Eu estava sentado a beira do mar como costumava a fazer e pensando na loucura que meus pais haviam feito, decidiram adotar uma menina de 16 anos, a garota devia ser problemática e convenhamos, ela mal sabia como era viver dentro de uma família. Como eles não viram que ela já está “grandinha” demais? E Sabe o que me disseram quando usei esse argumento?

-Por isso mesmo, estaria condenada a viver para sempre em um orfanato tadinha. - Esme argumentava.

-Pelo menos ela não ficará por muito tempo. - disse revirando os olhos

-Como não? Acha que quando ela fizer 18 anos largaremos ela na rua novamente? Daremos todo o apoio que a pobrezinha merece.

E foi exatamente nessa parte que resolvi vir até a praia. Isso era um absurdo, eu não queria ter que dividir tudo com a “pobrezinha”. E imagina,todos os cafés da manhã, almoços e jantares que meus pais iriam bajula-la, eu não queria dividir e não iria dividir, eles são meus pais, aquela é a minha casa e essa é a minha cidade.

Espero que não estejam pensando que eu irei leva-la para conhecer Forks ou qualquer outro lugar, porque ela pode ter a mesma idade que eu, mas eu NUNCA, vou repetir para ficar com mais enfase, NUNCA, irei ajudar aquele filhote de cão abandonado.

A semana foi agitada o tempo inteiro ajeitando tudo para a chegada da minha nova “irmãzinha”, na sexta estava tudo perfeitamente pronto, a menina havia mandado suas coisas a pedido de Esme para que eles pudessem arrumar seu quarto.

Eu caminhei até seu quarto, estava impecável, as paredes pintadas de Lilás mal tinham cheiro de tinta, os móveis brancos, em sua estante haviam milhares de bichos de pelúcia, milhares de personagens da Disney, e isso não creio que ela havia mandado, o computador que esme havia comprado assim como o Ipod e o celular, iguais aos meus, estavam em cima da mesa, e em cima da mesa de cabeceira , a única coisa que realmente parecia ter sido mandado por ela estava um velho e surrando livro, eu me aproximei e no título, o único que eu jamais imaginaria encontrar, estava escrito com letras cursivas: “Romeu e Julieta”. Quase por um segundo esbocei um misero sorriso no canto de meus lábios, eu gostava da quela história.

Voltei para o meu quarto do outro lado do corredor, e olhando para sua porta imaginei como seria as nossas manhãs, quando acordássemos para ir a escola, vendo seu rosto ainda coberto pelo sono, coçando seus olhos, ou até se assustando ao me ver parado em sua frente. “eu vou odiar ter uma irmã” pensei e batia a porta do meu quarto atrás de mim.

Amanhã ela iria chegar e eu não iria sorrir.

-John – Esme tentava me acordar – Vamos John, acorde.

-O que é? - eu resmunguei

-Sua irmã já deve está chegando.

-Ela não é minha irmã. - eu disse escondendo o rosto no travesseiro

-Por favor, pelo menos finja que está feliz por ela, vamos.

-Ta, eu vou!

-Estou te esperando lá em baixo então – ela disse e me deu um beijo no rosto.

Essa garota mal havia chegado e já estava me fazendo acordar cedo? Espero que ela não se acostume com isso, e se vier dizer que tenho que aproveitar mais o dia mando ela tomar num lugar onde não bate o sol.