- Justin! Justin! Justin! Justin!...

A multidão enlouquecida gritava tanto que os vidros vibravam um pouco. E pensar que essa turnê iria ser calma...

-          Nina! – ouvi a voz dele me chamando.

Os flashes e as pessoas do lado de fora do estúdio me distraíram mais uma vez, e eu me encontrava olhando pela janela, de novo.

- Já vou! – respondi, e segui pelo salão até o local onde Justin, os dançarinos e a coreografa estavam e começamos a ensaiar mais uma vez a seqüência para o show da noite em Nova York.

O meu par era o próprio Justin, estávamos ensaiando mais uma vez aquela maldita valsa rodada ao som de First Dance, era toda estranha e com alguns adicionais, mesmo assim não deixava de ser bonita. Onde apenas eu e ele dançávamos a maior parte da musica e depois os outros casais entravam, no final, fazendo uma espécie de bolo vivo com quatro casais.

 Dançar com Justin Bieber era estranho, eu era dez centímetros mais alta que ele e ainda usava salto, era como dançar com uma criança... Não estava fácil, ele estava tão nervoso quanto eu, embora já tenhamos feito aquilo mais de um milhão de vezes. Neste dia em especial, ele estava errando os passos e pisando nos meus pés, sem falar que no ensaio de voz, tinha esquecido as letras de três musicas...

- NÃO, PAREM TUDO! – disse Helen, a coreografa, e todos na volta pararam com aquele bolo vivo... Helen McGrey estava furiosa e seu olhos verdes não escondiam isso. Ela foi em direção ao meu par e começou a falar com seu sotaque inglês – Justin, o show é essa noite, talvez devesse descansar... Pessoal, nos vemos essa noite! – ela exclamou para todos, e eles desfizeram os pares, pegaram suas coisas e foram embora.

O garoto estava sentado no chão, no exato lugar aonde eu o deixava. Estava com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça escondida, como eu fazia com 7 anos quando queria chorar... E depois de um suspiro cansado, deitou-se no chão. Mal sabia ele que iria sujar a sua regata branca com as marcas dos sapatos de dança na madeira do salão.

- Sabe, Nina... Essa é uma boa hora para os seus cappuccinos milagrosos.

Me sentei ao lado esquerdo dele. Fitando-o.

- Justin, são três da tarde você ainda não consegue dançar uma valsa sem pisar no meu pé. Se você usasse salto alto, eu já estaria com meus pés completamente furados...

Ele riu da minha piada e sentou-se ficando de frente para mim. Ambos estávamos na posição de lótus, como dizia Ethan, um outro dançarino.

- Que tal tentar dançar? Só mais uma vez, mas uma musica diferente?

Ele pareceu meditar sobre a minha pergunta. Sempre fazendo caras e bocas, mas ainda sim, não demorara a abrir um sorriso dizendo sim, se levantar e me ajudar a me levantar. Coloquei meu mp4 nas caixas de som, com a musica A Year Without Rain da Selena Gomez e então voltamos ao meio do salão.

Você pode sentir?

Quando eu penso em você,

Com cada respiração.

A cada minuto

Não importa o que eu faça

Meu mundo é um lugar vazio

Mais uma vez a musica enchera a sala, e ambos fizemos um referencia depois ele pegou a minha mão, levou a outra até seu ombro e colocou a própria na minha cintura. E então ele começou a me guiar para traz e para frente, girando a cada passo no ritmo da musica. O problema é que ele estava tenso demais.

Como se eu estivesse no deserto, Por mil dias

Não sei se a uma miragem,

Mas eu sempre vejo o seu rosto,

 - Justin, sinta a musica, pare de pensar um pouco... – eu disse. Instintivamente ele fechou os olhos e relaxou um pouco, fazendo os movimentos com mais leveza, e murmurando a musica da Selena Gomez.

Tudo bem, a partir daí a minha vontade de rir era imensa, mas eu estava me controlando. Se alguma pessoa que não gostasse muito dele o visse cantando uma musica da Selena Gomez, dançando com uma garota bem mais alta que ele e ainda por cima uma valsa, sem falar naquela fama de “Justin Biba”, o cara estaria rolando de rir no chão.

Eu sinto muito a sua falta

Não posso ajudar, estou apaixonada

Um dia sem você é como um ano sem chuva.

Eu preciso de você ao meu lado,

Não sei como vou sobreviver

Mas um dia sem você é como um ano sem chuva 

Assim que a musica acabou, nós paramos e ele abriu os olhos e deu mais um sorriso.

- Obrigada, precisava disso.

- Não por isso. – eu sorri de volta, tirei a mão de seu ombro e desfiz o aperto de mãos no ar, mas tinha algo... – Justin?

- Hum?

- Pode soltar a minha cintura agora.

- Ah, ta.  – Eu saí rindo, pegando a minha bolsa e o meu casaco. Estava nevando na rua.

Ambos saímos dali fechando a sala. Pegamos os elevadores junto com dois seguranças do Justin. Embora o hotel ficasse a três edifícios do lugar onde estávamos, as fãs enlouquecidas dele ainda estavam lá, mesmo que só algumas.

Bem, eu não podia dizer que a vida dele era horrível, afinal, ele mesmo admitia para o pessoal que gostava do assédio, mas ainda sim, acabava se tornando monótono, e uma hora ou outra ficava chato. Por exemplo, quando a equipe queria sair do hotel e ir para o Show em Toronto e ficamos presos por três horas entre fãs na rua até que todas saíssem para que a van andasse alguns metros. Mas isso foi na turnê passada. Essa já era a segunda turnê mundial do álbum dele e o primeiro show era nessa noite...

Meu nome é Nina Knight, eu sou formada na Academia de Artes Julliard e acompanho de perto a vida profissional, nada comum e os segredos mais bizarros da mais nova celebridade teen há um ano, Justin Bieber.