Não tão querido diário,

Vejo a luz. A famosa luz. Mas...que tal luz é essa mesmo?

Eu nunca fui uma heroína ( nem de uma história nem de alguém- se é que me entende, no sentido vicioso da coisa), mas me orgulho de não ser vilã. Aliás sou uma grande vilã, diabólica, fria , calculista, cruel. Como você, diário, e como todos os outros. Cada um que vive ou passa pela vida é vilão de si mesmo, e eu não fugi, fugirei ou pretendo fugir dessa regra.

Logo eu, que nunca quis quebrar regra alguma....logo eu? Eu...eu nunca fiz nada de mais, nunca fui a melhor aluna, nem a pior; nunca tive  grandes talentos, fiz tudo direitinho, sabe?! Eu sempre achei minha cabeça estranha, cheia de histórias que nunca existiram, cheia de vidas que nunca nasceram --- mas aí elas nunca vão morrer!---qual o problema com a ilusão?É  isso que eu penso, uma ilusão não ilude você,  é uma verdade que passa – COMO TUDO- e aí vem toda a melancolia....

“Luz, me espere!”

A luz não gosta de melancolia, já percebi,  mas onde estávamos diário?

Ah, a melanco- quer dizer, a minha vida. A minha  não senhor, a nossa. Todos nascem, crescem e blá blá blá. Me peguei pensando um dia desses se a minha vida daria um livro, e não daria.Mas pensei ,pode ser um panfleto, mas seria um daqueles anúncios que você, diário, certamente já está cansado de ver – no seu caso de ler- então, não seria muito interessante.

Mas um dia a vida muda! Ah, pode apostar, e muda para todos, viu?! Finalmente uma cena de novela, até que enfim....

“Sinto muito, nós fizemos o que foi possível...”  - foi o que ele disse, lágrimas foi o que eu ouvi.

Lágrimas...pior seria sem elas, egoísmo eu sei, mas...

“Luz, me espere” – ela não me esperou e correu a danada brilhando, palpitando na escuridão profunda.

Segui.

     Morri.

         Segui.

                 Alcancei! 

                                Alcancei?

E vocês não acreditam o que eu vi depois da luz no fim do túnel...