O dia clariou. Molly passou a noite toda ao lado de sua mãe que só tinha conseguido dormir apenas á duas horas atrás. Ellie estava cansada, com os olhos inchados por ter chorado a noite toda, segurando a mão de Molly que estava deitada na cama. Ela estava com alguns arranhões  no rosto e nos braços. Sua cabeça estava enfaixada, porque quando o carro à atropelou, ela bateu com a cabeça muito forte no asfalto, por isso estava em um estado tão grave.

                Molly se levantou, e foi até seu corpo, que estava ligado a vários aparelhos. Seus olhos encheram de lágrimas ,ela abaixou a cabeça e saiu do quarto do hospital. Ela foi descendo as escadas devagar e Kim veio atas dela.

-Molly, onde você vai agora?

-Eu quero ver a Emy.

- Então vem comigo. – Disse Kim segurando a mão dela , e à levando em direção a porta principal do hospital.

-Ela deve estar tão mal Kim, eu não acredito que isso aconteceu. Eu preciso voltar. Ela tem que saber que eu estou bem.

Kim apenas ouviu. Continuou guiando Molly até a casa da amiga. As pessoas passavam, e simplesmente  atravessavam as duas. Molly olhava aquilo e balançava a cabeça.

                Chegando lá, Molly quase bateu na porta , mas quando ia encostar a mão nela, se lembrou, que agora ela era um espírito.Kim a puxou pra dentro da casa fazendo-a atravessar rapidamente a porta da casa.Molly viu a mãe de Emy no sofá cochilando, e segurando o bebê, que estava debruçado com a cabeçinha no ombro da mãe. Ela passou e acenou para ele. O bebê riu com gosto. Molly arregalou os olhos e olhou para Kim que sorria.

- K-Kim , ele pode me ver?

-Sim. As crianças são mais sensíveis a isso. Conseguem ver ás vezes.

- Ah...

 Molly sorriu para o bebê , e subiu para o quarto de Emy. Ela viu Emy dormindo, e se aproximou. Passou a mão no cabelo dela de leve, e se sentou no chão. Kim sentou ao lado dela.

- Você vai ficar aqui? Olhando ela dormir?

-Sim. Mas logo ela acorda.

                Passaram-se algumas horas. Emy se levantou, e foi até o banheiro . Ela se olhou e começou a chorar, por ter lembrado da amiga. Molly foi até a porta do banheiro que estava aberta e ficou observando Emy , que lavava o rosto soluçando. Emy fechou a porta e foi tomar um banho. Molly olhou para Kim, que fez um sinal com a mão chamando-a. Ela veio devagar e Kim deu um abraço nela , e as duas sumiram.

-Kim? Onde agente está?

- No nosso mundo Molly.É aqui que nós teríamos que ficar. Você não está morta completamente, mas seu espírito saiu.

Molly observou a sua volta. Olhou para todas aquelas pessoas.

- Eu não quero ficar aqui! O meu corpo está lá embaixo. Minha família está lá !Eu quero voltar Kim, aqui é o seu lugar ,e não o meu!

Kim balançou a cabeça desaprovando a reação de Molly.

- Olha Molly, eu quero te ajudar. E é só isso. Você acha que eu não sofri quando eu deixei minha família? Você não sabe como eu morri, você não sabe o que eu deixei. E te garanto que não foi fácil.

Molly ajoelhou no chão.

-Me desculpe Kim. Mas eu não posso ficar aqui. Por favor , vamos ficar lá, onde eu possa ver minha família e meu corpo que ainda não está morto.

- Tudo bem Molly. Você tem o direito de escolher , mas o melhor luar para ficarmos é aqui. Mas já que você prefere ...

Kim segurou Molly , e elas sumiram novamente.

                Elas ficaram por um tempo vagando pelos lugares.

-Kim, me conta o que aconteceu com você?

Kim abaixou os olhos, se sentou no chão , fazendo sinal para que ela se sentasse também.

- Não é uma história feliz Molly. Eu era um adolescente muito difícil de se lidar. Eu não respeitava ninguém , vivia em confusão. Uma vez quase bati em minha mãe. Eu quase nunca dormia em casa, ficava a noite toda na rua ,bebendo.Eu tinha 16 anos quando engravidei. Eu fiquei com muita raiva. Aquilo não podia estar acontecendo. Mas mesmo assim, eu continuava na rua todas as noite, bebia , e me esquecia que tinha uma criança dentro de mim. Não esquecia completamente, eu queria era esquecer. Então, minha barriga crescia e me dava um ódio cada dia mais. Eu então, abortei com remédios, e venenos. A criança morreu, e eu também. Mas já tem muitos e muitos anos que isso aconteceu. Eu já sofri tudo que eu precisava para aprender que esse não é o melhor caminho. E agora estou aqui, tentando ajudar as pessoas. E eu escolhi você .

Molly levantou as sobrancelhas um pouco espantada.

-Eu lamento por isso Kim. Isso é terrível. Mas obrigada por estar comigo agora , me ajudando.

Kim sorriu docemente , e se levantou , ajudando Molly a se levantar também.

-Molly, onde você quer ir agora?

-Eu não sei.

Elas ficaram um tempinho paradas ali. Então apareceram quatro pessoas. Molly pensou que eram pessoas, mas eram espíritos. Eles estavam todos de preto , e com uma cara de desdém.

-Hmmm! – Um deles disse ao ver Molly e Kim.

- O que vocês querem? –Disse Kim juntando as sobrancelhas.

- Ai! Nada minha querida. Só queríamos saber se a garotinha nova ali, quer dar um passeio com agente!?

Molly  olhou para eles , com uma expressão confusa.

-Molly, é sua hora agora. Você quer , ou não? Você escolhe o seu caminho ta bom? Não vou te impedir de nada.

As pessoas de preto , se entreolharam rindo.

- Não ! Eu não quero ir com essas pessoas.

Kim sorriu.

-Vão embora , ela não quer sair com vocês ! Sumam logo!

Eles fizeram uma cara ruim para Kim , e saíram.

-Quem eram eles Kim?

-Eram espíritos vagantes daqui. Eles ficam junto com pessoas drogadas tentando sugar energia ruim.

Molly arregalou os olhos .

-Que coisa esquisita.

-Pois é.

-Kim , eu quero ir para o hospital agora. Ver minha mãe.

-Tudo bem. Eu te levo La.

Elas foram andando até o hospital que não era muito longe de onde elas estavam.