A Rosa Branca escrita por Dreamer


Capítulo 1
Sassame


Notas iniciais do capítulo

Yu Yu Hakusho e seus personagens não me pertencem.



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“27/3+raiz72-5^3...”

O dia estava abafado e quente. O suor escorria da sua testa até o queixo, desenhando o contorno delicado do seu rosto. Seus grandes olhos negros encaravam os números, já cansados. Havia visto muitos números durante meses.

Fatigada pelo cansaço e calor, sentiu uma tontura leve, piscou preguiçosamente.

“O que? O teste!”, murmurou interiormente, percebendo que quase havia adormecido em cima das temerosas folhas e papel cuja existência a assombravam há semanas.

“42+896...x2...x Integral(1/x)...+5...”

As ondas de energia a sua volta foram crescendo e a foram envolvendo em forma de jatos avermelhados, que corriam à sua volta. Secou o suor com a manga da blusa, sentindo um calor ainda mais intenso.

“Será que eu estou doente?”, indagou-se zonza...

...

“O teste!”, assustou-se, notando que quase adormecera novamente.

Era isso, estava doente. Só podia estar doente.

Naquela sala, parecia que ninguém compartilhava de seu tormento. O dia quente e abafado era na verdade uma tarde amena e agradável, cujas pétalas de cerejeira despencavam lá na rua enquanto as crianças brincavam aproveitando o bom tempo.

Secou o suor mais uma vez. Ainda faltava metade das questões.

Era aquilo, indo bem ou mal, ia acabar daqui uma hora. Enfrentaria a derrota de maneira digna. Mesmo que muitos estivessem torcendo por ela, não podia fazer nada se estava se sentindo tão mal.

“Muitos torcendo por mim?”, perguntou-se num tom amargo. Estava prestando aquele vestibular por ela e apenas por ela. Bem, tanto melhor, menos pessoas para sentirem sua derrota.

Encarou novamente as contas.

O lápis, que riscava os espaços vazios fazendo cálculos, ficava cada vez mais fraco.

As linhas finas pararam e seus olhos se fecharam mais uma vez. Uma onda de calor imensa a envolveu. Sua energia estava queimando.

“O teste!”, acordou. Dessa vez, havia encostado sua testa na carteira. Secou o suor.

Ninguém naquela sala compartilhava de suas sensações. Mas ela não era a única dispersa da prova. Olhos verdes intensos passaram a observar a cada dispersão de energia que seu corpo propiciava. Observou o rosto suado e febril da garota, o olhar cansado que fitava bobamente a prova.

Mais uma vez, ela adormeceu e dispensou uma quantidade imensa de energia.

“Mas, quem é ela?”, perguntou-se intrigado. Voltou-se para sua própria prova. Como Kurama estava curioso, mas tinha que se conter dentro da imagem de Shuuichi Minamino e resolver o seu teste como qualquer aluno humano naquela sala que não tinha capacidade espiritual para perceber o que estava acontecendo.

Foi respondendo as questões, sensitivamente atento as alterações de energia da garota.

Depois de cada dispersão, sua energia voltava a ser semelhante à de um ser humano fraco. Mas, depois da quarta vez, Kurama percebeu: a energia que explodia dentro do corpo dela, como um ser indomável tentando se libertar, era dispersa até adquirir a energia original e fraca de uma garota humana. Depois disso, a energia voltava a crescer. Mas, a cada dissipação, a garota voltava com uma energia inferior que a das últimas vezes.

“Desse jeito ela vai acabar desmaiando, ou até morrendo”, concluiu o Youko. “Quem será ela? Não pode ser uma humana comum”.

E houve a quinta vez. O professor na sala levantou o olhar de suas anotações e encarou o rapaz de cabelos avermelhados que levantara repentinamente para apanhar no ar a garota que acabava de desmaiar.

Todos na sala se voltaram para ver o que havia acontecido.

O jovem Shuuichi observou a garota, estava trêmula. Seu rosto que antes tinha um aspecto febril agora estava pálido e gelado. Ele a deitou no chão enquanto o professor se aproximava deles a passos largos.

––Voltem para as suas provas!––ordenou ele.

Todos na sala pareceram ter acordado de um transe e voltaram-se para suas folhas como se elas fossem as razões de suas existências, com exceção do jovem de cabelos ruivos que se sentou calmamente e observou os passos do professor.

O homem pegou a garota no colo e foi até a porta. Alguém que estava no corredor se adiantou e a apanhou. Kurama pôde ouvir os passos apressados se distanciando no corredor.

O professor voltou até o centro da sala e pegou o teste da garota que estava no chão.

Os olhos verdes se pousaram sobre a letra delicada e apressada: Sassame Yamaguchi.

Seja lá o que aquela garota tinha, não poderia ser curado através de medicina humana. Kurama não acreditava que pudesse fazer muita coisa com os conhecimentos que tinha, mas percebeu que era sua obrigação para com o mundo espiritual observar aquele caso de perto.

Fechou sua prova e se levantou entregando-a ao professor.

oOoOo

––Keiko! Kuwabara!––chamou o sempre animado Yusuke, acenando.

––Ah! Yusuke!––exclamou Keiko. Depois da volta de Yusuke do mundo das trevas ela não ficava nada feliz em ficar muito tempo longe do detetive espiritual, mesmo que ela fizesse questão de não deixar isso muito claro.

––Urameshi...––cumprimentou Kuwabara aparentemente desanimado.

––Ih! Que que foi? Que cara é essa?––perguntou Yusuke.

––Ele foi mal no teste––explicou Keiko.

––Agora só tenho mais duas chances...––comentou, se referindo as duas outras faculdades para qual ia prestar exame.––Ah, Yusuke, sabe quem também está fazendo prova?

––O Kurama, foi com ele mesmo que eu vim falar.

Keiko soltou um olhar torto para ele.

––Ah! Mas eu também vim para ver a minha gracinha!––disse abrindo os braços como se esperasse um grande abraço, na expectativa de reparar o seu pequeno erro de não ter falado dela antes.

Ela continuou com os braços cruzado e deu as costas para ele.

––Mas, o que foi? Tem algum problema?––perguntou o desanimado amigo.

––Não, não, eu só vim trazer um recado da Botan.

––O que aconteceu?––falou Keiko se voltando para ele novamente.

––Parece que ele tem que vigiar alguém por aqui. Acho que não é nada demais. Sabe o q q é? Só estou fazendo esse grande favor para a Botan porque parece que as coisas estão muito atrapalhadas lá no mundo espiritual, e ela me pediu para passar o recado, só isso. E já que eu tinha que vir aqui para ver o meu amorzinho––continuou se voltando para Keiko com os braços abertos.––não ia fazer mal nenhum eu ajudar, não é não?

––Que ótimo, de procurado do mundo espiritual você virou garoto de recados––zombou Kuwabara.

––Yusuke! Kuwabara!––chamou Kurama, se aproximando.––Yusuke, eu não sabia que você iria prestar exame também––comentou no seu sempre educado tom.

––Eu não prestei não. Eu vim para ver o meu amorzinho––e se virou para Keiko, incansavelmente, agora fazendo biquinho.

––Ele tem um recado para você, Kurama––anunciou Keiko friamente.––Vou para casa, tchau Kuwabara, tchau Kurama––despediu-se dos dois, fazendo questão de nem olhar para Yusuke.

––Ei Keiko! Espera aí que eu te levo pra casa!––gritou, mas ela continuou andando sem olhar para trás.––Não é mole não...––então, subitamente se voltou para Kurama para dar o recado o mais rápido possível, ainda pretendia alcançar Keiko e faze-la mudar de humor: ––Seguinte, o Koenma disse que tem uma garota aqui na cidade que tem uma energia maligna. Basicamente você tem que ficar na cola dela pra sacar qual que é a dela––vendo que Keiko já estava há três quarteirões dali, gritou: ––Aaaah! KEIKO ME ESPERA! Vouládepoisagentesefala!

Saiu correndo desatinado pela rua atrás de Keiko. Kurama sorrio e Kuwabara olhava para Yusuke, ainda desanimado.

––Mas que coisa, ele nem deve ter dado o recado inteiro.

O Youko sorriu:

––Não tem problema, eu já sei de quem ele está falando.

––Já sabe é?––perguntou Kuwabara levemente surpreso.

Kurama sorrio gentilmente, mais uma vez, em resposta:

––Sim, já.

––Bom, eu vou para casa estudar––murmurou o desanimado Kuwabara.––Até mais ver, Kurama.

––Kuwabara.

––O que é?

––Eu fiquei sabendo que Yukina está morando com Genkai novamente, parece que ela voltou já faz alguns dias––comentou esperando animar o amigo.

Yukina havia voltado para o mundo das trevas por uma semana, ninguém sabia bem o motivo, mas todos atribuíam a atitude dela à freqüente permanência Hiei naquele mundo e ao seu distanciamento dela.

“Mas quem diria que ela percebia a presença do irmão próximo de si?”, pensou Kurama.

A notícia teve, como esperado, um efeito avassalador no ânimo de Kuwabara:

––YUKINA VOLTOU? Bom, acho que então eu vou dar uma passadinha lá no templo da mestra, antes de ir para casa––afirmou com um sorriso de orelha a orelha.––A gente se vê Kurama! Obrigado pela notícia, heim!

––A gente se vê––despediu-se gentilmente.

Assim que Kuwabara deu as costas. Kurama voltou os seus pensamentos para Sassame, a garota que deveria observar. Aquela energia que ela dispensava era muito familiar...



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