.:: Narrado por Satoshi Ohno ::.

- Depende, com quem você quer compartilhar? – quando pensei, já havia perguntado.

Acho que a peguei de surpresa, me olhou com os olhos arregalados. De certa forma, torcia para que ela dissesse que era comigo, não queria ouvi-la proferir o nome de algum dos outros garotos da banda. Não era isso que eu deveria pensar, mas não abriria mão de conhecer melhor Mitsuki, conhecer sua mente. Queria saber como pensava, como enxergava o mundo. Era isso que eu queria.

- Na verdade, com qualquer um eu compartilharia meu quarto. Tê-los nessa casa já é muito gratificante, ter um de vocês dormindo na cama ao lado, seria melhor ainda. – Falou sem conter um grande sorriso.

Era exatamente o que eu pensava que responderia. Mitsuki parecia o tipo de pessoa que se alegrava com qualquer bobeira e que sempre via um lado bom das coisas por pior que fossem. Isso se esclarecia quando a via falar com a irmã, era líder.

- E então? Quem será?

- Como você é a líder do seu grupo...

- Ame – me interrompeu

- Não acho que vá chover...

- O nome do nosso grupo: Ame

Não pude acreditar, estávamos imaginando que teríamos de mudar o nome do grupo que escolheríamos, já que não tínhamos total certeza e a chance era zero de encontrar um grupo com nome que combinasse com Arashi. Mas esse nome combinava perfeitamente: Tempestade e Chuva!

- Combina com Arashi... – pensei alto

- Sim! Escolhemos por causa de vocês!

Mitsuki era realmente uma fofa, o olhar sonhador, o sorriso brilhante...

- “Como você é a líder de Ame...” – pediu que eu continuasse

- ... Nada mais simples e óbvio o líder de Arashi compartilhar seu quarto. Assim fica mais fácil comunicar as idéias de um grupo para o outro.

De repente, Mitsuki ficou branca. Será que ela me odiava e não tinha dito com quem queria dividir o quarto porque tinha medo de me magoar? Estava quase ficando chateado, quando vi seu rosto ficar vermelho vivo e exclamar:

- O quê? Sério? Então vou dividir o quarto com você?

- Sim – aquele tom de voz parecia ser... Ansiedade?

- Que bom! Saiba que você sempre foi uma inspiração, me espelho em você para ser líder da Ame! – falou entusiasmada – Que bom! Vou poder conversar com você todos os dias, inclusive à noite!

Ela era intrigante, cada palavra que dizia tinha um quê carinhoso. Acredito que se dissesse algo ruim, teria o maior cuidado com as palavras, seriam doces. E fazia isso ingenuamente, fazia parte de sua natureza. Se continuasse assim, ela seria minha inspiração, me espelharia nela.

- Já que vou dividir com você, queria saber se você quer tirar alguns dos pôsteres da banda das paredes. Creio que olhar para sua imagem toda manhã é meio... Assustador e parece narcisismo, não?

- Hm... Se você achar necessário... Eu realmente não me preocupo. Você gosta, é coisa de fã, certo?

- Sim... Mas... E o pôster no teto, tem problema? – corou violentamente.

Como assim? Que pôster no teto? Existe pôster até no teto? Vendo minha expressão confusa, tentou explicar:

- Ele cobre todo o teto... Certeza que não o viu?

- Certeza...

- Hm... Então, vamos terminar logo de enfaixar os ferimentos e daí te mostro o super-hiper-mega-ultra-gigante pôster do teto do meu quarto.

Afirmei com a cabeça e, como estava em um dos últimos arranhões, um bandeid resolveria o problema. Estava na última ferida, quando uma música começou a tocar. Seus acordes eram reconhecíveis: “Niji”, escrita por Nino. Mas a voz não era dele. Seria de Hikari? Um breve momento de silêncio, não se ouvia mais nada e então recomeçou, agora com duas vozes. Duas vozes que combinavam.

- Hihi, então ela estava tocando piano? Deve ter acontecido alguma coisa... – fez uma cara de preocupada – Será que aconteceu algo de errado?

- Por que diz isso?

- Ela não disse nada, mas sempre que está triste Hikari canta essa música... Já deve estar bem... Está cantando com o Nino, então, isso deve ajudar. Ela raramente permite que alguém cante com ela ao piano. Com exceção da banda, claro.

- Com certeza está bem, Nino-kun é super entusiasmado!

- Hehe... E então? Vamos?

- Claro.

Dirigimo-nos para o quarto e ela me apontou o teto. Foi então que percebi uma caricatura gigante de nós cinco do Arashi. Não era uma foto, era uma caricatura mesmo, feita de lápis grafite. Imagine o quanto deve ter demorado a terminar, se fosse eu, teria demorado mais de mês!

- Meu Deus! – notei uma assinatura – Você quem fez?

- Sim...

- Que perfeição! Realmente perfeito! Você sempre desenhou?

- Na verdade comecei a desenhar porque você desenhava...

Nunca havia sequer imaginado ser incentivo para algo. Eu o integrante de Arashi mais calmo, dorminhoco, despreocupado, mais velho. Ainda mais quando se tratava da arte, sempre a vi como um hobby que me fazia sentir bem. Entretanto, eu havia gostado disso, esperava que mais pessoas se identificassem e quisessem desenhar, dançar ou cantar.

- Muito obrigada, Mitsuki-chan.

- Hehe... Na verdade sou eu que tenho de lhe agradecer... Aliás, a todos vocês do grupo – seu semblante perdeu um pouco do brilho – Sem vocês eu não poderia esquecer o que aconteceu quando...

- MITSUKI-CHAN!!!!!!!!!! – Fomos interrompidos por esse grito estridente.

- Sim, irmã? – Mais que rapidamente ela havia retornado a felicidade natural.

- Hikari-chan e Nino-kun, tem ideias para a nossa turnê, apenas sugestões caso a gente vá com eles. Vem você também Satoshi, vamos!

Hana nos puxou para fora do quarto. Estava prestes a descobrir algo mais sobre Mitsuki, por que o mundo é tão cruel? Se tivesse chegado instantes depois eu não me preocuparia desde que desse tempo suficiente para me contar seu passado. E agora? Como faria pra ela me contar sobre algo que, está na cara, a machuca?