Sim, eu disse mesmo aquilo tudo. Sim, Joshua Neil Farro expressou seus sentimentos. Mas, pelo visto eu nunca mais ia fazer isso, Hayley foi embora, eu não tinha mais força para apertá-la contra meu corpo e obriga-la a ficar perto de mim.

   Fui deslizando pela parede até sentar completamente no chão. Eu estava sem ação. Como eu viveria sem Hayley? Eu não conseguia expressar mais nenhuma emoção, nem chorar, nem gritar, nem estraçalhar tudo o que visse pela frente, apenas ficava com a expressão fria e pálida.

   Eu não suportava o fato de ter que viver sem Hayley, me faltava ar. Meu universo girava em torno dela, em que eu me guiaria agora? Eu não tinha mais forças para nada, nem mesmo para me levantar daquele estado degradante em que me encontrava.

   Fiquei ali por horas e horas pensando em como seria minha vida daqui para frente, e o mais importante: o que seria da minha vida daqui pra frente.

   É impressionante como aquele ser tão pequeno tem tanto poder sobre mim e sobre minha vida. Ela chegou tão rápido, mas ao mesmo tempo roubou meu coração tão rápido. Suspirei.

   Duas horas depois, nenhuma lágrima sequer, isso era ruim... Muito ruim. Eu não conseguia mais expressar o que eu sentia, por mais que eu tentasse, meus canais lacrimais não queria cooperar. Tudo o que eu mais queria naquele momento era afundar minha cara em um travesseiro e me acabar de chorar, mas apenas não conseguia. Nem mesmo forças para me levantar dali eu tinha. Bom, a parte do que “eu mais queria” não é completamente verdade, porque o que eu realmente mais queria e precisava naquele momento era Hayley. Apenas ela.

   Ela me tiraria daquela escuridão que começava a se formar em minha vida. Ela me ajudaria a superar tudo isso, ela me daria forças para seguir em frente. O único grande problema era que a desgraçada da Jenna me fez parecer um completo idiota enquanto eu falava a verdade.

   Ah, Jenna. Jenna, Jenna, Jenna, eu nunca pensei que você fosse tão baixa e sem escrúpulos. Ah, Joshua, maldita hora para acreditar que as pessoas merecem uma segunda chance! Minha própria ingenuidade me irritava. Mas, eu não iria me vingar dela. Vingança era uma palavra que não existia no meu dicionário. Mas, mostrar a todos quem ela realmente é... Bom, isso já são outros quinhentos!

   Fiquei ali por muito tempo mesmo, só me levantei quando faltavam alguns minutos para os meus pais chegarem, e mesmo assim foi difícil reunir forças para sair dali.

   Fui me arrastando até meu quarto e deitei na cama. Fiquei olhando para o teto por muito tempo. Eu não sabia mais como viver sem ela ao meu lado.

   E assim foi a semana toda. Um clima tenso pairava sobre nós na hora do intervalo por nossos amigos serem os mesmos. Eu desviava meu olhar quando Hayley percebia que eu estava olhando para ela, e ela fazia o mesmo. E dias e dias se passaram assim, sem nem um avanço. Nossa relação não passava de “bom dias”.

   No meu fim de semana, decidi sair do meu estado de depressão. Bom, não foi bem isso. Eu apenas usei todas aquelas emoções daquele momento para escrever uma música.

   O refrão ficou algo como:

“Because I’ll never let this go But I can’t find the words to tell you I don’t want to be alone But now I feel like I don’t know you”

   E, de repente, me veio um estalo, uma banda! Lembrei do que minha mãe falou quando Hayley tava aqui cantando My Heart para mim. Mandei uma mensagem de texto para Jeremy no mesmo momento.

“Ei, cara, lembra que você disse que tava querendo montar uma banda? Então, eu tava precisando mesmo me distrair. O que me diz?” cliquei empolgado no botão de enviar.

“Cara, você lê pensamentos? Eu estava pensando nisso agora mesmo! Zac na bateria, você na guitarra, eu no baixo... E, ér, a Hayley podia ser do vocal, certo?” ele respondeu.

   Suspirei e digitei que não tinha nenhum problema, e que a gente nunca acharia uma pessoa com a voz melhor que a dela. Tentei parecer forte.

   Escrevi algumas músicas naquele final de semana, mas nenhuma delas ficou tão com como... A primeira. Percebi que ela precisava de um nome. Sei lá, podia ser “The words to tell you”. Hm, esse definitivamente não era um título bom. Eu iria pensar sobre isso.

   Eu ofereci minha garagem para a gente ensaiar. Jeremy aceitou. Desci até a garagem e vi um monte de coisas que nós não usamos. Arregacei as mangas e fui ao trabalho. Era muito coisa, e isso era bom, não que fosse bom, era apenas uma distração.

   Peguei umas caixas e coloquei uns nomes nelas, umas eram para dar, tipo uns brinquedos velhos meus e de Zac, e outras era para guardar, pois estavam cheias de fotos e tal.

   “O que deu em você que está arrumando tudo por livre e espontânea vontade?” minha mãe perguntou desconfiada com a mão na cintura.

   “Lembra quando Hayley estava aqui e você disse que a gente devia começar uma banda?” perguntei e minha mãe fez que sim com a cabeça. “Então, decidimos criar uma!” falei animado.

   Lembrei que eu tinha que falar com Zac sobre isso. Tirei minha camisa porque estava eu estava suando já. Subi as escadas correndo e fui até nosso quarto onde Zac estava “tocando” (lê-se fazendo barulho com) a bateria.

   “Ei, cara! Estamos numa banda!” falei empolgado entrando no quarto.

   “Estamos? Agora você decide as coisas por mim?” ele riu. “E, cara, vai colocar uma camisa! Precisa esnobar que você tem um tanquinho e eu não?” ele falou indignado e eu gargalhei.

   “Cara, é que ta calor, e eu estou ajeitando a garagem porque a gente vai ensaiar lá!” falei me abanando.

   “Sei bem! Tu só quer mesmo é mostrar esse seu corpo aspirante a fisiculturista!” ele falou bufando e eu ri mais ainda. Só Zac mesmo para me fazer rir em um momento desses. Ele era realmente um ótimo irmão.

   Sim, eu estava sofrendo ainda, mas essa coisa toda de banda estava me distraindo, mas eu imaginei como seria tenso nosso primeiro ensaio.

   Enfim, assim que terminei de arrumar a garagem, eu e Zac colocamos a bateria e uns equipamentos que a gente tinha lá. Nossa, pensei olhando em volta, aqui parece outro lugar!

   “Zaaaaaaaaac!” gritei embaixo da escada.

   “Fala, aspirante.” Ele gritou lá de cima me fazendo rir.

   “Vamos pintar aqui embaixo? Sei lá, eu estou hiperativo hoje...” falei pensativo. “A gente pode ir ali na esquina comprar a tinta” eu disse.

   “Se você colocar uma camisa, tudo certo!” ele disse.

   Coloquei uma camisa e fomos lá comprar a tinta. Fui conversando sobre coisas inúteis com Zac no caminho. Compramos uma tinta branca mesmo e fomos para a garagem.

   Depois de muito protesto de Zac, tirei a camisa porque eu não queria suja-la. Foi até engraçado ver sua cara irritada.

   Pintamos a garagem toda, fizemos guerra de tinta, mas até que ficou bom.

   Fui tomar um banho porque estava cheio de respingos brancos.

   E assim foi meu final de semana.

   Nosso primeiro ensaio seria na segunda. E eu estava receoso, mas empolgado ao mesmo tempo.

   Fui pra escola escutando música, como de costume. Estava meio frio, por isso acelerei o passo e cheguei lá um pouco mais rápido.

   Quando entrei na sala, notei um aluno novo, ele tinha cabelos cacheados e estava meio quieto escutando música sem se importar com os olhares. Ele parecia... misterioso?

   Quando o professor chegou, pediu para ele se apresentar para a turma. Ele levantou meio sem vontade e disse.

   “Hey, pessoal, meu nome é Taylor York.” Ele disse acenando e com um meio sorriso.

   Sei lá, fiquei intrigado sobre ele. Ele parecia meio deslocado, mas ao mesmo tempo não se importava com tudo o que ocorria ao seu redor. Eu iria falar com ele na hora do intervalo, me apresentar e tal, porque notei que ninguém havia sequer dado um ‘oi’ para ele.

   Quando o sinal bateu, ele saiu da sala tão rápido que nem ao mesmo tive tempo de me levantar da cadeira.

   Ok, eu falaria com ele depois.