Oneshot “English Summer Rain”

“Always stays the same, nothing ever changes

(Continua sempre a mesma coisa, nada nunca muda)

English summer rain seems to last for ages

(A chuva inglesa de verão parece durar eternamente)”

A chuva caía torrencialmente, formando rios agitados a escorrer pelos vidros. Os olhos verdes acompanhavam o fenômeno com total indiferença. Como ele estava cansado daquele som mecânico das gotas batendo contra a janela. Um contato frio, sem reciprocidade. A água continuava água, o vidro continuava vidro. Tudo permanecia igual, nada se transformava... assim como a dor e a solidão que sentia.

“I'm in the basement, you're in the sky

(Eu estou no porão, você está no céu)

I'm in the basement, baby

(Eu estou no porão, querido)

Drop on by

(Apareça aqui)”

Quando abriu a porta – após ouvir as batidas enfurecidas contra ela que acabaram por acordá-lo –, Alfred não espera encontrar Arthur ao pé desta. Ainda mais um inglês encharcado até o último fio de cabelo. Uma expressão de preocupação passou pelo semblante do americano.

- Ei, Iggy... o que você está fazendo aí na chuva? – não houve nenhuma resposta.

Arthur apenas ergueu a cabeça e encarou o outro nos olhos. Agora Alfred não sabia se a umidade do rosto do inglês era da chuva ou de suas próprias lágrimas. E antes que pudesse dizer alguma coisa ou mesmo convidar aquele a sua porta a entrar, Arthur caiu de joelhos diante o americano, com a mão sobre os olhos e murmurando palavras familiares a Alfred.

- Maldição! Por quê!? Droga!

Era como se tivesse voltado no tempo, para aquele mesmo dia de tantos anos atrás.

“Hold your breath and count to 10

(Segure sua respiração e conte até 10)

Then fall apart and start again

(Então se despedace e comece de novo) 

Hold your breath and count to 10

(Segure sua respiração e conte até 10)

Start again, start again

(Comece de novo, comece de novo)”

Nada havia mudado. A cena continuava a mesma apesar: ele a encarar aquele que sempre lhe pareceu tão grande em completa derrota.

- Iggy... – um sorriso de nostalgia se formou no rosto do americano. – Você nunca muda, não é mesmo?

O corpo do inglês tremia devido ao frio que a umidade das roupas lhe proporcionava. Seus dentes rangeram ao dizer um “cala a boca, idiota” quase inaudível, o que fez Alfred rir baixo.

- O idiota aqui é você, Iggy. – o americano se pôs no mesmo nível do outro, enquanto o puxava ao seu encontro – e para dentro da casa –, num abraço forçado. E deixou que Arthur continuasse a remoer as suas lembranças, suas mágoas, sua dor e sua solidão.

“Hold your breath and count to 10

(Segure sua respiração e conte até 10)

Then fall apart and start again

(Então se despedace e comece de novo)”

Chuva incessante, gotas que tocam a terra violentamente, o frio a correr pela espinha. Depois de tanto tempo, o céu continuava o mesmo ao daquele dia: carregado com lágrimas prontas a escorrer dos olhos.

“Start again

(Comece de novo)”