O Destino de Cada Coração I escrita por By Mandora


Capítulo 4
Uma Noite Na Chuva




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/978/chapter/4


Kagome e Sango estavam sozinhas no quarto, cada qual reclamando de sua própria dor.

– Ah, Sango, por que garotos são tão difíceis de entender?

– Eu não sei, Kagome. Mas às vezes dá vontade de esmurrar até ficar inconsciente, assim parava de falar tanta besteira.

– Tirou as palavras da minha boca... Não estou com nem um pouquinho de sono.

– Você devia dormir um pouco, amanhã vai ser bem cansativo.

– Você tem razão, Sango. Eu vou à cozinha tomar um copo de leite, quer também?

– Não, eu vou me deitar.

– Então boa noite.

– Boa noite.

Kagome olhou pela janela e percebeu os trovões e a ventania. “Vai chover. Eu espero que amanhã o tempo esteja bom”. Ao descer as escadas pôde notar Inu-Yasha em pé, ao lado da janela da sala, olhando para o lado de fora. Decidiu não incomodá-lo e foi silenciosamente para a cozinha. Não sabia o que lhe dizer naquele momento. Pegou um copo de leite, sentou-se e foi tomando-o lentamente. Não conseguia parar de pensar naquele beijo. “Aquele idiota do Inu-Yasha! Por que ele tinha que me beijar? E agora o que é que eu faço?”.

Notou um vulto do lado de fora da casa e resolveu chamar Inu-Yasha para dar uma olhada. Ao chegar na sala ele não estava mais lá. Foi ao quarto de Souta e só encontrou seu irmão e Miroku dormindo. “Mas aonde será que ele foi? Ah, eu mesma vou dar uma olhada”.

-x-x-x-x-x-

“Maldição! Isso foi estupidez. Quase que ela me viu olhando pela janela. Ela percebe a minha presença tanto quanto eu percebo a dela...” Inu-Yasha seguiu até a árvore sagrada. “Porque eu sempre acabo vindo até aqui?” Sentou-se debaixo da árvore e ficou observando as nuvens passando. Também não conseguia esquecer o beijo. Era como se a cada momento ele sentisse novamente o calor dos lábios dela.

– Kagome, se você soubesse... – Divagou ele.

– Soubesse o quê, Inu-Yasha? – Inu-Yasha assustou-se ao ver Kagome ali, em pé, bem diante de si. – Era você quem estava me espionando pela janela, não era?

– E por que eu iria querer ficar te espionando, Kagome? – Disfarçava.

– Primeiro eu achei que fosse um ladrão, mas quando não te achei dentro de casa percebi que só podia ser você... O que você está fazendo aqui fora? Daqui a pouco vai cair um temporal daqueles e você pode se resfriar.

“Mesmo depois do modo como eu a tratei hoje, ela ainda se preocupa comigo...”, pensou ele. Desviou o olhar, pois temia que ela percebesse o desejo em seus olhos.

– Eu não fico doente assim tão fácil. Esqueceu que eu sou metade youkai? Sou mais forte do que os humanos normais. Você é quem devia entrar. Esse seu quimono estranho não a protege em nada... – Se referia ao pijama de Kagome, um short e uma blusinha de alça cor-de-rosa. – Você é quem vai se resfriar usando tão pouco pano... – Então percebeu que ela sorriu.

– Obrigada por se preocupar comigo...

– Não, eu é que tenho que agradecer. Você se arriscou no parque por minha causa. Se eu não fosse tão exibido você não teria se ferido.

– Inu-Yasha, não foi sua culpa. Eu é que fui descuidada. – Notou que ele ainda vestia a camisa com a manga rasgada e manchada de sangue. – Por que você não trocou de camisa?

– Para me lembrar da besteira que eu fiz...

– Inu-Yasha...

Os dois ficaram se olhando. De repente um forte raio iluminou todo o lugar e a chuva forte começou a cair. O abrigo mais próximo era o templo do poço “come-ossos” e os dois correram para se proteger da chuva lá dentro. Sentaram-se lado a lado em frente ao poço.

– Nossa, que chuva! – Disse Kagome, enquanto espremia os cabelos. – Inu-Yasha, eu queria te perguntar uma coisa...

– O que é, Kagome?

– Você me beijou por que se sentia culpado, não foi?

– Mas é claro que não!

– Então porquê?!

Foi quando um raio clareou todo ambiente e ressoou tão forte que pareceu fazer tudo estremecer. Assustada, Kagome pulou no colo de Inu-Yasha que a abraçou fortemente. Passado o susto, os dois se deram conta da proximidade.

– Inu-Yasha por que...

– Isso não importa mais... É passado. Será que você não pode mudar de assunto?

– Não posso, eu preciso saber como você pôde ser tão gentil comigo e depois tão rude no momento seguinte...

Inu-Yasha colocou o dedo sobre os lábios de Kagome para silenciá-la.

– Me escute com atenção, Kagome. Sempre que eu estou com você, você corre perigo. Não importa se é na minha época ou na sua, com ou sem um fragmento da Jóia de Quatro Almas envolvido. Eu sempre acabo te colocando em perigo. Eu nunca quis magoá-la, mas a verdade é que eu tinha que me afastar de você naquele momento...

– Eu não tenho medo do perigo quando estou com você! Por você eu fiquei mais forte, mais corajosa. Eu...

– Kagome, não...

– Eu te amo, Inu-Yasha...

Era tarde demais. Mas aquelas palavras não eram tão assustadoras quanto ele imaginava que pudessem ser. Ele também queria dizer as mesmas palavras, mas ainda não conseguia. Talvez Miroku tivesse razão, ele ainda tinha muito medo. Mas ali, naquele momento, tê-la em seus braços era tudo o que ele queria.  Seus lábios se encontraram novamente e ambos desejavam que o tempo parasse. Quando abriram seus olhos, sorriram um para o outro. Os dois se deitaram lado a lado e assim adormeceram, um nos braços do outro.

-x-x-x-x-x-

– Eu ainda não entendo porque a gente tem que entrar pela janela do seu quarto, Kagome!

– Inu-Yasha, já é de manhã. Se a minha mãe me vir entrar em casa de pijama essa hora juntamente com você eu estou frita!

– Mas nós não fizemos nada!

– Shhiii, Inu-Yasha, fala baixo... Ela é mãe, sempre confiou em mim e sempre respeitou as minhas escolhas. Se ela nos visse assim, não sei se ela confiaria em mim de novo... Agora pule até a janela do meu quarto. E vê se não faz barulho.

– Ora, isso é ridículo...

Kagome subiu nas costas de Inu-Yasha que, de um pulo, alcançou a janela do quarto. Kagome entrou e viu que Sango ainda dormia no colchonete.

– Agora você desce e entra pela janela da sala...

– Kagome eu posso pedir uma coisa? Será que, pelo menos por enquanto, poderíamos não contar nada do que está acontecendo para os outros...

– Ah, sim, você não quer perder a sua fama de durão... Tudo bem...

– Obrigado.

Se despediram com um beijo. Ao entrar pela janela da sala, Inu-Yasha foi surpreendido pela mãe de Kagome.

– Bom dia, Inu-Yasha. Você poderia ter usado a porta, afinal de contas, não estava trancada.

– É mesmo, não é... – Estava completamente sem graça. – Bom dia, a senhora já está acordada e ainda é bem cedo...

– Por que você não me ajuda a preparar o café? Mas antes seria bom trocar essa camisa. Comida e sangue não se misturam.

– Ah, mas é claro, eu já volto.

Saiu correndo e entrou no quarto de Souta. Ao encostar a porta, suspirou profundamente. “Será que ela viu alguma coisa? Kagome vai ficar uma fera!” Então tirou a camisa e pegou outra toda branca no meio daquelas que Kagome havia lhe dado. Ao retornar a cozinha, a senhora Higurashi estava ao fogão preparando algo que cheirava muito bem.

– Você pode pegar o leite e os ovos na geladeira para mim, Inu-Yasha?... Você e Kagome dormiram bem? Espero não tenham se resfriado, estava muito frio noite passada.
Inu-Yasha já havia pego o que a mãe de Kagome pedira e teve que se concentrar para não deixar o leite e os ovos caírem no chão. “Como ela poderia saber?”

– Eu... Eu...

– Sabe, Inu-Yasha, eu conheço a minha filha melhor do que ela mesma. Por isso mesmo confio em suas escolhas. Ela consegue ver muito mais do que aparência exterior de alguém; ela consegue enxergar o que está nos corações das pessoas. Eu só não quero que ela se magoe, você me entende?

– Sim, eu entendo. – Colocou o leite e os ovos sobre a mesa da cozinha. – A senhora precisa de mais alguma coisa?

– Se você quiser, eu posso te ensinar a fazer o café do jeito que a Kagome gosta.

– Eu quero sim.

Inu-Yasha percebeu que a mãe de Kagome era muito sábia, envolvente e não podia ser enganada facilmente. Mais tarde, todos já estavam sentados à mesa, comendo.

– Dormiu bem, minha filha? Não sentiu frio durante a noite?

Sem saber do que se tratava, Kagome deu uma resposta que quase fez Inu-Yasha entalar.

– Ah, sim, fez frio, mas nada que uma boa coberta não resolvesse...



-x- Continua no próximo cap -x-

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Destino de Cada Coração I" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.