Contos de Um Coveiro escrita por chibi_cold_mari


Capítulo 12
O menino do bilhete




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Fui andando pela cidade suja e poluída.Era incrível como era evidente a desigualdade ali,as cores e realidades se chocavam no subúrbio e na parte nobre.

Se de um lado flores ornamentavam a entrada de uma grande mansão,do outros fores apodreciam em garrafas de vidro nas janelas.

Sim,aquela cidade era estranha.Porque ao contrário do que você pode imaginar a maioria dos crimes eram cometidos por nobres.

Parecia que se cansavam de suas vidas agitadas com suas festas,bebidas,dinheiro e sorrisos.Então procuravam por corpos,e lá encontravam uma verdadeira diversão.

Órgãos,membros,corações...Tudo ali para ser retirado e acompanhado de uma boa dose de sangue.”Como vampiro sedentos,eles procuram sangue por diversão”

“Cheguei”Pensei eu ao ver o portão enferrujado que separava o prédio da rua.

Tinha letras sujas,mas ainda assim revelava seu nome com orgulho:”Orphanato Ophispring”.

Sim,eu entrei.

Dirigi-me a mesa descascada que atendia com o nome de recepção.Lá uma funcionária me olhou e não gostou do que viu.

-Procuro por Elliot Stanford.

Dito isso o garoto que me observava saiu correndo.

-Ele acabou de sair correndo.O que você deseja com ele?Olha,se for um daqueles caras que procuram por garotos para aquelas boates...

-Não!...Bem,é que eu vim fazer o ultimo pedido de um homem...

-Ele parecia com este?

Ela me entregou uma foto amarelada e desbotada.E mesmo em preto-e-branco eu pude

reconhecê-lo.

-Sim,é ele.

-Então pode levá-lo.

A mulher pegou o garoto,apontou para mim e disse algumas palavras.Ele abaixou sua cabeça e foi pegar sua mala.

-Ele já volta.Não se preocupe com a papelada.Ele já cuidou de tudo.

-Sim.

“Como assim “já cuidou de tudo”?”

O garoto voltou e parou em frente a mim.Assim pude examiná-lo melhor.

Ele aparentava ter uns 15 anos.Tinha cabelos pretos e lisos que batiam em seu pescoço e ofuscavam seus olhos castanhos claros.

Sua aparência era doentia:pele pálida,com lábios rachados,olheiras profundas,além de estar magro demais.

-Quantos anos você tem?

-16.

Ele não aparentava ter aquilo,era baixo demais.Talvez fosse a péssima alimentação que recebia ali.

O garoto ficou quieto durante todo o trajeto.Não fez perguntas,não falou nada.

-Chegamos.

Disse eu ao abri a porta de casa.Mesmo estando dentro de um cemitério,ele não se impressionou.Talvez porque minha casa fosse grande e bem mais aconchegante do que aquele orfanato.

Minha casa não é uma mansão,e nem muito menos uma cabana.Ela tem 2 quartos:um meu e outro que ficava vazio a espera de visitas.

-Este é o seu quarto.

Disse eu ao abrir a porta daquele quarto inabitado.

Ele sentou na cama,observou o quarto...E finalmente disse uma frase concreta.

-Sabe...Aquele homem que você enterrou...

-Era seu pai?

Ele riu com certo sarcasmo.

-Meu irmão.Minha família morreu há muito tempo.


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