Um balanço constante machucava o canto de minha coluna vertebral, me deixando incomodada. Parecia que ninguém entendia que eu só queria dormir, provavelmente estava com tanto sono assim por causa de alguma noite mal-dormida.

O pouco sol que passava pela janela iluminava meus olhos, me deixando um pouco mais irritada. Virei para um lado, piscando ainda de olhos fechados.

“Ela ta acordando!” Falou uma voz conhecida, pelo que me recordo seria Emily. “Clair, Você está bem? Gente, acho que ela está meio pálida...”

“Ah, claro, com a sua cabeça gigante na frente dá pra todo mundo ver muita coisa...” Retrucou Rachel, como de costume. Eu sentei, com a mão na cabeça.

Abri os olhos, vendo tudo embaçado. Estava no carro de tia Alice, Emmett dirigia em sua velocidade anormal de sempre, Rach e Emm estavam ao meu lado e minha mãe sentava do lado de meu tio. Ela olhava para mim, muito preocupada.

“Clair, você está bem?” Ela perguntou, segurando meu braço. Franzi as sobrancelhas, não entendendo o que acontecia.

“Sim... Com um pouco de dor na testa, mas estou ótima... Onde estamos? O que aconteceu?”

Até que minha fixa caiu. Não tinha passado uma noite mal-dormida em minha confortável casa, ou mesmo estudado tanto na casa de Rachel que acabei dormindo por lá mesmo.

Estava, até onde me lembrava, na Volterra, conversando com Aro, em seu castelo. Sentei direito, arregalando os olhos e não deixando ninguém falar.

“Mãe!! Tio Emmett! Vocês estão bem?? Eu tive que sair correndo, Carlisle mandou eu ir para o Porshe bem quando estavam lutando com...”

“Fica calma, garota!” Riu Emmett, ainda dirigindo. “Cara, você parece sua avó Bella! Essas coisas de genética são muito tensas...”

Nessie bateu nele, sorrindo mais tranquila de me ver bem. “Querida, você fez a coisa certa... Ou melhor, quase.” Me olhou severamente e eu encolhi no banco, já prevendo a bronca. “O que você tinha na cabeça de ir falar com os Volturi pessoalmente?? Carlisle te deu a ordem de vocês voltarem direto para Forks, não?”

Mexi em meus dedos, corando um pouco. “Eu sei, mas tinha que resolver tudo se não...” Levantei a cabeça, o rosto visivelmente em dúvida. O que exatamente aconteceu, aliás?”

“Você apanhou. Pra variar.” Rachel falou, cínica. Emily revirou os olhos, ignorando a loba.

“Apesar de negar o fato, Aro tentou te prender de novo, mas Carlisle, Alice, Jasper e eu entramos neste momento e terminamos a conversa. Rosalie ficou ajudando Emmet fora do castelo e sua mãe ficou com a cachorra pra não se perder” Disse, olhando Rach com o canto do olho.

Ainda não estava satisfeita. Apesar de todos já fazerem pequenas brincadeiras aquilo não era bom o bastante para mim. Elas entenderam.

“Nós quase não conversamos. Só aparecemos porque precisávamos te pegar para te levar para casa. Garantimos mais uma vez que você não era perigosa ou outra coisa qualquer e aceitamos o combinado de que voltaríamos algum dia para uma visita. Ah, e prometemos que você não falaria nada sobre os vampiros.” Terminou minha amiga, me deixando mais calma.

“Certo...” Falei, absorvendo a realidade. “E onde estão os outros?”

Emmett revirou os olhos, sorrindo. Minha mãe respondeu. “Estão em um vôo, fique calma, você levou uma pancada muito grande na cabeça. Devia estar dormindo até agora.” Voltou a me olhar severamente. “E quando chegarmos em casa teremos uma conversa séria, viu, mocinha...?”

Ri um pouco, passando a mão pela testa machucada. Olhei pela janela, vendo a bonita paisagem pouco montanhosa. Estávamos chegando.

Uma onda de felicidade invadiu meu corpo quando pensei em quem poderia ver. Meu pai, minha avó Bella, meu avô Edward e...

Seth, é claro.

Um sorriso largo se formou em meu rosto e eu nem liguei para Rachel e Emily ao meu lado, que discutiam sobre provavelmente algo não importante.

Como é possível cada pequena gota de água nas árvores serem tão importantes para fazer um cenário bonito? Os pequenos raios de sol que passavam insistentes pelas escuras nuvens refletiam nas gotinhas, dando uma sensação de que tudo estava bem.

Tudo estava bem? Não sei, preferia não pensar. Para mim aquele momento estava bom, estava tranquilo. Quando chegasse em casa e caísse nos braços de meu namorado estaria perfeito.

Agora amanhã...

Amanhã é outra história. É outro caminho. É como tentar saber se no aumento da chuva os rios vão transbordar ou se no final da seca os mares vão ser somente sal.

É imprevisível.

E adorava que fosse assim.