Mesmo parecendo difícil, agora eu estava calma o suficiente para ir para casa.

Ela tinha passado em sua casa onde Lyss e eu pegamos nossas coisas. Ela tinha acabado de deixar Lyss em sua casa, nós nos despedimos com um aceno e estávamos indo para a minha casa.

— Tem algo errado? Emm perguntou se virando para me fitar.

— Está tão evidente assim? — eu sorri timidamente.

— Não, não muito. 

Ela devia estar mentindo para que eu me sentisse melhor.

— Se não quiser falar sobre isso, não precisa. — ela me garantiu. — Vou ouvir, quando você quiser falar, se acha que isso pode ajudar.

Eu poderia simplesmente dizer obrigada, mais não precisa. Afinal, havia tantos segredos, tantas coisas, eu não poderia discutir meus problemas com ninguém.

E, no entanto uma intensidade estranha e súbita, era exatamente o que eu queria naquele momento. Queria conversar com uma amiga, como garotas normais fazem, queria esquecer esse mundo de lobos e vampiros, e meio vampiros.

Queria me lamentar um pouco, como qualquer outra adolescente. Queria também que meus problemas fossem simples.

— Ok, eu vou deixar você a sós com seus pensamentos. — ela prometeu voltando a olhar fixamente a estrada.

— Não, err... você tem razão, é que é tão complicado, não queria te aborrecer com os meus problemas. — eu disse.

— Nessie, qual o problema? — ela perguntou, olhando para mim de novo.

— Eu só estou angustiada. Sabe, meus pais são bem protetores, e eles não iriam gostar nada de saber sobre isso.

Ela afagou minha mão.

— Eles vão superar isso, eles vão ver o quanto você está feliz ao lado do Jake.

Eu sorri fraco.

— Espero que sim.

— Você o ama muito, não é?

— Sim, demais. — eu concordei.

— Seus pais gostam dele, mais deve ser difícil em uma situação como essa. Fico me perguntando como eu lidaria com isso. — refletiu ela.

Dei um meio sorriso.

— Provavelmente, como eu, você iria ficar louca.

Ela sorriu.

— Bem provável.

Ela mudou de assunto. Emm não parecia o tipo de pessoa que xeretava a vida das pessoas. Ela era uma pessoa muito fácil de conviver.

Emma’s POV

Nessie parecia realmente abalada, depois de tudo aquilo que a Leah disse. Eu podia até não conhecer Leah muito bem, mais pelo pouco que conhecia, percebi que ela não era uma pessoa muito fácil de conviver.

Nós passamos sobre a ponta do rio Calawah, pegando a estrada que ia para o norte, as casas passando por nós. Então passamos por outras casa coladas umas nas outras, dirigindo na direção da vasta floresta.

Eu estava seguindo suas instruções pelas ruas, que agora começavam a ficar escuras quando ela me disse para virar e entrar numa estrada sem pavimento. Não havia sinalização, ela era praticamente invisível entre as árvores.

A floresta se estendia pelos dois lados, deixando a estrada á frente visível discernível apenas por causa de umas curvas em formato de serpente, ao redor das árvores antigas.

E então, alguns quilômetros a frente, havia algo brilhando por entre as árvores, e então de repente apareceu, um quintal?

A casa era antiga, graciosa, e tinha provavelmente uns cem anos. Era pintada de um branco suave, tinha três andares, era retangular e bem proporcionada. As janelas e portas faziam parte da estrutura original ou de uma restauração muito bem feita.

— Ual. — eu disse absorta.

— Você gostou? — ela sorriu.

— Ual. — foi só o que consegui dizer.

Nós caminhamos pelo longa entrada. A porta se abriu, a mãe dela saiu sorridente.

— Estava com saudades. — ela abraçou Nessie.

— Eu também. — Nessie disse.

— Emma. — ela me abraçou também. — Não quer entrar? — ela perguntou.

Nessie segurou minha mão me puxando para dentro.

— Ok. — sorri desajeitada.

Por dentro era ainda mais surpreendente. Era muito clara, aberta, e grande. O fundo, virado para o sul era comberto por vidros, e , além da sombra das árvores, o quintal terminava num rio enorme . Uma escada gigantesca ficava no lado oeste da sala.

— Emma, estes são meus “tios” Dr. Carlisle Cullen e Esme. — ela apontou.

Dr. Cullen era de uma perfeição ultrajante,  ele era jovem, loiro... e muito bonito. Ao lado estava Esme, tinha o mesmo rosto pálido, no formato de coração, cabelos com cachos em uma cor caramelada. Eles deram um sorriso de boas vindas.

— Olá. — eles disseram juntos.

— Meus tios, Alice e Jasper. — ela continuou.

Alice tinha cabelos pretos e curtos, pele branca, ela era baixa e magra. Jasper era alto e loiro, assim como os outros muito bonito.

— Oi, Emma. — Alice disse animada.

— Olá. — o loiro, Jasper disse.

— Oi. — foi só o que eu consegui dizer.

— Estes são Rosalie e Emmett. — ela disse.

Emmett era alto, tinha cabelos pretos e era muito forte, parecia pesar bem mais de 100 quilos, ele era de dar medo. Rosalie era loira, linda, um corpo escultural e muito bem vestida.

— Oi. — Emmett disse balançando a mão animadamente. Rosalie acenou com a cabeça.

— E é claro meu “pai”. — ela disse, fazendo aspas com as mãos.

Edward, o “pai” dela, claro. Lindo, magro e alto, seus cabelos bronze bagunçados e sua roupa impecável, ele sorria amavelmente.

— Olá. — ele disse.

— Olá. — eu sussurrei.

— Venha Emm, vamos conhecer meu quarto daqui.

Ela me puxou pela mão escada acima.

— Como assim, você tem um quarto em algum outro lugar? — eu perguntei.

— É, nós temos um chalé do outro lado do rio.

— Um chalé? — eu perguntei de novo.

— Sim, mais meus pais disseram que meus tios nos visitavam demais, e o chalé ficava abarrotado, então viemos para cá, a casa tem muitos quartos, então tanto faz.

Ela deu de ombros e abriu uma grande porta branca.

— Bom, esse é o meu quarto.

O quarto era enorme, pintado em uma cor clara, palha. Havia uma parede em um tom curioso, romã? Não sabia ao certo. Uma cama de casal azul e uma mesa de cabeçeira, encostadas na parede.

Em cima da cama havia um painel com alguns desenhos, fotos dela e do Jake, e dela com a família.

No meio do quarto pendia um lustre enorme de vidro. Haviam algumas janelas, também grandes.

Do lado direito havia uma estante muito grande cheia de livros quadros e bonecos. Ao lado havia uma mesa com um computador e uma cadeira de acrilico na frente.

— Nossa. — eu disse abrindo a boca em um “O”.

— Sabe, você é a primeira a entrar aqui.

Ela disse rindo, eu só consegui me sentir muito lisonjeada por isso.

Renesmee’s POV

Era a mais sincera verdade, nunca antes algum “amigo” havia entrado no meu quarto, eu não conseguia nem pensar em expor minha família assim, mais ela era confiavel.

Pelo jeito como Seth olhava para ela, certamente logo ela saberia sobre essa loucura de lobos vs vampiros. Eu não pude deixar de rir.

— Bom, eu acho melhor eu ir para casa.

Ela disse se virando para a porta.

— Tem certeza que consegue achar a rodovia sozinha? — eu brinquei.

— Claro, não é tão dificil assim.

— Eu te levo até a porta.

Eu disse saindo do quarto, ela me seguiu silenciosamente até a sala. Somente meus pais estavam lá, eles estavam sentados no sofá vendo o noticiário.

— Boa Noite Sr. E Sra Cullen. — ela disse se despedindo.

— Boa noite. — meu pai disse.

Minha mãe se levantou do sofá e veio até nós.

— Venha nos visitar mais vezes Emma. — ela disse.

— Claro. Boa noite. — Emm disse saindo.

Eu fiquei na varanda enquanto ela saia, depois entrei.

— Então como foi o almoça na casa da Emily? — ela perguntou quando eu cheguei.

— Ótimo. — eu dei um meio-sorriso. — Charlie e Sue mandaram um beijo, assim como Emily, Sam e Billy.

— Tudo bem. — ela parecia notar minha falta de interesse no assunto.

— Eu, eu vou tomar banho. — eu disse já subindo as escadas.

Fui direto para o meu banheiro, tranquei a porta e tomei um banho quente e demorado.

Quando sai, minhas pernas já estavam exaustas, eu mal consegui chegar a cama. Encostei em uma das paredes e escorreguei lentamente até me sentar ainda de toalha.

O chão gélido contra minhas pernas parecia aliviar toda a tensão que existia em mim. Continuei assim, sentada no chão, com a cabeça reclinada para cima fitando o teto por um bom tempo.

Quando finalmente sai do meu estado letárgico, percebi que estava chorando.

Eu estava chorando não só pelas ameaças de Leah, mais também a ameaça dela no meu relacionamento com Jake, eu tinha medo que um dia, ele visse que eu não valia a pena, e decidisse ficar com ela.

Meu soluços altos pareciam ecoar pelo quarto, agora triste e escuro. Senti dois braços, gélidos e duros como mármore me aconchegarem.

— O que aconteceu Renesmee?

— Mãe. — foi só o que eu consegui dizer antes de começar a chorar de novo.

— Me conte, vamos resolver isso, juntas. — ela prometeu.

— Não foi nada. Eu só estava com saudades. — menti.

— Filha. — ela disse afagando meus cabelos.

Ela me levantou, eu coloquei meu pijama e ela me deitou na cama, e depois se sentou do meu lado.

Eu cai no sono rapidamente, exausta.