele perguntou ao se sentarem no mesmo lugar dos últimos dez anos.

            - Sim... Você puxou meu cabelo e depois arrebentou meu colar de fadinha... Eu realmente amava aquele colar. – Ela parecia bem mais calma, sentindo os flocos calmos de neve caírem sobre sua face enquanto se lembrava daquele tempo bom, onde não tinha nenhuma preocupação com o famoso amor.

            - Então acho que acertei. – Ele disse tirando do bolso do casaco uma caixinha roxa aveludada com uma fita dourada a amarrando.

            - O que é isso?

            - Um presente.

            - De quê?

            - 10 anos de amizade... E nesse dez anos... Eu tenho sonhado com você... – Ele começou, porém antes que terminasse olhou fundo nos olhos dela que tinha lágrimas nos olhos, e dessa vez não parecia querer segurar. – Todo o tempo. – Ele terminou abrindo a caixinha e mostrando o colar de fadinha, porém não era como o antigo dela, todo cheio de miçangas e penduricalhos, era um pingente ouro braço em uma fina corrente do mesmo material.

            Ela deixou as lágrimas caírem de seus olhos, ele tocou então levemente o rosto dela e limpou-o logo depois depositando um beijo leve nos lábios dela, que correspondeu deixando-o mais profundo, até que depois de alguns minutos se separaram sem fôlego.

            - E-eu... – Ela gaguejou com um sorriso na face, porém ele tocou os lábios dela com um dos dedos e disse:

            - Só me diga se gostou do colar.

            - E-eu adorei... – Ela começou, porém mudou para uma expressão divertida e disse. – Mas eu amei o que veio depois! – Ela colou seus lábios nos dele mais uma vez e assim a noite se passou bem animada, não só ali no parque, mas na casa de um certo garoto também...