Um campo florido se estendia a uma dimensão imensa, um campo que era iluminado pelo Sol em um calor confortável. Algumas árvores frutíferas se erguiam em alguns pontos e as flores que haviam no local eram diversas. Algumas poucas construções luxuosas habitavam o local, e ali não havia muitos seres.

  Samira jazia em meio as flores, observando a dimensão do céu azul que era decorado por alguns pássaros exóticos. Nem percebera quando alguém posicionou-se ao seu lado, repousando os braços nos joelhos.

— Como fora a experiência?

  A voz serena e bela era conhecida. Desviou o olhar então para o homem de olhos claros a seu lado. Sorriu alegremente ao ver que Azrael estava ali. Sentou-se, apoiando o rosto em uma das mãos.

— Ótima. Espero que sirva de algo para eles. A Terra é preciosa, não merece ser maltratada.

  Azrael lhe observava. Sua fisionomia era calma. Não pode evitar com que abraçasse sua amada. Ela repousara a cabeça em seu peito, desfrutando da beleza celestial.

— Nem imagina o quanto sinto saudades de você.

— E eu de você - ela lhe desferira alguns leves tapas nos braços que a envolvia.

— Ora. Você nem sabia de mim.

— De um certo modo, eu sabia sim.

  Azrael esboçava um sorriso. Levou então uma das mãos ao manto, retirando um papel de um dos bolsos.

— Lhe fiz isto.

  Samira tateou seu corpo até achar o papel, que servia-lhe de apoio. Leu-o em voz baixa.

Um Único Sorriso

De certo já sabe de minhas palavras aprisionadas

Onde pronunciá-las seria impossível

Me aprofundei até o mais fundo poço

Clamando por algo que não sou capaz de gritar

Uma única estrela diria-me conselhos

Porém não tive tempo para ouví-la

Ocupado, minhas veias pulsavam por

quaisquer sinal de tua existência preciosa

Não me arriscarei a um impacto desses

Motivos supérfluos se esquecerão

Entretanto, ainda assim me sinto glorificado

de na tua boca ver um sorriso estampado

  Dizem que depois de uma declaração de amor duas almas trocariam provas. Samira desferiu-lhe um beijo ardente após ler cada palavra escrita. O amor que ambos sentiam não se movia por provas, mas por desafios. A cada minuto que passara era um impulso a mais que ambos sentiam. Azrael lhe acariciava enquanto sussurrara em meio aos intervalos de seu beijo caloroso.

— Ainda não está terminado.

  Samira percebera que Azrael tinha razão. Levantou-se, oferecendo a mão para ajudá-lo. De mãos dadas, foram até um altar de mármore trabalhado, em uma igreja próxima. Ao entrar, vira que a mesma estava lotada de anjos e arcanjos do senhor, todos em testemunha da volta dos escolhidos, que seria hoje. Alguns já posicionados no altar, permaneciam em silêncio. Samira desgrudou-se das mãos de Azrael e juntara à eles.

Todos formavam uma fila, um ao lado do outro, em exposição a imensidão de seres no local. Abaixaram o rosto em sicronia e fizeram um agradecimento vitorioso. Cada anjo se levantara de seus bancos, onde uma onda de palmas gradativamente soaram, alguns berrando elogios aos que estavam no altar. Logo após descerem por alguns degraus. Samira caminhara até Azrael que estava sentado no último banco da igreja.

— Meus parabéns, querida.

  Sorriu. Enquanto o aposento se esvaziava, alguns vinham até si lhe elogiando pela tarefa cumprida. Samira agradecia gentilmente à todos, com um simples aperto de mão. Restando ainda alguns anjos no local, pegara novamente nas mãos estendidas de Azrael enquanto cruzavam a grande entrada do templo. Missão acabada. Uma glória era pronunciada pelos escolhidos em coro à frente da igreja. Atos que nem todos eram capazes de conseguir terminá-los, alguns enfrentou o desafio por um mundo melhor, que fariam tudo novamente.