Primavera escrita por Sayuri


Capítulo 1
Único Reescrito


Notas iniciais do capítulo

Os personagens do anime The Prince of Tennis não me pertencem, são de autoria de Konomi Takeshi!

Essa fic é um oneshot espero q gostem...



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A Primavera anunciava imponente sua chegada. Os botões de sakura começavam a se abrir. O frio e a neve do Inverno passado davam espaço à cálida luz do Sol. Os ventos gélidos se transformavam em uma brisa gostosa e perfumada pelo cheiro das flores. Há quantos anos não sentia isso? A resposta era simples: desde que se tornara um jogador de Tênis profissional, um atleta de alto-rendimento, e fora viver, permanentemente, fora de seu país natal... E isso já fazia uns dez anos.

Dez anos desde sua formatura, dez anos que começara sua luta por um espaço entre os melhores do Ranking Mundial. Dez anos que havia estreado em um campeonato menor deslumbrando a torcida e abrindo caminho para Rolland-Garros e outros torneios importantes. Dez anos que não via vários de seus colegas. Dez anos que não a via e não que isso fizesse muita diferença... Mas isso, era apenas o que ele tentava se convencer a todo momento.

Ryoma Echizen sentiu um vazio corroer seu coração desde que pisara no Ocidente, no afamado Estados Unidos da América, algo que persistia em ficar. Sentia saudades da família. Sentia falta da já velha Kurupin que tivera de deixar com os pais, já que não teria tempo de dar toda atenção que a gata merecia. Sentia falta dos amigos que ficaram e, acima de tudo sentia saudades de sua terra natal, o Japão, ainda que não admitisse. Mesmo assim, sabia que voltar significava ter de lidar com todos àqueles sentimentos que sequer admitia existir.

Saiu de sua festa de boas-vindas com a desculpa de que estava cansado por conta do Jet Lag. Todos estavam lá, no restaurante de Kawamura, quer dizer, quase todos. Uma pessoa que pensou que era completamente indiferente para si não fora a festa, porém, sua ausência causou um impacto emocional não esperado pelo Príncipe. Agora caminhava pelas ruas recordando de seu tempo como estudante do ginasial e, posteriormente, de colegial. Como entrara na Seigaku, como odiava quando Momoshiro o fazia ir a festas e outras comemorações a força, não que estivesse fisicamente apto para evitar de ser arrastado por ai, contudo, essas memórias podiam ser consideradas como boas.

Caminhava despreocupadamente pelo centro comercial da cidade, não tinha a intenção de voltar para casa tão cedo e ter de justificar para seus pais o porquê de não ter ficado na festa em sua homenagem, quando algo o chamou atenção: uma loja de artigos esportivos. E, ainda por cima, fazendo uma promoção de aniversário! Nada viria a ser mais útil em um momento como aquele. Precisava comprar algumas coisas, mesmo, como fita para a raquete e um novo par de tênis para treinos, os seus estavam bem gastos. Aquela loja veio a calhar em um momento como aquele, por isso entrou.

–--//---

Sua raquete de treinos estava um lixo, definitivamente! Também, não havia trocado de raquete desde sua colação de grau na faculdade, precisava de uma nova... Por isso entrou em uma loja de artigos esportivos qualquer, também precisava relaxar, os incontáveis treinos estavam acabando com ela, sabia que precisava dar tudo de si neles. Se não ganhasse o Torneio Nacional, jamais teria a chance de ir disputar campeonatos no Circuito Internacional como alguns de seus antigos senpai-taichi. Aliás, torneios estes que aconteceriam muito em breve, se não vencesse, não teria a oportunidade de se lançar definitivamente na carreira de tenista profissional e o tempo passava, logo estaria velha demais para isso.

A loja era perfeita, olhava distraidamente uma parede com uma imensa variedade de raquetes penduradas, pegou algumas, testou fazendo leves movimentos com os braços, puxou levemente as cordas com as unhas para ver se estavam firmes, sentiu o peso das peças, até que pegou uma lilás que achou perfeita, tamanho perfeito, leve, resistente... Era exatamente o que estava procurando.

Pegou a raquete e foi andadando pela loja olhando as prateleiras distraidamente. Kawamura havia a convidado para uma festa... Mas não podia ir, tinha de se dedicar aos treinos e, isso significava dormir cedo, acordar cedo e seguir sua rotina rígida de treinos. Não queria ir para casa ainda e não estava muito a fim de cozinhar. Decidiu ficar mais um pouco e olhar os outros artigos.

Observava um casaco branco com detalhes em lilás distraidamente, até que esbarrou em alguma coisa, só não caiu, dois braços fortes a seguraram pela cintura.

– M-Me desculpe, eu estava distraída. – falou se afastando da pessoa e olhando para o chão tamanha era sua vergonha.

– Sakuno? – A voz masculina perguntou, Ryoma arqueou a sobrancelha esquerda em uma expressão de pequena surpresa.

– Si-sim... – respondeu ainda encabulada, tomando coragem de olhar para o estranho. Seus olhos se arregalaram de surpresa. – Ryoma-san? É você, mesmo?

– Sim. –disse indiferente, mas sentia que aquele espaço vazio em seu peito era preenchido pouco a pouco.

O antigo prodígio da Seigaku não podia acreditar no que via, Sakuno estava um pouco mais alta, podia chutar quase 1,70m. Seus cabelos castanhos e longos estavam presos em uma única trança que lhe caia pelos ombros, os olhos continuavam iguais a imagem que havia guardado cuidadosamente em sua memória. Mas, além de estar mais alta, seu corpo estava diferente... E um diferente muito bom, aliás! As curvas haviam se acentuado ao longo dos anos e a deixaram levemente esguia, mas não tanto.

Já Sakuno não acreditava que aquele Ryoma que era mais baixo que ela no terceiro ano do colegial, estava muito mais alto agora e muito mais forte. Fora isso ele continuava igual, nem o corte de cabelo havia mudado, talvez a expressão e os traços do rosto que havia ganhado um ar mais maduro, mais masculino, porém, fora isso, até a expressão impassível continuava a mesma.

– Então, como vai? –Ryoma se surpreendeu, ao ouvir Sakuno iniciando uma conversa, ainda mais em um tom de voz que não demonstrava nem um traço de constrangimento. Quando àquela garotinha tímida havia sumido?

– Ahn... Bem e você? – A resposta do agora do não mais garoto, também a deixou estática. Era difícil Ryoma falar qualquer coisa com mais de uma ou duas palavras, ainda mais retornar uma pergunta com tanta naturalidade.

– É... Vou levando. – ela esboçou um belo sorriso.

– Ahn... Está na hora do jantar, quer comer alguma coisa? Eu pago. – Ryoma perguntou inseguro, sem esquecer de se dar um tapa mental.

O que o havia feito perguntar isso pra ela? E se ela dissesse não? Na verdade, nunca perguntava nada, mal dizia algumas poucas palavras. E não era do tipo de homem que convidava qualquer mulher para comer alguma coisa, ainda mais numa loja de artigos esportivos. Deveria estar focado no tênis, mas a pergunta deslizou com tanta naturalidade por seus lábios que só notou após tê-la feito.

Sakuno, por sua vez, tentava em vão articular alguma coisa, uma palavra, um som, qualquer coisa! Mas de sua boca não saia nem um “a”. Parou de tentar e respirou fundo, tomando coragem para responder. Podia-se dizer que estava no Paraíso de seus sonhos adolescentes. Durante toda sua vida ginasial e colegial havia sonhado com isso e, como num passe de mágica, seus sonhos de garota se realizavam justamente quando já havia se conformado com a ideia de que nunca mais veria Ryoma, a não ser em jornais e revistas. Decidiu ser o mais simpática possível, deu uma última inspirada.

– Claro! Eu adoraria. – respondeu, abrindo um grande sorriso que transbordava felicidade.

– Então, vamos. – o rapaz respondeu colocando a mão no bolso da calça. – Conheço um bom lugar aqui perto.

Saíram da loja andando um ao lado do outro apenas se olhando de vez em quando, sem trocar mais palavras. Enquanto caminhavam pelas ruas Ryoma esboçou um discreto sorriso, quase imperceptível. Agora tinha absoluta certeza: a Primavera realmente havia chegado.


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Notas finais do capítulo

Fic reescrita depois de mil anos... Beijos!